Informe Político: VII Congresso da União da Juventude Comunista. Organizando rebeldias, massificando lutas!

imagemEntre os dias 17 a 21 de Abril, reunida em Niterói-RJ, seguindo o exemplo do grande João Saldanha, o “João sem medo”, a União da Juventude Comunista consolidou importantes bases para sua construção revolucionária através do seu VII Congresso Nacional. As centenas de delegados e observadores presentes no congresso compreenderam a importância da organização, convicção e entrega à construção da alternativa revolucionária para os milhares de jovens, filhos da classe trabalhadora brasileira.

Sob o lema “Organizando rebeldias, massificando lutas!”, a UJC demonstra a vitalidade do seu crescimento, extremamente vinculado às grandes lutas e dilemas da juventude brasileira. Lutas que fazem parte de um contexto que para os jovens comunistas revelam um novo patamar da luta de classes no Brasil e no mundo.

Em escala mundial, o imperialismo amplia o seu massacre aos povos. O poder econômico dos grandes monopólios e corporações está intimamente ligado ao crescente belicismo das grandes potências, à criminalização da classe trabalhadora e suas organizações e ao massacre cotidiano dos trabalhadores. A crise sistêmica do capital impulsiona a ofensiva imperialista, potencializa a guerra e a barbárie cotidiana que retira maiores perspectivas de vida da juventude trabalhadora.

Para a grande maioria da juventude, o capitalismo tem muito pouco a oferecer. Em termos de qualidade de vida a tendência é que as novas gerações vivam pior. Ou seja, com menos direitos, maior jornada de trabalho, educação privada e de baixa qualidade, acesso limitado à produção cultural, maior repressão por parte do Estado Burguês, etc.

A ofensiva do Imperialismo atinge uma escala global jamais vista. Além das incursões contra os povos no Oriente Médio, Síria, Ucrânia, Irã e Coreia do Norte, acompanhamos novas investidas na América Latina. Para a juventude comunista, a luta anti-imperialista não se limita a escolha de um lado menos nocivo nas disputas interimperialistas, mas sim na ampla mobilização de todos aqueles se revoltam contra as guerras que atentam contra a soberania dos povos e a exploração de milhares de trabalhadores. Os jovens comunistas brasileiros expressam sua irrestrita solidariedade ao povo venezuelano e sua revolução bolivariana. Junto aos camaradas da JCV, repudiamos as tentativas de sabotagem do governo norte americano, em parceria com a direita golpista venezuelana, contra o legítimo governo da Venezuela. Temos a exata noção de que apenas o aprofundamento do processo revolucionário na Venezuela, a partir da autonomia da classe trabalhadora e da juventude, poderá golpear de vez as incursões reacionárias neste país.

Também destacamos a importância da solidariedade junto aos movimentos populares, às organizações políticas de esquerda e a Insurgência na Colômbia, que neste momento passa pelas negociações de paz. Reforçamos que a luta pela paz na Colômbia perpassa por modificações políticas, sociais e econômicas para o povo colombiano, através do desmonte da estrutura narco-terrorista do Estado.

O Internacionalismo proletário para a UJC não é apenas um gesto ou formalidade, mas um princípio base da nossa organização revolucionária. Por isso, reivindicamos a importância do fortalecimento, em nosso país e no mundo, da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), espaço que deve reunir a amplitude dos atores e organizações que estão em luta contra o imperialismo. Também avaliamos a importância central da rearticulação de um polo revolucionário de juventudes comunistas e revolucionárias, que expresse as lutas contra o poder dos monopólios do grande capital pelo mundo.

No Brasil, o cenário da luta de classes se acirra cada vez mais com a intensificação dos efeitos da crise do capitalismo. O pacto social formado a partir dos governos do PT e seus aliados, que se caracteriza pela garantia da expansão dos lucros dos grandes capitalistas, aliada ao apassivamento da luta de classes – através de medidas compensatórias paliativas, expansão privatista de demandas sociais, como na educação, e cooptação de entidades e movimentos como a CUT e a UNE para dentro da lógica institucional deste pacto -, está cada vez mais enfraquecido, devido à estagnação econômica, aumento da inflação, endividamento crescente e fortalecimento de setores conservadores e reacionários na sociedade brasileira.

Reforçando o que o nosso partido vem analisando nos últimos 10 anos, ao contrário do que tanto se propagava pela estratégia gradualista do campo democrático popular, a conciliação de classes e a perda de autonomia política da classe trabalhadora brasileira fortaleceu as forças políticas mais conservadoras e reacionárias do país. As rebeldias e inquietudes da juventude popular são cada vez mais disputadas por ideias, movimentos e organizações conservadoras, algumas fascistas, a partir de um senso comum baseado no ódio e irracionalidade. O anticomunismo volta a ser uma expressão forte no Brasil.

Além de conviver com o desemprego crescente, precarização das relações de trabalho, aumento das mensalidades nas universidades, corte de verbas na educação pública, privatização da saúde, falta de acesso a terra e moradia, a juventude trabalhadora também sofre com o massacre policial por parte do Estado Burguês e seus aparelhos. O Brasil é um dos países onde mais se mata jovens no mundo, em especial, pobres, negros e moradores de periferias nos centros urbanos. A política militar de segurança pública, tomando o “combate às drogas” como pretexto, recrudesce a onda de criminalização da juventude, através de leis mais duras e do encarceramento. Não é por acaso que está para ser votada no congresso a PEC 131, a qual diminui a maioridade penal no país.

Diante desta complexa conjuntura, a UJC afirma a necessidade de ser uma operadora revolucionária junto da juventude brasileira. Se construir enquanto uma referência de resistência a esta ofensiva econômica, social e cultural do capital em crise e suas expressões políticas desumanas. Referência esta que consiga aliar a experiência prática das lutas das massas juvenis à formação comunista, e que busque sem sectarismos a unidade com forças combativas e populares da juventude brasileira. O desafio é enorme, por isso as grandes decisões do VII Congresso se concentraram nos pontos de reestruturar nossa organização para a nova fase mais intensa da luta de classes. A UJC se reestrutura para a construção do poder popular, isto é, a rearticulação da autonomia política da classe trabalhadora e sua juventude.

Essa reestruturação visa a aproximação, diálogo e compromisso da juventude comunista com os filhos da classe trabalhadora brasileira. Ampliando seu grau de inserção política junto aos estudantes secundaristas, às escolas técnicas, universidades privadas, aos movimentos de bairros populares e grupos independentes de cultura. Trata-se de um novo direcionamento para o crescimento da juventude comunista, em quantidade e, principalmente, em qualidade. Para isso, um dos pontos centrais do congresso foi a aprovação de novas políticas de formação, recrutamento, agitação e propaganda e finanças. A reestruturação revolucionária não se efetivará se estas resoluções coletivas não forem plenamente cumpridas.

Também se reforça a continuidade da acertada política em defesa da Universidade Popular. A disputa na produção de conhecimento e o incentivo à formação de uma identidade entre estudantes e as demandas e dilemas da classe trabalhadora é fundamental para os objetivos da nossa estratégia revolucionária. Devemos continuar e aumentar nossos esforços na construção dos MUP´s pela base, em conjunto com estudantes independentes, movimentos populares e forças políticas aliadas. Os MUP´s são ricos instrumentos para edificarmos a articulação nacional dos Movimentos em luta pela Universidade Popular.

No movimento estudantil avalia-se a continuidade do atrelamento da UNE e a UBES ao projeto educacional hegemônico, com cada vez menos autonomia e referência política para mobilizar os estudantes contra os ataques que a educação sofre e sofrerá neste próximo ciclo. A juventude comunista participa dos espaços da UNE e UBES de forma a propagar nossas bandeiras de luta e dialogar com estudantes independente e forças políticas de esquerda, para além da disputa por cargos na sua diretoria, compreendendo que essa disputa não ajuda a resolver o processo de reorganização do movimento estudantil combativo. A prioridade será a retomada das entidades e organizações dos estudantes de base, uma retomada que priorize a reconquista da autonomia e do poder de mobilização do movimento estudantil brasileiro, subordinada a um projeto de educação popular e ao diálogo com as forças políticas de esquerda.

