Mapa situa a luta das mulheres que resistem ao extrativismo na América Latina

imagemResumen latinoamericano.

Contagio Radio

A luta contra o extrativismo na América Latina é, em grande parte, liderada pelas mulheres. Bem se diz que quando as multinacionais impactam a terra com seu modelo de desenvolvimento, o corpo das mulheres se vê paralelamente afetado. É justamente para visibilizar essas lutas que investigadoras do Instituto da Ciência e Tecnologia Ambientais da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB), da Rede Latino-americana de Mulheres Defensoras dos Direitos Sociais e Ambientais, e Censat Água Viva-Amigos da Terra da Colômbia criaram um mapa onde se situam as resistências das mulheres.

Trata-se do mapa “Mujeres Latinoamericanas Tejiendo Territorios” [Mulheres Latino-americanas Tecendo Territórios], que foi apresentado no marco da comemoração do Dia Internacional das Lutas das Mulheres. Ali, se destacam 21 conflitos e com eles os testemunhos e experiências das lideranças que foram afetadas pelas atividades mineradoras.

“O mapa coloca em evidência o vínculo entre violência e dominação contra a natureza e a violência contra as mulheres. Porém, também coloca em questão o mito de que estas mulheres são vítimas passivas. De fato, existem casos em que as minas foram fechadas ou os projetos foram replanejados, como resultado de seu ativismo”, explica Leah Temper, coordenadora do ACKnowl-EJ e Diretora do Ejatlas do ICTA-UAB.

Diversos casos do mapa dão conta da violência que se exerce sobre as mulheres pelas atividades extrativistas. O assassinato de mulheres é parte de um padrão de perseguição que está sendo denunciado como feminicídio. Dessa maneira, visibiliza os casos em que as mulheres são criminalizadas e suas vidas postas em perigo. Porém, também são mostradas as propostas de paz territorial que se forjam a partir das lideranças e suas comunidades.

“Este continente é um celeiro de processos de defesa territorial, onde nós mulheres temos um papel protagonista. A luta pela defesa de nossos territórios e de nossos corpos é fundamental para enfrentar a avalanche de projetos extrativistas que pesam sobre a América Latina. Que melhor data para fazer esta homenagem às mulheres? O 08 de março é um dia de resistência, um dia para comemorar o papel das mulheres na construção da história da humanidade”, expressa Daniela Rojas, da CENSAT Água Viva da Colômbia.

O mapa coleta testemunhos como o de Rosa Govela, membro de uma rede de afetados pela mina Tuligtic, em Puebla, México, que assegurou se encontrarem em resistência “porque quando se complica a produção de alimentos em um território, esse efeito vai diretamente às mulheres pela angústia de não saber alimentar sua família. Outra realidade é o aumento da prostituição, da venda do álcool nas famílias, a violência contra as mulheres aumenta e o tráfico de pessoas, além do tráfico de drogas”.

O mapa pode ser consultado em: http://ejatlas.org/

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/03/10/mapa-situa-la-lucha-de-las-mujeres-que-resisten-al-extractivismo-en-america-latina/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)