Nota Política do CR – PE: em defesa do PCB!

Com o Partido somos inteiros/as! É impossível acabar com o partidão!

O indivíduo tem dois olhos
O Partido tem mil olhos
O Partido vê sete Estados
O indivíduo vê uma cidade
O indivíduo tem sua hora
Mas o Partido tem muitas horas.
O indivíduo pode ser liquidado
Mas o Partido não pode ser liquidado
Pois ele é a vanguarda das massas
E conduz a sua luta.
Com o método dos clássicos, forjados a partir
Do conhecimento da realidade.

(Bertolt Brecht)

O Comitê Regional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Pernambuco vem externar seu posicionamento acerca da situação, já pública, de um processo de cisão dentro do nosso Partidão.
Desde a fundação do PCB, em 25 de março de 1922, a chama da revolução brasileira foi acesa no Brasil. O partido mais longevo do país, recém completado 101 anos, já passou por inúmeros processos de cisões, algumas mais outras menos dolorosas. Só os traidores e nossos inimigos de classe podem se contentar com cisões entre aqueles que almejam ultrapassar o modo de produção capitalista.

Portanto, não há o que comemorar no que estamos passando nesse momento. Mas não podemos deixar de nos posicionarmos duramente contra o processo nefasto em curso, talvez o mais horrendo movimento dissidente de toda a nossa história.

As divergências e disputas internas sempre existiram, existem e sempre existirão dentro do PCB, é isso que faz o partido vivo e dinâmico. As diferentes visões e contribuições ajudam a percebermos todas as nuances dos movimentos conjunturais e estruturais, bem como das forças e fraquezas da nossa organização. Nosso partido ao longo dos seus 101 anos já alterou não apenas as táticas, mas também a visão estratégica do caráter da revolução brasileira. Abnegados/as militantes divergiram profundamente e mesmo assim continuaram firmes em defesa de uma interpretação diferente do caráter da revolução no país, porém respeitaram um dos nossos princípios fundamentais: o centralismo-democrático.

O que vemos na atualidade são algumas divergências justas e necessárias, que cabem ser ditas e refletidas em nossos espaços internos, sendo canalizadas como justificativas para uma exposição pública de nossos problemas. Não vemos vantagem alguma, mesmo que todo conteúdo fosse totalmente verdadeiro e honesto (e sabemos muito bem que não é). Não será por pressão externa, via redes sociais, divulgação de documentos internos, exposição e linchamento público de militantes que alcançaremos as melhorias de nosso partido.

É verdade que temos erros. É verdade que ainda não estamos à altura do processo revolucionário brasileiro. Tudo isso é dito em nossas próprias resoluções e não é de hoje. Quem entra no PCB sabe ou deveria saber disso. Temos certeza de que cada pessoa sincera que se aproxima não entra achando que será um status social estar no Partidão ou que a sua vida será uma calmaria. Ser comunista é antes de tudo abnegação, muito tempo e esforço na construção de uma outra sociabilidade.

Assim sendo, deveríamos lidar com nossas divergências políticas de forma consequente e responsável não somente com a forma partido denominada PCB, mas com a revolução brasileira. De tal forma que qualquer individualismo, personalismo ou pensamento de dissidência deveria ser completamente abolido.

Já diria Brecht que o partido somos nós:
“Nós somos ele.
Você, eu, vocês – nós todos.
Ele veste sua roupa, camarada, e pensa com a sua cabeça
Onde moro é a casa dele, e quando você é atacado ele luta.”

Qualquer camarada há sempre o que dizer de importante, e tem o direito de denunciar equívocos de quem quer que seja cometido. Se o ditado popular diz que a pressa é inimiga da perfeição, Taiguara em sua canção-homenagem a Luiz Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança” já dizia que:
“Quem só espera não alcança
Mas quem não sabe esperar
erra demais, feito criança
Cai. E até se entrega ou trai.
E cansa de lutar”

Com isso queremos relembrar a tal da “paciência revolucionária” que Lênin indicava para não cairmos em desvios militantes. O partido somos nós, a inteligência coletiva, com seus erros e acertos, a síntese do que somos nesta quadra histórica e todo seu legado. É um reflexo de nossas qualidades e defeitos, vícios e virtudes. É por isso que devemos manter sempre o espírito de crítica e autocrítica fraterna para não paralisarmos, nem reproduzirmos os mesmos erros.

Por isso, o poema de Brecht continua:
“Mostre-nos o caminho que devemos seguir, e nós
O seguiremos como você, mas
Não siga sem nós o caminho correto
Ele é sem nós
O mais errado.
Não se afaste de nós!
Podemos errar, e você pode ter razão, portanto
Não se afaste de nós!”
E finaliza indicando:
“Que caminho curto é melhor que o longo, ninguém nega
Mas quando alguém conhece
E não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!”

Esse deve ser nosso esforço sincero para manter entre nós quem deseja realmente construir o PCB. Aos que agem com desrespeito e como detratores, informantes, mesquinhos, mercenários da militância, covardes, não são dignos dos dias que vestiram nossas vestes e símbolos, pois estes entregariam sem tortura a cada um de nós. Fizeram o trabalho que nem agências de investigação tiveram a ousadia de fazer publicamente.

A quem interessa a cisão do PCB? São apenas rompantes e desvios personalistas? Cremos que não. A tendência “Reconstrução Revolucionária”, com seu anteprojeto de tese, estrutura paralela com coordenação nacional e estaduais secretas, nada tem a acrescentar ao PCB e não resguardam direito algum, pois não são mais nossos militantes.
Viram a oportunidade de tomar de assalto o partido a partir de um equívoco de um membro do CC, o qual foi devidamente punido, e a partir daí lançam que só o XVII Congresso (Extraordinário) poderia solucionar nossos problemas, visivelmente algo desproporcional, o qual é uma tentativa de golpe flagrante. Foi só um pretexto, a pólvora para atear fogo no partido. Supomos que fosse realizado este Congresso extraordinário e perdessem novamente, o que fariam? A cisão inevitável! Só que com um estrago maior. Não somos estúpidos, tampouco ingênuos!

Nosso partido rejeita categoricamente tendências. Por isso, os fracionistas organizados sob o movimento “PCB-RR” foram desligados automaticamente. Poderiam seguir seu caminho dignamente, com carta de desligamento, apontando os caminhos para a revolução brasileira os quais achassem mais adequado. Mas não é isso que almejam, querem ver o partido “sangrar em praça pública”, para deleite dos anticomunistas e todas as forças reacionárias e agências de segurança e espionagem.

Camaradas, embora seja uma situação desagradável, sairemos dessa situação mais fortalecidos/as.

“Em frente, marche! Basta de falar!
O tempo dos oradores já passou.
(…)
Só a rota dos traidores é que conduz à direita.
À esquerda, à esquerda, à esquerda!”
(Vladimir Maiakovski)
Entre erros e acertos, seguiremos em frente na luta pela revolução brasileira!
Em defesa do marxismo-leninismo e do PCB!
É impossível acabar com o partidão!