OLHAR COMUNISTA – 15/04/2017

imagem41% dos jovens brasileiros não concluem o Ensino Médio

Esse é o resultado de levantamento feito por uma instituição privada, que revela ainda haver 2,4 milhões de brasileiros entre 4 e 17 anos fora da escola. São muitas as causas para esse elevado índice de evasão. Além da baixa oferta de vagas na educação pública, as deficiências gerais do sistema escolar, que começam pelos baixos salários pagos aos seus profissionais, falta de infraestrutura adequada, a necessidade de os jovens ingressarem cedo no mercado de trabalho e a falta geral de perspectivas são algumas das principais causas levantadas. Todo esse quadro se agrava ainda mais quando, para enfrentar a crise pela via (não justificável) da redução dos gastos públicos, se verifica que os cortes se concentram nas áreas sociais, com destaque para a Educação.

O capitalismo brasileiro – como o capitalismo em geral – é altamente excludente. Em seu conjunto, as empresas e o Estado não precisam de muitos trabalhadores qualificados, e a promoção de justiça social e bem-estar raras vezes esteve presente na proposição e implementação das políticas públicas.

A luta pela universalidade do acesso ao sistema estatal de ensino, gratuito e de alta qualidade, assim como a luta pela garantia da aplicação dos recursos orçamentários necessários e sua ampliação é uma luta central que deve constar de todas as pautas dos movimentos sociais no caminho da emancipação humana, da superação do capitalismo e suas mazelas.


Sobretaxa nas contas de energia

Com a alegação da queda de chuvas prevista para os próximos meses, principalmente nas regiões sudeste e nordeste, será aplicada uma sobretaxa nas contas de energia para compensar a geração a ser provida pelas usinas termoelétricas, mais poluidoras e de custo mais elevado. Nos dois últimos anos, essa sobretaxa arrecadou 18 bilhões de reais. O governo federal anunciou que vai lançar uma campanha de redução de consumo.

O aumento do preço da energia elétrica impacta todos os setores da economia e da vida social. Diminui o bem-estar, corrói os salários e freia o crescimento da economia. A matriz energética brasileira é caracterizada pelo predomínio da geração hidroelétrica, uma fonte renovável que tende a ser ambientalmente limpa, se as usinas forem bem projetadas e bem operadas. Embora essas usinas tenham um elevado custo de construção, seu custo operacional é baixo e sua vida útil, longa. No entanto, a hidroeletricidade é uma fonte que depende do volume de água disponível nos rios que abastecem as usinas e de seu regime.

Fontes de energia alternativas, como a solar, a eólica e a dos biocombustíveis, fontes mais limpas, são ainda pouco utilizadas no país, embora detenham imenso potencial. A falta de chuvas pode ser atribuída a causas como o desmatamento geral das florestas e, destacadamente, das áreas próximas às nascentes dos rios, que se dá, principalmente, por conta da exploração desenfreada da madeira, da criação extensiva de gado e do uso da terra para o agronegócio, além da expansão das cidades, elementos que são característicos do capitalismo brasileiro.

O capitalismo incentiva o consumo desenfreado de energia. O consumo, entretanto, se concentra em grandes empresas e nas camadas sociais de renda mais alta. É preciso planejar o setor de geração de energia de forma concatenada com outros setores, como o florestal e o agrário, promover o avanço no uso de fontes alternativas e democratizar o acesso à energia.


País ganha milionários mas perde poupadores

Esse é o título da matéria de O Globo de 06 de abril último. O texto revelou que o crescimento das bolsas de valores, com o investimento de pessoas físicas, cresceu em 11% e que, no entanto, foram os indivíduos de maior renda que concentraram os ganhos, ao passo que os pequenos poupadores, devido ao desemprego e à inflação elevados, tiveram que sacar suas economias para fazer frente aos gastos familiares. Há 112 mil brasileiros que têm mais de 1 milhão de reais para investir.

Os números são claros e refletem o perfil de elevadíssima concentração de renda no Brasil, fruto dos modelos de desenvolvimento que vêm se sucedendo, há muitas décadas, incluindo-se os períodos dos anos 1950, com o governo Juscelino, o período da ditadura empresarial-militar e os governos Lula e Dilma, os quais, mesmo tendo realizado políticas pontuais de distribuição de renda e promoção do emprego, jamais tiveram como objetivo central a superação das profundas e estruturais desigualdades promovidas pelo capitalismo, com o enfrentamento ao poder dos bancos, monopólios e agronegócio.