Para a frente de jovens trabalhadores, o trabalho será intensificado junto aos jovens desempregados, estudantes de escolas técnicas, estagiários e subempregados. Devem-se levar as pautas e campanhas do mundo do trabalho para todo local de atuação que a UJC estiver organizada, além de realizar cada vez mais campanhas gerais e direcionadas junto à juventude trabalhadora. Devemos também incentivar a luta coletiva e a sindicalização dos jovens trabalhadores, através de campanhas criativas próprias, utilizando os mais diversos meios. Apresentando, inclusive, o instrumento do PCB para o trabalho sindical: a Unidade Classista.

Na frente cultural, através do diálogo com grupos e coletivos locais independentes, construiremos a campanha de luta pela democratização do acesso à cultura e produção cultural da juventude. Esse eixo permitirá lutar por mais cinemas, teatros em praças e bairros populares, assim como travar o debate de ideias, pela construção de valores contra hegemônicos. Pretende-se construir um grande festival de cultura da UJC que tenha um caráter massivo e plural.

A Juventude brasileira também sofre com outras formas opressão, apropriadas pela lógica do capital cotidianamente. O racismo, mais do que uma expressão cultural das classes dominantes no Brasil, expressa-se de forma cruel por parte do Estado. Os massacres policiais contra a população pobre e negra, a subalternização dos negros no mundo do trabalho e na educação são apenas alguns exemplos de como os comunistas devem se preocupar com a luta anti-racista como parte da luta contra o capitalismo no Brasil. A UJC, em sintonia com o coletivo Minervino de Oliveira, deve incorporar ações e pautas do Movimento Negro às suas bandeiras de luta.

Outro ponto muito sentido e discutido no Congresso foi a necessidade de fortalecermos o feminismo classista. O machismo tem impacto na vida de milhares de mulheres, em especial nas da classe trabalhadora, estando presente no âmbito das relações de trabalho às relações domésticas. A União da Juventude Comunista deve reforçar as pautas do Coletivo Ana Montenegro, em especial, aquelas que dialogam com a juventude. No que tange a política de reestruturação revolucionária da UJC, unanimemente o Congresso aprovou uma política pioneira de incentivo a formação de quadros mulheres em nossa organização. Também reconhecemos a urgência de aprofundarmos o debate classista sobre o movimento LGBT, assim, a construção da nova frente do PCB para intervir nestes movimentos será de vital importância para a UJC aprofundar suas elaborações, afinal, o objetivo da real libertação da humanidade também perpassa pela superação de todas as opressões que hoje são subordinadas aos modos de produção capitalista.

Estas são algumas das decisões que irão guiar a UJC nos próximos dois anos. A reestruturação revolucionária para a construção do poder popular será o grande desafio. Crescer e popularizar a juventude comunista está em consonância com a formação de uma grande escola de formação de comunistas para o Partido Comunista Brasileiro. Este é o grande objetivo que deverá ser cumprido para que UJC se torne um sonho viável para os milhares de jovens rebeldes Brasil afora.

Acima de tudo, o VII Congresso da UJC reforçou o que há de melhor dentro da rica tradição comunista. Reforçou o vínculo com o PCB e a alegria dos jovens em ter encontrado nas lutas, no estudo das experiências revolucionárias e do marxismo leninismo, a melhor forma racional e humana de canalizar suas rebeldias, inquietudes e revolta contra a injustiça. A conjuntura pede a formação de uma juventude revolucionária, plural, disciplinada, formada nas lutas e com sede de estudar. A Juventude Comunista, sem dúvida alguma, deu passos significativos na construção deste papel. E com paciência e ousadia irá cumprir seus propósitos!

Viva o PCB!

Viva a UJC!

Viva o Internacionalismo Proletário!

Brasil Maio 2015

Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista

A Semana no Olhar Comunista – 0008

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