OLHAR COMUNISTA – 07/03/2017
Entre os 12 milhões de desempregados (oficiais) brasileiros, 2,4 milhões procuram por emprego há mais de 2 anos, conforme matéria de O Globo de 24/02/2017. O número, em si extremamente elevado, não reflete o total de desempregados, dado que reflete apenas os que perderam empregos formais ou se registraram em agências públicas buscando trabalho. A estimativa é de que, no total, haja 22,6 milhões de brasileiros subempregados ou em busca de trabalho, em sua maioria. Ainda segundo a matéria, quanto mais tempo fora do mercado, mais dificuldade se tem para conseguir uma ocupação.
Mesmo no capitalismo, em si gerador de desemprego e desigualdade, há mecanismos econômicos para reduzir o desemprego e proteger os desempregados em períodos de recessão, como o seguro desemprego universal, incentivos econômicos diversos e, principalmente, os investimentos públicos. Outras medidas emergenciais, como a criação de frentes de trabalho no campo e na cidade podem ser promovidas. Muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento têm mecanismos equivalentes e já aplicaram medidas emergenciais para gerar emprego e renda quando há crises. Exemplos não faltam: os EUA adotaram medidas assim após a crise de 1929, países europeus utilizaram esta orientação no pós-guerra, o Japão tem se utilizado de políticas semelhantes nos últimos anos.
No Brasil, no entanto, a geração de empregos é ligada a fatores como a criação de um “ambiente favorável” aos negócios por conta da política de austeridade cujo foco é exatamente o corte de gastos públicos em áreas sociais como saúde, educação, assistência social e previdência, de deixar de gastar em obras de provimento de moradia e infraestrutura. A chegada de investimentos privados e o surgimento de oportunidades de mercado são possibilidades. Se nada disso ocorrer, o fardo cai mais uma vez nas costas dos trabalhadores. O governo sequer cogita taxar as grandes fortunas, cortar os pagamentos de juros aos banqueiros (que consomem mais de 40% do orçamento federal) ou cobrar as dívidas do pagamento de impostos das grandes empresas.
O emprego é um direito fundamental. Deve ser garantido a todos, deve ser a prioridade maior de todos os governos, deve ser uma política de Estado. O desemprego é inaceitável!
Salários da indústria chinesa superam os dos Brasil
De acordo com pesquisa do Euromonitor Internacional divulgada recentemente, o salário médio pago na indústria chinesa é de 3,6 dólares por hora. O salário pago em média na indústria brasileira é de 2,7 dólares por hora. A mesma pesquisa aponta a tendência de elevação dos salários na China, ao contrário do que ocorre hoje no Brasil.
A elevação dos salários na China decorre de vários fatores, como o desenvolvimento geral do país, o amadurecimento da indústria, a melhor qualificação dos trabalhadores e o crescimento das contratações, além das políticas de manutenção de elevados níveis de investimento pelo governo. Significa também uma mudança na estratégia econômica industrial chinesa, que tende a voltar-se mais para o mercado de consumo interno e a exportar indústrias. A notícia põe por terra a visão falaciosa e mentirosa, longamente divulgada pela mídia anticomunista e pela direita em geral, de que a competividade dos produtos chineses no mercado mundial se dava por conta da existência de trabalho escravo.
China incentiva segundo filho
O governo chinês anunciou que pretende oferecer incentivos financeiros aos casais que desejarem ter o segundo filho. A medida visa a combater o efeito da política de um filho por casal adotada em 1979 e revogada no ano passado, pois o aumento da expectativa de vida da população nas últimas décadas reduz, proporcionalmente, o número de pessoas em idade de trabalhar.
A adoção da política de um filho por casal tinha como objetivo conter o acelerado aumento da população chinesa que se observava então, para que melhores condições de vida e seguridade social pudessem ser garantidas à maioria da população. Segundo os dirigentes chineses, é hora de corrigir o fator demográfico e oferecer condições para o crescimento familiar em condições mais favoráveis, uma vez que foi significativamente elevado o aumento geral da renda no país nesse período.