Jabour: “O PCV é a oposição revolucionária ao governo de Maduro”

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TRIBUNA POPULAR – Ante o chamado a “reformatar” o denominado diálogo nacional que o Governo de Nicolás Maduro fez, Yul Jabour, dirigente nacional do Partido Comunista da Venezuela (PCV), expressou que tal diálogo “não pode se tratar apenas de se sentar unicamente com aqueles setores da oposição com os quais o Governo pode compactuar, como já fizeram no México”

Na opinião do PCV, é necessário que sejam ouvidas as opiniões e ideias dos demais e diversos fatores políticos e sociais em todos os âmbitos da sociedade, incluindo aqueles que possuem propostas genuinamente revolucionárias. Nesse sentido, Jabour afirmou que “o PCV é a oposição revolucionária, frente aos atores da social-democracia no Governo e também frente à oposição de direita”, e deve ser incluído no diálogo para que este seja verdadeiramente nacional.

Jabour, membro do Burô Político do partido comunista, recordou que o partido do Galo Vermelho foi parte da aliança que apoiou a candidatura de Maduro à reeleição sobre a base de um acordo unitário que jamais se cumpriu. O Governo, recordou Jabour, “longe de buscar por uma base programática que permitisse continuar avançando em um projeto de independência econômica, optou por implementar uma série de políticas reacionárias que significaram um retrocesso nos direitos e conquistas do povo trabalhador”

A economia venezuelana, assegurou Jabour, continua sendo tão débil, dependente e pouco desenvolvida como no passado “Pacto de Punto Fijo”[1]: “Na atualidade, seguimos tão dependentes como há quatro décadas. Só exportamos petróleo e matérias primas; não há desenvolvimento produtivo nem industrial, nem diversificação da economia”. Mas, além disso, acrescentou, existe hoje toda uma política destinada a pulverizar e desaparecer com os direitos dos trabalhadores, seus salários, seus benefícios sociais e aposentadorias, enquanto se privilegia aos empresários importadores com a extensão dos impostos.

“Criticamos as medidas do atual Governo de corte liberal e imediatista; seus anúncios são pura propaganda sem efeito real nas condições de vida do povo. Vimos isso com o aumento salarial fraudulento, que se disse que estaria ancorado ao petro, o que resultou ser mentira; só implementou um incremento de 130 bolívares que não chegam a cobrir uma cesta básica cujo custo supera 300 dólares”, explicou Jabour. A respeito das posturas do PCV que o Governo tergiversa nos meios e qualifica como “dogmáticas”, Jabour desmentiu que o PCV se negue à participação privada na recuperação econômica. “O PCV considera indispensável a aliança com o setor privado, mas não por isso apoia a destruição dos direitos dos trabalhadores. Não propomos uma estatização geral, senão um desenvolvimento econômico soberano e digno, e para isso é crucial que o setor privado participe”, esclareceu.

O PCV desenvolve na atualidade uma campanha para exigir que se cumpra o artigo 91 da constituição nacional, de maneira que o custo da cesta básica seja referência para o cálculo do salário. “Estamos impulsionando dois projetos de lei para indexar o salário ao custo da cesta básica e para recuperar o valor dos benefícios sociais. Não se trata só de recolher assinaturas para apresentar estas propostas de lei, mas sim de gerar um grande debate com os trabalhadores, com os sindicatos de base que estão sendo perseguidos, para impulsionar estratégias conjuntas para o resgate salarial”, concluiu Jabour.

Via: https://prensapcv.wordpress.com/2022/04/12/descarga-ya-esta-disponible-la-edicion-n-3028-de-tribuna-popular/

[1] O Pacto de Punto Fijo foi um acordo político firmado em 31 de outubro de 1958, entre os três grandes partidos burgueses venezuelanos – a Acción Democrática (AD), a Unión Republicana Democrática (URD), e o democrata-cristão Comité de Organización Política Electoral Independiente (Copei). O propósito do acordo era assegurar a estabilidade política do país, após a derrocada da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, a alguns meses das eleições, marcadas para dezembro do mesmo ano. Seus efeitos se fizeram sentir até o início dos anos 1990. Evidentemente, esse “pacto democrático” combinou-se à proibição do Partido Comunista da Venezuela.

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