A Semana no Olhar Comunista – 0008

Receita vencida…

O comentarista Carlos Alberto Sardenberg começa seu artigo escancarando as portas de usa própria ignorância, “ilhado” que está como lugar-tenente do bunker burguês. Ao afirmar que “Nouriel Roubini quase deu um alento à esquerda”, charles Albert desloca, da realidade do dia-a-dia para as afirmações de um intelectual, o futuro e a disposição de luta da esquerda (entendida aqui enquanto a esquerda que não se vendeu ao capital, seja no Brasil ou no mundo).

Para Roubini, há diversos problemas gravíssimos cujas soluções são inviáveis ou por razões econômicas ou políticas. Faltou complementar, cara pálida: nos marcos do Capital. A “Mãe Dinah” da crise diz ainda que as manifestações populares pelo planeta são movidas “pelas mesmas tensões e temas: crescente desigualdade, pobreza, desemprego e desesperança”. Eureka!, como ainda não divulgou os números da Loteria?!?!

Dizendo que em seguida “Roubini dá o tiro final nas esperanças da esquerda” – na qual ele, como alguns lunáticos, deve incluir “os social-democratas do PSDB”, Sardenberg afirma que “tanto o modelo anglo-saxão – ‘laissez-faire e economia vodu’ – quanto o europeu continental – ‘estado do bem estar sustentado por déficits’ – estão quebrados”, repetindo a cantilena já esgotada pela História da Terceira Via. quanta desonestidade intelectual… Por ficar na superfície, verndendo mentiras, Sardenberg afirma: “Maldito capitalismo, mas ainda não se inventou nada melhor”. É mesmo, falastrão da miséria alheia?

 


EUA anunciam novas falências

No mundo real, diferente do proposto por Roubini e macaqueado por Sardenberg, órgãos reguladores do sistema financeiro dos EUA fecharam três bancos: um na Flórida, um na Geórgia e um em Illinois. Assim, o total de falências de bancos no país alcança 68 desde janeiro. E ainda há quem diga que as coisas estão melhorando, pois na mesma altura de 2010 haviam sido anunciadas 110 falências…

A Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) estima que o custo das três falências para o Fundo de Seguro de Depósitos será de US$ 363,8 milhões – sinal de que o cenário deve piorar. O sistema financeiro dos EUA escancara assim a fragilidade e seu laissez-faire e deixa a pergunta: quem pagará a conta?

 


O “custo” de toda a propaganda do Brasil…

Antes de ficar orgulhoso ao ver cada vez mais matérias sobre a “importância” do Brasil no “mercado global”, comportando-se como macaco de auditório, veja o custo disso em sua vida: relatório do banco suíço UBS avaliando o custo de vida em 73 cidades do mundo indicou que o custo de vida em São Paulo já é praticamente equivalente (97%) ao nova-iorquino. Entre 2006 e 2011, o nível de salários de São Paulo passou de 24% para 39% do nível nova-iorquino, enquanto o do Rio aumentou de 19% para 34%. O relatório leva em conta uma cesta de 122 produtos e serviços variados, como moradia, alimentação, transporte (público e privado, incluindo manutenção de veículos), roupas, artigos domésticos e até corte de cabelo. Os cálculos relativos a 2011 foram realizados com base nos preços de 2009, ajustados de acordo com a inflação, o crescimento do PIB e as taxa de câmbio.

As cidades mais caras para se viver, por ordem no ranking, são Oslo, Zurique, Genebra, Copenhague, Estocolmo, Tóquio, Sydney e Helsinque. São Paulo e Rio ficaram, respectivamente, nas posições 19 e 26 das cidades mais caras do mundo. Na semana passada, havia sido a vez a consultoria Mercer divulgar seu ranking de custo de vida, no qual São Paulo aparece como a 10ª cidade mais cara do planeta (subindo 11 posições em um ano), enquanto o Rio ocupa o 12º lugar, subindo 17 posições.

Feliz agora???

 


“Custo banqueiro” faz brasileiro pagar mais por produtos

Os produtos industrializados brasileiros estão entre os mais caros do mundo, segundo estudo da RC Consultores a pedido do Movimento “Brasil Eficiente”. De antemão acreditaremos que o estudo foi idôneo e que tal movimento, que o financiou, não tem nenhum interesse no Estado Mínimo via redução de impostos. Depois desse “mega desconto” para os corsários da legitimidade, digamos que o preço de produtos vendidos no país com mercadorias idênticas à venda em África do Sul, Austrália, EUA, França e Reino Unido em junho, mostrou que a cesta brasileira de produtos custa 48% mais que a média ponderada desses países.

Como era de se esperar, e porque “eles” não “viram o disco” nunca!, o responsável pelo estudo afirmou que os custos brasileiros estão elevados e que “isso ocorre principalmente por causa da elevada carga tributária”. Por que essa ladainha nunca vem ao lado da afirmação de que metade do orçamento, por conseguinte 50% de todos os impostos, vão parar nas mãos de banqueiros e agiotas da dívida brasileira?!?!?! será por que os “digníssimos” só tem interesse nos cotres de gastos sociais?

