Macron, candidato da centro direita, é o novo presidente da França

imagemEmmanuel Macron venceu as eleições francesas, no segundo turno, com 65,5% dos votos válidos. A candidata Marie Le Pen, da extrema-direita, obteve 34,5%. Os votos em branco e nulos chegaram a quase 30%.

É uma clara derrota das posições xenófobas e racistas que caracterizaram a campanha da extrema direita francesa. No entanto, a elevada votação de Le Pen, assim como o igualmente elevado número de votos brancos e nulos, mostram que as insatisfações dos franceses com as políticas de austeridade impostas pela União Europeia, os altos índices de desemprego e os ataques aos direitos dos trabalhadores que vêm ocorrendo se traduziram, em parte, em votos para Le Pen, que atribui a causa desses males à União Europeia e à adoção do Euro.

A eleição mostrou que as políticas conciliatórias do Partido Socialista se mostraram inviáveis no quadro atual de crescimento dos conflitos entre o capital – os grandes bancos e as grandes empresas multinacionais, os maiores beneficiados pela unificação da Europa e a adoção da moeda comum -, e a classe trabalhadora. A adesão da França às políticas de austeridade, com cortes de gastos públicos e retirada de direitos sociais, foi decisiva para a queda do PS.

Macron vai enfrentar a contradição de opor-se à xenofobia e manter a França na União Europeia e na zona do Euro, mantendo a sujeição do país às políticas de austeridade impostas pelo bloco e à hegemonia da Alemanha. Enfrentará, ainda, as lutas contra o desemprego e pela manutenção dos direitos sociais, lutas que saem fortalecidas com a forte mobilização das centrais sindicais e o bom desempenho das esquerdas (sem o PS) no primeiro turno das eleições presidenciais, quando obtiveram, somadas, mais de 20% dos votos


Secretaria Nacional de Segurança Pública será dirigida por general com fama de “linha dura”

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz será o novo Secretário Nacional de Segurança Pública, por indicação do ministro da Justiça Osmar Serraglio. O general Carlos Alberto, cuja missão será a de articular ações de combate ao crime com os secretários estaduais de segurança, comandou uma grande operação militar da ONU na República Democrática do Congo, em 2013, para “impor a paz”, conforme descrito por analistas, à época. Atuou também no Haiti, onde atuou, em operação militar, na ocupação de uma favela com intervenção militar direta.

A nomeação traz a preocupação com o fortalecimento da visão de que a guerra é o melhor e o único caminho para o combate ao tráfico, uma guerra que, sabidamente, mata mais do que o consumo de drogas. É um caminho que, mais uma vez, deixa de levar em conta a presença do Estado nas comunidades de baixa renda, para além da segurança, com escolas, hospitais, centros de cultura, esportes e lazer, provimento de infraestrutura urbana e apoio à habitação, incluindo a oferta de empregos, medidas que possam de fato gerar perspectivas de vida digna à população, que, seguramente, prefere essa opção ao invés do crime, do tráfico e da guerra.


Exército dos EUA participará de exercício militar na Amazônia, a convite do Brasil
Conforme divulgado pela BBC Brasil, o exército americano participará de um exercício militar na   fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, na região amazônica, em novembro deste ano. A Operação “América Unida” terá dez dias de simulações de ações militares comandadas a partir de base multinacional formada por tropas dos três países da fronteira e dos Estados Unidos.   O Exército brasileiro afirma que também convidou “observadores militares de outras nações amigas e diversas agências e órgãos governamentais”.

A operação é parte do AmazonLog, exercício militar criado pelo Exército brasileiro, a partir de uma atividade realizada em 2015 pela Otan, na Hungria, da qual o Brasil participou como observador. À BBC Brasil, o Exército brasileiro negou que a atividade sirva como embrião para uma possível base multinacional na Amazônia, como aconteceu após o exercício da Otan, citado como base para a atividade.

No entanto, esse não é o primeiro exercício mútuo entre as Forças Armadas de Brasil e EUA no país. No ano passado, por exemplo, as Marinhas das duas nações realizaram atividade preparatória para a Olimpíada no Rio de Janeiro, envolvendo treinamentos com foco no antiterrorismo. Em 2015, um porta-aviões americano passou pela costa do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro para treinamento da Força Aérea Brasileira (FAB). Entre as metas da operação prevista para novembro, segundo o Exército brasileiro, estão o aumento da “capacidade de pronta resposta multinacional, sobretudo nos campos da logística humanitária e apoio ao enfrentamento de ilícitos transnacionais”.
A operação vem no esteio de uma série de novos acordos militares firmados pelas Forças Armadas de Brasil e Estados Unidos e visitas de autoridades americanas a instalações brasileiras, com o objetivo de “reaproximar” e “estreitar” as relações militares entre os dois países.

Essa reaproximação é um claro retrocesso no terreno da soberania. Preocupa a presença física de militares estadunidenses no momento em que há uma clara tendência à redução das reservas de recursos naturais no mundo, incluindo-se aqui a água. Preocupa a movimentação do Brasil no rumo do alinhamento automático com os Estados Unidos, no momento em que se fortalece, no mundo, a multipolaridade e, paralelamente, crescem os ataques do imperialismo às nações cujos governos apresentam algum tipo de resistência a essas ameaças.