Contribuição do PCM ao XVI EIPCO em Guayaquil
Publicado em 23 de novembro de 2014.
A classe operária deve levantar suas bandeiras, as do marxismo-leninismo, não as bandeiras das alternativas de gestão burguesa, nem as do mal menor nas disputas interimperialistas
Contribuição ao XVI Encontro dos Partidos Comunistas e Operários que se reuniram em Guayaquil, Equador.
Camaradas:
Saudamos, em primeiro lugar, os organizadores do XVI Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários, os camaradas do Partido Comunista do Equador.
Camaradas:
A crise capitalista continua e com ela as agressivas políticas para desvalorizar a força de trabalho, condenando a classe operária do mundo à pauperização extrema de suas condições de vida. Novas legislações para anular direitos trabalhistas e sindicais, crescimento do desemprego como exército de reserva que permita mão de obra barata. A rentabilidade do capital é garantida eliminando as conquistas operárias de mais de um século. Porém, ainda que garanta temporariamente sua estabilidade, não faz mais que prolongar a agonia que, historicamente, deverá chegar ao fim: ou seja, a continuidade do caminho aberto pela Revolução de Outubro, a época das revoluções proletárias, a transição do capitalismo para o socialismo.
Isso coloca a vigência, a atualidade dos partidos comunistas como partidos da classe operária, que não encontram alternativa alguma em outras opções políticas.
Dado o caráter internacional e independente da luta de classes é necessária a elaboração de uma estratégia comum do movimento comunista internacional contra o capitalismo em sua fase imperialista. Porém, essa necessidade enfrenta complexidades que são de caráter ideológico.
Assim, frente aos rumos do capitalismo e de sua crise, existem diferentes leituras, como algumas apresentadas neste Encontro, que afetam a capacidade de intervenção política do movimento comunista.
Na última década, posições ideológicas alheias ao marxismo-leninismo se colaram de maneira fragmentada nas posições programáticas de vários partidos, categorias sociológicas que melhor correspondem ao campo burguês, que substituem as concepções e categorias elaboradas por Marx, Engels, Lenin e a teoria e prática do comunismo, de tal maneira, que existem alguns partidos que, sem ter consciência de sua mutação, estão colocados no terreno da socialdemocracia e permanecem no caminho do abandono de sua identidade e características, defendido pelo eurocomunismo e outras teorias oportunistas.
Nós queremos assinalar nossa aberta divergência com a questão da multipolaridade e do progressismo, que são intrínsecas à lógica do possível, ao argumento inexato de que nossa época já não é a da revolução social.
A multipolaridade é a falsa esperança em depositar as tarefas anti-imperialistas no mal menor das contradições interimperialistas.
É importante para o Partido Comunista do México ter um enfoque classista frente à luta de classes internacional e não assumir as ilusões da existência de uma tendência progressista no cenário internacional.
A disputa interimperialista entre EUA-UE contra as economias emergentes (BRICS) não deve ser assumida como o passo da unipolaridade à multipolaridade. É o choque por interesses econômicos intermonopolistas, por mercados, rotas comerciais, mão de obra, recursos naturais. Nessa disputa interimperialista, a classe trabalhadora e os comunistas não devem tomar partido de um ou outro bloco imperialista, mas que todas suas definições, suas consignas, suas decisões, manobras e momentos táticos se orientam pelo interesse estratégico da Revolução socialista.
Atualmente, não ocorre uma luta entre dois mundos, o capitalista e o socialista – como quando da construção socialista da URSS. Em termos econômicos, todos os tratados se inscrevem na lógica do desenvolvimento capitalista na fase do imperialismo. Seu resultado objetivo é o fortalecimento da acumulação, da continuidade das relações mercantis, do enriquecimento contínuo dos monopólios.
O Progressismo e o Fórum de São Paulo como sua expressão política, por outro lado, também motivam nossa reflexão.
Depois de mais de uma década, já é possível uma avaliação do caráter de classe expresso nestas forças. Já não podemos considerar simples erros a intervenção militar no Haiti, reformas trabalhistas antitrabalhadores, fortalecimento dos monopólios, políticas de cooptação e controle sobre a base do assistencialismo dos movimentos populares. É muito claro que se trata de uma força auxiliar do capitalismo, que busca dar um rosto humano.
Uma das forças que se destacam entre essa corrente do progressismo e na direção do FSP é o PRD do México, formado sobre a base da liquidação do Partido Comunista Mexicano, do qual usam o registro eleitoral, edifícios e outros bens. Esse Partido é o instrumento do estado mexicano para assassinar os comunistas, como denunciamos várias vezes aqui.
E é um dos destacados fundadores desse grande centro oportunista que é o Encontro Latino-americano Progressista, que se reuniu em Quito, há algumas semanas, com o respaldo da SIRIZA grega e do PODEMOS espanhol.
Porém, O PRD é também o responsável pelo massacre contra 46 estudantes de Ayotzinapa, corresponsável pelo terrorismo de Estado de Enrique Peña Nieto e pelo poder dos monopólios contra o povo mexicano. Um ano antes de assassinar os estudantes, o PRD assassinou 7 comunistas em Guerrero e Oaxaca.
O progressismo no Méxio é, pois, inimigo mortal da classe operária e um dos pilares da dominação cruel e bárbara do poder dos monopólios que, utilizando paramilitares, semeou fossa com cadáveres do povo no território nacional do México.
Ayotzinapa é a gota que está derramando o copo. Enquanto estamos aqui reunidos, o movimento popular, com o PCM como um de seus componentes, desenvolve crescentes iniciativas de insubordinação e insubmissão no estado de Guerrero e outros do centro-sul do México, passa a ocupar as ruas, os aeroportos, a desalojar e incendiar os palácios e sedes governamentais, a tomar o controle das vias, a levantar barricada, etc., particularmente na cidade de Chilpancingo que está em vésperas de ser proclamada cidade-comuna do poder popular. Após comprovar na prática que a lógica do mal menor na gestão do capital do capitalismo expõe a classe operária e o povo à barbárie do capital, responde com sua luta e reafirma na prática que vivemos na época das rebeliões anticapitalistas.
Neste contexto, o PCM considera um gigantesco erro a difusão de falsas esperanças e ilusões, como argumentar a favor de soluções dentro dos marcos capitalistas, envolver o povo em rivalidades interimperialistas, reavivar e fortalecer a socialdemocracia e a “nova” socialdemocracia, etc. Para o PCM, sua tarefa é esclarecer ante a classe operária a situação e seu papel, envolvê-la em um papel protagonista na rebelião, em uma revolução socialista.
Com estes breves elementos, insistimos que o dever de qualquer partido comunista é apresentar ante a classe trabalhadora a alternativa do poder operário, do socialismo-comunismo. Defender o programa da ruptura anticapitalista, a revolução socialista, pela ditadura do proletariado.
Viva o internacionalismo proletário!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)