Quando o Não do povo se transforma no Sim do governo
Governo grego ameaça capitular diante da Troika – Governo SYRIZA-ANEL implora um 3º memorando
por Stephen Lendman *
A prolongada tragédia grega parece piorar, não melhorar. Sua economia está em cacos, à beira de uma bancarrota sob uma dívida esmagadora de reembolso impossível e presa às regras predatórias da Eurozona que negam direitos soberanos fundamentais.
O seu povo sofre enormemente com a austeridade que lhe é imposta – e a que ainda virão devido às cedências adicionais a que o primeiro-ministro Tsipras se comprometeu.
A Grécia é uma col
nia europeia controlada através da moeda – sem direitos soberanos e sob as condições impostas pela Troika de aprofundamento da Grande Depressão.
É uma economia que está a ser sistematicamente destruída para o lucro – despojada de tudo o que tenha valor. Seu povo está empobrecido
tem pela frente maior dor e sofrimento. Aos seus pensionistas pede-se que aceitem migalhas insuficientes para sobreviverem. Sua geração jovem não tem qualquer futuro.
Ao invés de cumprir sua promessa de campanha de acabar com a austeridade, Tsipras parece pronto a ignorar o sentimento popular – OXI, não mais dor e sofrimento imposto pela Troika para enriquecer banksters aprisionando a Grécia à servidão esmagadora da dívida. O capitalismo predatório funciona deste modo – lucra com o saqueio de países fracos e transfere riqueza pública para mãos privadas.
O jornalista financeiro Ambrose Evan-Pritchard, do Telegraph de Londres, acredita que Tsipras tenha convocado um referendo à espera de perdê-lo – a fim de justificar a capitulação frente às exigências da Troika.
O seu “plano era (dar a aparência de) travar um bom combate, aceitar a derrota honrosa e entregar as chaves da Mansão Maximos (a residência do primeiro-ministro), deixando a outros a tarefa de implementar (as exigências de austeridade da Troika) e sofrer o opróbrio consequente”.
As coisas não correram como o plane
ado. O sentimento popular “surgiu como um choque para gabinete grego”, disse Evan-Pritchard. Responsáveis do SYRIZA pensavam que o povo pensaria que o voto de
omingo era para aceitar ou rejeitar o Grexit, ao qual a maioria se opõe.
Anteriormente, “Tsipras já tomara a decisão de concordar com exigências de austeridade”, só para descobrir que os bandidos da Troika “elevaram a aposta” pretendendo mais do que ele esperava, afirma Evans-Pritchard.
Eles ofereceram condições que a Grécia não podia aceitar – condições “dickensianas” destinadas a destruir economias quando aplicadas.
Tsipras está “aprisionado pelo seu êxito”. Por um lado, a capitulação total poderia incentivar uma revolta popular. Em alternativa, ele parece propenso a aceitar mais exigências de austeridade, mais do que indicara anteriormente.
Uma terceira opção é o Grexit. Evans-Pritchard acredita que a saída “está postada diante dele”. O antigo presidente da PIMCO, Mohamed El-Erian, classifica a probabilidade em 85%. “O que está a acontecer no terreno significa que a situação está a deslizar para fora do controle dos políticos”, diz ele.
“Não penso que isto esteja a ser suficientemente considerado”. Ele preocupa-se mais com um “choque ao apetite de risco” do que com o contágio económico e financeiro.
Enquanto isso, a Grécia está a afundar numa cratera com bancos encerrados, próximos do colapso. O desemprego está a crescer, a pobreza e privação a aprofundarem-se. A dor e o sofrimento humano é o custo de um sistema esclerosado, condenado a fracassar desde o princípio.
Fábricas gregas não estão a trabalhar. Pequenos negócios estão a fechar. Companhias não podem pagar fornecedores porque bancos não estão a conceder crédito e transferências externas estão proibidas.
Numa carta de quarta-feira passada ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e ao administrador do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, o novo ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, prometeu não especificadas “medidas relativas à reforma fiscal” (taxas de IVA mais altas) e “medidas relativas às pensões” (redução de benefícios de reformados para além dos cortes anteriores estabelecidos em 40%).
Em contra-partida, ele pedia um novo salvamento (bailout) de três anos para “cumprir obrigações de dívida da Grécia e assegurar a estabilidade do sistema financeiro”.
Ele disse que Atenas “compromete-se a honrar suas obrigações financeiras (a dívida odiosa) para com todos os seus credores de maneira completa e atempada”.
O ministro enfatizou o “compromisso da Grécia de permanecer na eurozona e respeitar suas regras e regulamentos como estado membro”.
Sua carta era escassa quanto a pontos específicos. “O exame real só pode começar uma vez que o pacote completo tenha sido posto sobre a mesa”, disse o intransigente ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble.
O SYRIZA tem prazo até
omingo para satisfazer os bandidos da Troika. Ignore o que diz Tsipras sobre procurar “uma solução razoável e viável” com os credores.
Até agora ele lhes deu virtualmente tudo o que pediam. Será a capitulação total – exceto quanto a concessões menores demasiado insignificantes – anunciada no
omingo ou antes disso?
[*] Analista político, autor de Flashpoint in Ukraine: US Drive for Hegemony Risks WW III , lendmanstephen@sbcglobal.net
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .