A Odebrecht e o trabalho escravo

imagemEm resposta a ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, a construtora Odebrecht optou por fechar um acordo de R$ 30 milhões com o governo para evitar uma condenação pelo uso de trabalho escravo em suas obras em Angola. Esse acordo se dá ao mesmo tempo em que deixou de ser publicada pelo governo federal, desde 2015, a “lista suja” que continha indicações de trabalho escravo no Brasil, o que causou uma redução de 61% no número de trabalhadores resgatados, tendo caído, também, o número de condenações dos responsáveis. Em 2014, o número de trabalhadores resgatados foi de 1.752, em 175 operações policiais.

A existência de trabalho escravo no Brasil, assim como o uso de escravos por empresas brasileiras em outros países, é inaceitável. Trata-se de crime hediondo, causado pela busca do lucro a qualquer preço pelas empresas sem qualquer respeito à sociedade e à condição humana. Empresas que cometem esse crime devem ser estatizadas. Para os empresários envolvidos, o cárcere.

No momento atual, em que alguns grupamentos de “esquerda” chegam ao cúmulo de fazer a defesa de empresários brasileiros contra uma pretensa tramoia do imperialismo à “indústria nacional”, esquecendo-se de que o jogo do capitalismo é esse mesmo, em que prevalece a competição desenfreada e sem escrúpulos em todo o mundo, nossa postura continuará sendo a de, acima de tudo, defender os interesses da classe trabalhadora contra a exploração capitalista e denunciar sempre os ataques do capital aos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores.


Trump corta verbas sociais

A proposta orçamentária enviada pelo presidente estadunidense Donald Trump ao Congresso confirma as grandes linhas de sua plataforma política. Foram cortadas, em 31%, verbas da Agência Ambiental, do Departamento de Estado, em 29% (com destaque para os programas de auxílio no exterior), da Agricultura, em 21%, do Trabalho, em 21% e da Saúde e Serviços Humanos, em 18%. Ao mesmo tempo, aumentam em 7%, os gastos com os Veteranos de guerra, da Segurança interna, em 6%, e em 9% na Defesa.

O movimento é claro: menos gastos sociais, desprezo pela agenda ambiental, mais militarismo (para impulsionar a economia privada e fortalecer a projeção de poder no exterior pela via militar), com o fortalecimento do caráter policialesco do Estado Americano.

O discurso pseudopopulista de Trump, marcado pela expressão “America First” (EUA em primeiro lugar), proferido aparentemente com a intenção de beneficiar os trabalhadores americanos desempregados, que levou a tentativas de fechar as fronteiras para imigrantes, entre outras iniciativas, caiu por terra. Trump governa para o grande capital.

STF retira sigilo de julgamentos da ditadura

Conforme matéria de O Globo, de 17 de março último, o Supremo Tribunal Federal concedeu a um advogado o direito de ter acesso a todos os julgamentos realizados na década de 1970 pelo superior Tribunal Militar. É a primeira vez que se permitirá o acesso aos registros dos julgamentos secretos realizados pelo STM, o que poderá abrir caminho para outras ações semelhantes e, em seguida, para a consulta pública a todos os arquivos da ditadura, mantidos fechados, até hoje, devido, principalmente, à forma pela qual se deu a transição para o fim da ditadura, no Brasil, de caráter negociado, mantendo intocados os torturadores e garantindo sigilo para outras ações repressivas empreendidas pelo Estado naquele período.