OLHAR COMUNISTA – 06/04/2017
A Crise da União Europeia
A crise em curso na União Europeia, acirrada ainda mais com o anúncio recente da saída da Inglaterra (Brexit), é o reflexo direto da adoção do Euro como moeda comum, no início dos anos 1990. Políticas de repressão aos imigrantes, candidaturas de extrema-direita e graves problemas econômicos e sociais em muitos países membros são outros elementos da crise.
A UE teve sua construção iniciada na década de 1950, quando, após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os países capitalistas europeus se uniram para fazer frente, em aliança com os Estados Unidos, à União Soviética e ao recém-criado bloco socialista europeu, que haviam saído fortalecidos do conflito. Formar um forte bloco econômico capaz de fazer frente ao poderio dos EUA no mercado mundial e eliminar possíveis elementos deflagradores de uma nova guerra foram também razões apontadas na época para justificar a criação da organização europeia.
A queda da URSS no início dos anos 1990 gerou um forte desequilíbrio de poder no mundo e contribuiu para consolidar a hegemonia neoliberal que então se consolidava, a partir, principalmente, das experiências dos governos Reagan, nos EUA, e de Margareth Thatcher, na Inglaterra, na década anterior. Em 2002, foi criado e implementado o Euro, uma moeda comum que consolidava o projeto de unificação europeia, para a disputa no mercado mundial. Abriram-se os mercados, retiraram-se direitos dos trabalhadores, suprimiram-se as políticas fiscais e monetárias nacionais, subordinando os governos a esta política, sem nenhum planejamento no sentido de um desenvolvimento econômico comum acompanhado de políticas sociais voltadas a atender as necessidades da população. Pelo contrário, os interesses das grandes corporações capitalistas sempre estiveram à frente das políticas adotadas pela EU. Com o Euro, tentou-se igualar economias estruturalmente desiguais, o que contribuiu para aumentar ainda mais as desigualdades existentes entre os países membros.
As regras da União Europeia e a adoção do Euro favoreceram enormemente as grandes empresas, criando vantagens para alguns países e problemas estruturais para outros. No campo comercial, a Alemanha é a grande favorecida, seguida de Holanda, Itália, Irlanda e Bélgica; perdem, do maior para o menor déficit, Inglaterra, França, Espanha, Grécia e Portugal. Há elevado nível de desemprego, principalmente em países como Grécia, Portugal e Espanha, que também apresentam alto índice de endividamento. As mobilizações dos trabalhadores contra esse quadro têm sido fortes e crescentes.
A chegada de migrantes em grande número, principalmente nos países mais ricos, traz tensões e reações do campo mais conservador e da extrema direita, ainda que se saiba que a UE precisa de cerca de 12 milhões de trabalhadores estrangeiros por ano e que esses trabalhadores são triplamente explorados, recebendo salários e pagamentos bastante inferiores aos salários mínimos nacionais, além de não terem acesso a quaisquer direitos trabalhistas e sociais.
A quebra do bloco pode trazer mais empregos locais. Trará, também, mais polos econômicos e políticos, mas não superará, por si, a exploração do trabalho, o quadro de perda de direitos e de destruição da seguridade social que predomina na região, resultados do processo capitalista em si e do modo de acumulação hegemônico, responsáveis pelas crises sucessivas e pelos ataques aos direitos da classe trabalhadora.
2016 foi o ano mais quente da história: degradação ambiental avança
Os sinais da degradação são cada vez mais claros. Degelo nos polos do planeta, aumento da temperatura média, aquecimento dos oceanos, tempestades e desertificação crescente são apenas alguns dos efeitos mais visíveis das mudanças climáticas, causadas, por sua vez e principalmente, pelo lançamento de milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) e outros gases que produzem o chamado “efeito estufa”, pela destruição de solos e florestas e de outros sistemas naturais e o consumo crescente de recursos naturais não renováveis.
As principais causas para esse fenômeno são derivadas das atividades antrópicas, ou seja, feitas pelo homem. São gases e partículas sólidas lançadas pela indústria e pelos escapamentos dos automóveis. São florestas desmatadas para a comercialização de madeiras e criação de gado, são as terras usadas para o agronegócio com os agrotóxicos que contaminam os solos e geram danos à nossa saúde. É o consumo desenfreado de bens supérfluos. Essa sanha de mais e mais produção e consumo são decorrentes das necessidades básicas das grandes empresas capitalistas que precisam reproduzir o capital e renovar os seus mercados com novos produtos.
O sistema Terra é frágil. No ponto em que está, já são iminentes as possibilidades de não retorno, de não recuperação da natureza, no rumo da desertificação das florestas e da morte de rios e oceanos. É preciso reverter essa tendência, fazendo avançar a luta pela defesa ambiental, aprofundando o combate à essência da degradação, o próprio sistema capitalista.