 


Bancos reduzem especulação com dólar

As “apostas” dos banqueiros na queda do dólar em relação ao reaL despencaram. Segundo o Banco Central, na última sexta-feira (23), os bancos estavam “vendidos” em dólar em US$ 1,99 bilhão, valor que é considerado uma aposta contra a moeda norte-americana. A especulação com a moeda é dos principais fatores que influenciam as cotações e se tornou alvo do governo na tentativa de frear a desvalorização do dólar. Enfim, os bancos atuam como lesa-pátria em prol, obviamente, de lucro.

O BC não comentou se o dado reflete uma maior apreensão das instituições com a possibilidade de que a crise provoque uma alta da moeda ou se isso se deve aos efeitos dessa e outras medidas anunciadas pelo governo para conter a queda do dólar. Obviamente não quer dar à sociedade as explicações que já deu em privado a seus verdadeiros patrões – para que eles voltem a luctrar.

 


Ainda há muito a revelar

Serão abertos para consultas, a partir desta semana, arquivos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) descobertos por acaso em Santos (SP). Cerca de 45 mil fichas e 11.666 prontuários estavam apodrecendo numa sala do Palácio de Polícia. O material foi transferido para o Arquivo Público do Estado de São Paulo e agoraserá colocado à disposição.

A noticia, animadora, não deixa dúvidas de muito ainda precisa ser revelada e que a repressão funciona, com outra roupagem, na democracia burguesa. Não à toa, os documentos revelam que agentes policiais ligados à repressão não aceitaram a abertura política e a anistia e, à revelia da lei, continuaram espionando pessoas que consideravam de esquerda – processo que continuou até 1988, embora o Dops tenha sido extinto em 1983.

 


Prouni tem taxa história de evasão de evasão de bolsistas

O programa Prouni, do MEC – que oferece bolsas de estudo para estudantes carentes em universidades e faculdades privadas (muitas inadimplentes ou em situação precária) – registrou um total de 25% de evadidos. Segundo o MEC, no entanto, apenas 11,5 % abandonaram os estudos, tendo os demais conseguido migrar para instituições públicas, mesmo sem a bolsa.

O número de evadidos comprova a falta de condições financeiras para o custeio dos estudos, pois, mesmo com a bolsa oferecida e trabalhando para garantir o sustento de suas famílias, a maioria dos contemplados não consegue se manter na universidade, devido, também, ao cansaço e à falta de tempo para os estudos. Os que conseguem migrar para instituições públicas fazem os exames muitas vezes, até conseguirem a vaga.

Este quadro comprova a falta de vagas nas universidades públicas. É hora de mais investimento para a expansão, com qualidade, dos sistemas universitário federal, estaduais e municipais, é hora de mais efetiva assistência estudantil, com bolsas de estudo, alojamento e apoio acadêmico efetivo. É hora de acabar com a transferência de recursos públicos para instituições privadas, que em geral não cumprem com suas obrigações fiscais e trabalhistas e apresentam qualidade duvidosa.

 


Brasil caça minério nas profundezas do Atlântico

Uma cordilheira a 1.500 km da costa brasileira é o local onde uma expedição brasileira (financiada com recursos do PAC) investiga a presença de platina, níquel, cobalto e outros minerais utilizados na indústria eletrônica e outras áreas. Qualquer país tem o direito a realizar pesquisas, uma vez que se trata de águas internacionais.

No entanto, a permissão para uma possível exploração dos recursos, no futuro, dependerá da permissão da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, ligada à ONU. O Brasil tenta correr atrás do tempo para garantir seu direito à exploração, uma vez que vários outros países já entraram com pedidos.

A ação brasileira tem claro caráter político, visando à garantia de recursos para o futuro. Mas fica no ar (ou no mar) a sensação de que, se o elevado ritmo de consumo mundial de minérios e outros recursos naturais, gerado pela natureza da produção capitalista, não se alterar, viveremos, em breve, tempos de grande escassez, de devastação ambiental ( que certamente ocorrerá se atividades intensivas de mineração vierem a ser realizadas nos fundos dos oceanos), de guerras e barbárie.

 


Gorbatchov: mea-culpa 20 anos depois

Gorbatchov reconheceu, em entrevista dada em Moscoue noticiado no jornal O Globo, que a vida na antiga União Soviética, socialista, era melhor do que na Rússia de hoje. Citando dados da expectativa de vida dos russos – que coloca o país, hoje, igualado aos níveis encontrados na maior parte do continente africano – e da elevadíssima taxa de pobreza da Rússia – de 96%. O ex-líder soviético admitiu que falhou ao tentar reformar a URSS: “era preciso democratizá-la, não destruí-la”, disse. Gorbatchov fez ainda duras críticas ao ex-presidente russo Boris Yeltsin, que teria descumprido promessas de manter a URSS, e ao primeiro ministro Putin, a quem atribuiu “tendências autoritárias”. Gorbatchov só não fez autocrítica da enorme e decisiva abertura que deu para os interesses capitalistas internos e externos, ao criar a “perestroika” (uma “economia de mercado socialista”, nem tampouco reconheceu sua submissão aos governos Reagan, nos EUA, e Thatcher, na Inglaterra, dois expoentes do imperialismo e do neoliberalismo que viriam a se impor pelo mundo nos primeiros anos após a queda da URSS.