A guerra de informações do governo Zelensky

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Novo exemplo de guerra de informação do regime Zelensky

ODIARIO.INFO

Eric Denécé, Olivier Dujardin e Alain Charret
Centro Francês de Investigação sobre Informação (coletivo)

No início de julho [1 ], o Centro de luta contra a desinformação, órgão do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia (CNSD), publicou uma lista de 78 personalidades internacionais que acusa sem provas de serem retransmissoras da propaganda russa . Este documento, intitulado “Oradores que promovem narrativas de acordo com a propaganda russa” só está acessível no site do CNSD e não está traduzido [2 ].

Ainda mais astuciosamente, os operadores do Centro de luta contra a desinformação não escreveram essa lista da maneira clássica no seu site, mas colaram a imagem de um texto escrito off-line. Assim, esta lista não é tida em conta pelos motores de busca de Plain Text (por ser apenas uma imagem), provavelmente para que as pessoas visadas não saibam da sua existência. Além disso, o fato de ter colado uma imagem em vez do texto não permite o uso fácil do reconhecimento de caracteres e, portanto, a tradução automática. É, portanto, um ato deliberado de dissimulação de uma ação de Naming and Shaming (nomear e envergonhar) tal como os norte-americanos gostam de praticar, muitos dos quais assessoram a equipe de Zelensky na comunicação.

Estamos, portanto, na presença da designação pelas autoridades ucranianas de indivíduos cuja liberdade de expressão, análises e eco midiático os incomodam porque vêm desafiar a narrativa instalada por Kyiv e seus assessores da OTAN no contexto do conflito com a Rússia. Como desde há cinco meses vimos constatando, qualquer opinião ou análise que não corresponda à versão dos fatos que Kyiv quer impor é imediatamente qualificada como pró-Russa. Uma tal prática consiste plenamente num atentado à liberdade de expressão, ou mesmo um incitamento ao ódio, porque estamos no direito de nos interrogar qual o objetivo pretendido pelas autoridades ucranianas ao divulgar tal lista…

As 78 personalidades citadas neste documento pertencem a 21 nacionalidades diferentes. Entre as mulheres e homens listados – para sua grande surpresa – estão políticos de alto nível – nomeadamente o ex-presidente brasileiro Lula –, deputados e senadores, membros proeminentes de partidos políticos, antigos diplomatas, antigos militares – como o Chefe do Estado Maior da Força Aérea Italiana, General Leonardo Tricarico –, antigos membros da CIA – nomeadamente Graham Fuller, Ray McGovern e Paul R. Pillar –, reconhecidos especialistas em política internacional – os norte-americanos Edward Luttwak e John Mearsheimer, o holandês Martin Van Creveld –, economistas famosos – nomeadamente Jeffrey Sachs –, um antigo inspetor das Nações Unidas no Iraque – Scott Ritter –, responsáveis de Think Tank, jornalistas, – em particular Glen Greenwald, que publicou as revelações de Edward Snowden sobre os programas de vigilância em massa da NSA –, etc.

Os critérios usados pelas autoridades ucranianas para denunciar todas essas personalidades – que são aparentemente incapazes de refletir por si mesmas e, portanto, se convertem em transmissores de propaganda russa – parecem no mínimo fantasiosos. Por exemplo, Edward Luttwak, que, todavia, fez campanha pelo envio de armas para a Ucrânia, cometeu o crime, aos olhos dos ucranianos, de sugerir que “deveriam ser organizados referendos nas regiões de Donetsk e Luhansk [3 ]”. Curiosamente, o antigo secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger não é citado, embora tenha declarado no último fórum de Davos “que a Ucrânia deve ceder território [4 ]”, o que mostra que os ucranianos não desejam ir longe demais. Acima de tudo, não notamos nenhum representante do Reino Unido, um estado cuja russofobia e apoio à Ucrânia são particularmente marcantes.

Como é possível constatar, a França vem em segundo lugar atrás dos Estados Unidos com 12 nomeados, entre os quais – desculpem a imodéstia: – 4 ex-candidatos à presidência da República e líderes partidários: Jacques Cheminade, Nicolas Dupont-Aignan, Marine Le Pen e Eric Zemmour; – 1 antigo ministro: Thierry Mariani; – 4 eurodeputados: Nicolas Bay, Hervé Juvin, Jean Lin-Lacapelle e Florian Philippot; – 3 antigos membros dos serviços de informações: Alain Corvez, Eric Denécé e Olivier Dujardin. Surpreendentemente, as autoridades francesas não reagiram à publicação desta lista, apesar da presença de atores políticos de primeira linha – assim como não reagiram quando o presidente-ditador do Azerbaijão, Ilham Alyev, declarou que lamentava não ter preso Valérie Pécresse quando da sua visita ao Nagorno-Karabakh arménio em 22 de dezembro de 2021 [5 ]. *

A publicação desta lista acusatória elaborada segundo critérios estúpidos e infundados não é anódina. Está ligada à forte dependência ucraniana da ajuda ocidental. Com efeito, o governo de Kyiv funciona como uma “Start-up” que só pode existir graças à sucessiva “angariação de fundos” (financiamento e fornecimento de armas e equipamento militar) que consegue fazer, sem a qual se desmoronaria.

Assim, como todo bom líder de “Start-up”, Zelensky faz um bom “Pitch” com vista aos seus patrocinadores a fim de garantir o seu apoio. Comunica obsessivamente – até na revista Vogue [ 6 ] –, faz-lhes acreditar que consegue resultados (lista acusatória, territórios abandonados pelos russos, contra-ofensivas sem efeito), apresenta-lhes perspectivas otimistas de desenvolvimento (anuncia novas contra-ofensivas e a reconquista completa dos territórios perdidos) e sabe tocar os corações e suscitar a emoção de cada um dos países que o apoiam com discursos particularmente circunstanciados.

É por isso que ele não se pode permitir deixar que vozes discordantes se façam ouvir e possam fazer os seus patrocinadores duvidar da narrativa que lhes oferece e questionar os “business plans” que lhes apresenta… Daí uma verdadeira caça às bruxas tomando como alvo todos aqueles que expressam opiniões divergentes e beneficiam de cobertura midiática. Infelizmente, a experiência mostra que grande parte das startups desaparece depois de os seus líderes terem consumido todos os recursos investidos. Portanto, estamos no direito de perguntar se o exército ucraniano não desempenha simplesmente o papel de gigantesca lavanderia em benefício do regime de Zelensky e de alguns de seus patrocinadores. Não seria a primeira vez com uma guerra norte-americana [7 ].

Tal hipótese é reforçada pelo estudo do histórico de voos do Antonov 12 registado na Ucrânia (UR-CIC) que caiu na Grécia em 16 de julho de 2022 com um carregamento de armas destinado oficialmente a Bangladesh. Efetivamente, merecem destaque dois pontos. Antes de mais, é particularmente importante o número de rotações entre a base aérea de Burgas, na Bulgária, e a de Rzeszow, na Polônia. Assim, para o único dia de 10 de julho, a aeronave realizou três viagens de ida e volta. É tanto mais surpreendente porque o governo búlgaro negou repetidamente o fornecimento de armas à Ucrânia e que Rzeszow é a principal plataforma onde chega a maioria das armas destinadas ao exército ucraniano. Se a Bulgária está dizendo a verdade – e dadas as várias informações que alertam para a revenda no mercado negro de algumas das armas entregues pelo Ocidente ao exército ucraniano – é possível vislumbrar que o Antonov em questão transportou um carregamento de armas da Polônia para Bulgária, de onde poderiam ser reexportados por via aérea ou marítima.

O segundo ponto que chama a atenção é um voo dessa aeronave para a Nicarágua nos dias 3 e 4 de julho de 2022. Se este país centro-americano onde a situação política permanece imprevisível pode efetivamente ser o destinatário de um carregamento de armas, a escala que ele fez em Nassau (Bahamas) – território da Commonwealth – só pode suscitar interrogações [ 8 ]. De fato, é improvável que armas tenham sido transportadas para este paraíso fiscal conhecido por abrigar muitas empresas offshore e outros bancos que não estão muito atentos à origem dos fundos depositados nas suas contas. É por isso que esta escala poderia ter outro propósito. Pode lá ter sido depositado dinheiro em dólares. É conveniente recordar o que aconteceu no Iraque e no Afeganistão, onde foram desviados contêineres cheios de dólares entregues pelos Estados Unidos para pagar em dinheiro a actores locais (informadores, senhores da guerra, consultores, empresas de segurança, etc.) [9].

No entanto, desde o início do conflito na Ucrânia, Washington tem da mesma forma enviado pilhas de notas de dólares para remunerar, nomeadamente, todos os estrangeiros que se envolveram em combate nas fileiras do exército de Kyiv. Assim, uma parte desses fundos poderiam ter sido desviados e transferidos para as Bahamas para serem depositados em contas pertencentes a certos membros do governo ucraniano ou a políticos ocidentais, mas também para serem retrocomissões destinadas a agências governamentais norte-americanas ou a empresas de armamento…

1 D’après les métadonnées de la page internet.
2 https://cpd.gov.ua/reports/спікери-які-просувають-співзвучні-ро/
3 https://unherd.com/thepost/ukraine-government-issues-blacklist-of-russian-propagandists/
4 https://www.europeantimes.news/fr/2022/05/henry-kissinger-a-appelé-l%27ukraine-à-donner une-partie-de-son-territoire-pour-arrêter-la-guerre/
5 http://ccaf.info/ccaf/2022/01/12/Aliev-menace-Valérie-Pecresse/
6https://twitter.com/Carene1984/status/1552214318497894401?s=20&t=rzyuvlLaER03bPcCcW QUwQ
7 https://alter.quebec/lirak-post-saddam-hussein-une-enorme-machine-a-cash/
8 É certamente possível argumentar tratar-se de uma escala por questões técnicas (refueling), mas isso parece no mínimo duvidoso neste contexto.

Fonte: https://cf2r.org/actualite/nouvel-exemple-de-guerre-de-linformation-du-regime zel

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