Derrotar Bolsonaro nas urnas e construir o Poder Popular nas lutas

imagem

A Comissão Política Nacional do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) agradece os milhares de votos depositados em nossas candidaturas – a camarada Sofia Manzano e Antônio Alves, para presidenta e vice; em nossos candidatos e candidatas aos governos estaduais e também para nossas candidaturas ao Senado, à Câmara Federal e às Assembleias Legislativas estaduais. São votos que demonstram a disposição para as intensas lutas que a classe trabalhadora brasileira terá pela frente, na dura batalha pela construção do Poder Popular no rumo do socialismo!

A CPN saúda toda a militância do PCB e de seus Coletivos de todas as regiões do país por seu entusiasmo militante demonstrado ao longo desse processo eleitoral. Durante toda a campanha nossa militância esteve dialogando com os trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e o povo pobre brasileiro e propagando o nosso programa anticapitalista e anti-imperialista, comprovando mais uma vez toda a organização, garra e combatividade próprias da militância comunista.

O período anterior ao primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 foi marcado por uma enorme polarização entre os dois candidatos favoritos nas pesquisas. Mesmo sem tempo de TV e rádio e sem os recursos do Fundo Especial, que todos os outros partidos tiveram, realizamos uma campanha histórica, dando voz a propostas como a revogação das contrarreformas; o fim do teto de gastos e da Lei de Responsabilidade Fiscal e a criação da Lei de Responsabilidade Social; a anulação das privatizações; a defesa de um programa emergencial para acabar com o desemprego, a falta de moradia, a fome e a miséria, bem como a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução de salários; o confisco de todos imóveis rurais e urbanos ociosos ou irregulares sem indenização; a reforma agrária popular e o combate ao agronegócio; a ampliação e regulamentação das licenças maternidade e paternidade, entre tantas outras bandeiras contemplando toda a diversidade de setores oprimidos da classe trabalhadora e suas lutas.

Acreditamos que o nosso crescimento anterior e durante esse processo, bem como a visibilidade alcançada nessas eleições pelas ideias revolucionárias – que ainda têm amplas massas a conquistar, mas inegavelmente tiveram uma difusão mais ampla do que em processos eleitorais anteriores – confirmam plenamente a importância e a necessidade das candidaturas comunistas, que apresentam um programa em favor da independência e da luta da classe trabalhadora. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) tem um imenso trabalho pela frente – mas a prática comprova que estamos no caminho certo, do fortalecimento e do enraizamento político no interior da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos populares.

Encerrado o primeiro turno das eleições, cessa também a possibilidade de apresentação de um programa proletário independente. Agora sim, as amplas massas do povo brasileiro serão forçadas a escolher entre dois projetos, nenhum deles comunista. O PCB se posiciona nesse segundo turno de maneira nítida: pelo voto em Lula para derrotar Bolsonaro. Temos absoluta convicção de que a profundidade da crise que estamos vivendo não pode ser resolvida buscando-se conciliar os interesses da burguesia com os dos trabalhadores, como propõe a candidatura petista. Sabemos que, mesmo derrotado eleitoralmente, o bolsonarismo não sumirá de cena, continuará sendo uma ameaça política à classe trabalhadora nos anos que virão, enquanto não seja desarmado e esmagado. Os métodos de conciliação não preparam a classe trabalhadora para enfrentar verdadeiramente a ameaça do golpismo burguês-militar, nem são capazes de pôr fim às crises econômicas e políticas que atravessamos, ao fortalecimento do chauvinismo e do militarismo no Brasil e no mundo.

A resposta para essa crise é a construção do Poder Popular e a implementação de um programa anticapitalista e anti-imperialista, tarefa à qual o PCB e a nossa militância organizada e combativa se dedicará em todos os momentos no próximo período, aconteça o que acontecer. Contudo, não temos a menor dúvida de que, do ponto de vista da classe trabalhadora, há profundas diferenças entre um governo burguês social-liberal e um governo burguês reacionário; entre um governo que tenta conciliar a burguesia e o proletariado, e um governo que flerta com o fascismo e está firmemente unido com a burguesia em torno dos ataques à classe trabalhadora e ao povo pobre, como é o governo de Bolsonaro. Atuaremos para que a classe trabalhadora siga se organizando e pressionando o futuro governo em defesa dos seus interesses e para que as suas reivindicações sejam alcançadas, sem qualquer vacilação.

Sabemos que a crise orgânica em que estamos envolvidos, com cerca de 15 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados/as (se somarmos o desemprego oficial com o desemprego oculto), cerca de 36 milhões vivendo na informalidade e mais de 33 milhões nas filas da fome disputando ossos e pelancas de carne nos lixões, não será resolvida com a conciliação de classes. Até porque a situação dramática que vivemos é resultado das políticas neoliberais implementadas pelos sucessivos governos burgueses nas últimas quatro décadas, todas elas para favorecer as classes dominantes, que são cúmplices dessa tragédia social, econômica e política. Portanto, só uma frente anticapitalista e anti-imperialista com um programa de transformações sociais poderá resolver essa crise.

Sabemos ainda que a luta não se encerra com a apuração das urnas. Os próximos meses serão marcados pelas provocações fascistas, e até mesmo por eventual aventura golpista – não só durante a campanha eleitoral, mas até a posse do novo governo. Dessa forma, nossa militância deve estar preparada para qualquer situação que a conjuntura venha a nos impor. Seguiremos na luta nas ruas, nos locais de trabalho, estudo e moradia, buscando organizar os/as trabalhadores/as, a juventude e o povo pobre de nosso país na perspectiva de romper com esse modelo econômico e social perverso, em defesa do poder popular e do socialismo.

O Comitê Central se reunirá nos próximos dias para realizar um debate mais aprofundado sobre a conjuntura e apresentar posteriormente novas orientações para a militância.

Comissão Política Nacional do Comitê Central do PCB
02/10/2022