Atos lembram 40 anos do assassinato do Comandante Toledo
A partir desta quinta-feira (14) serão realizados seis atos em memória do militante comunista Joaquim Câmara Ferreira, mais lembrado como o Comandante Toledo, que participou da resistência ao golpe militar de 1964 e foi assassinado pela ditadura em 23 de outubro de 1970, em consequência das bárbaras torturas às quais fora submetido.
Nascido em São Paulo,Capital em 5 de setembro de 1913, Joaquim Câmara Ferreira ingressou no Partido Comunista do Brasil com 18 anos de idade, em 1930, quando era estudante de engenharia na Escola Politécnica de São Paulo. Logo depois se tornaria um dos fundadores do Socorro Vermelho Internacional, entidade cujo objetivo era prestar solidariedade a presos políticos de todo o planeta e a partir do qual criaria, em seguida, a Federação da Juventude Comunista do Brasil.
Como membro da Juventude Comunista, participou da chamada Batalha da Praça da Sé, também conhecida como A Revoada dos Galinhas Verdes, em 7 de outubro de 1934, quando militantes antifascistas expulsaram as milícias integralistas que haviam ocupado a praça da Sé, em um confronto armado que deixou mortos dos dois lados,
No início de 1940, Câmara Ferreira foi preso e barbaramente torturado pela polícia política do Estado Novo. Desta prisão ficaram como marcas a perda das unhas dos dedos, arrancadas a alicate, e dos movimentos de alguns dedos da mão esquerda.
Como jornalista profissional, Toledo, um dos nomes pelos quais foi conhecido no PCB, foi redator do jornal Vanguarda Estudantil, tradutor da France Press, editor e diretor das publicações Hoje e Notícias de Hoje, ambas ligadas ao Partido.
Em 1947 foi eleito vereador em Jaboticabal, mas cassado em seguida com a volta do PCB à ilegalidade. Em janeiro de 1948, Toledo, junto com outros 46 companheiros, resistiu à bala durante uma madrugada inteira aos policiais que tentavam apreender o jornal Hoje, do qual era diretor. Ele e seus companheiros só se entregaram pela manhã, já sem condições de respirar devido ao gás lacrimogêneo atirado pela polícia nas oficinas do jornal durante a noite inteira.
Nos debates internos do PCB que se seguiram ao golpe de 1964, Câmara Ferreira assumiu uma posição crítica ao Comitê Central, o que levou à sua expulsão junto com milhares de outros companheiros, dando origem ao então chamado Agrupamento Comunista de São Paulo, embrião da ALN – Ação Libertadora Nacional, cujos dois principais líderes foram Carlos Marighela e Toledo.
Preso em 23 de outubro de 1970 pelo delgado Sérgio Paranhos Fleury, assassino a soldo dos militares, faleceu em conseqüência das bárbaras torturas a que foi submetido.
Segue a Programação de homenagem ao Toledo:
14 de Outubro • às 19 horas
Sessão Solene de concessão de Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo a Joaquim Câmara Ferreira,“in memoriam”, na Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do Vereador Ítalo Cardoso.
22 de Outubro • às 15 horas
Visita ao túmulo do Comandante Toledo, Cemitério da Consolação,
Rua da Consolação nº 1660 • Qura Q 63.
23 de Outubro • às 14 horas
Memorial da Resistência, Largo General Osório, 66 – Luz
• 46.ª CARAVANA DA ANISTIA
Sessão especial de apreciação do requerimento de Anistia de Joaquim Câmara Ferreira.
*SÁBADO RESISTENTE Debate:
A trajetória do revolucionário Joaquim Câmara Ferreira: com José Luiz Del Roio, Guiomar Lopes,Luiz Henrique de Castro Silva e Denise Fraenkel-Kose, filha deJoaquim Câmara Ferreira.
• LANÇAMENTO DO LIVRO
O Revolucionário da Convicção: vida e obra de Joaquim Câmara Ferreira de Luiz Henrique de Castro Silva.
Organização e Parceiros:
Comissão de Anistia Ministério da Justiça
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
CONDEPE-SP
CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA