OLHAR COMUNISTA – 31/07/2017

imagemAs relações promíscuas da Volks e da FIESP com a ditadura brasileira

Sob o título Entre os patos de 1972 estavam os militares, Elio Gaspari divulgou, em sua coluna de O Globo de 30/07/2017, o conteúdo do documentário de Stefanie Dodt e Thomas Aders que revelou as relações promíscuas entre a Volkswagen e a ditadura brasileira. A empresa, investigada na Alemanha, está sendo compelida a pedir desculpas. No mesmo texto, Gaspari comenta que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, do pato amarelo, jamais pediu desculpas aos brasileiros por seu apoio financeiro à repressão, no estado de São Paulo, durante a vigência da ditadura empresarial militar iniciada em 1964.

Além da constatação de uma dívida com a verdade histórica sobre aquele período, este é mais um episódio que revela a forte ligação entre as grandes empresas e o estado capitalista, que se mantêm, com a devida adequação das formas de apoio mútuo e das moedas de troca ao modelo de exercício do poder do grande empresariado, seja no padrão ditatorial ou sob os diversos arranjos da democracia formal burguesa.

Devemos exigir que a verdade se imponha. Os pedidos de desculpas formais da Volkswagen e da Fiesp não apagarão a história, mas, certamente, contribuirão para os esclarecimentos do que ocorreu de fato durante a ditadura brasileira no meio empresarial e para que seja feita a devida justiça, com a punição dos agentes da repressão e daqueles que financiaram as perseguições, torturas e mortes cometidas com o intuito maior de calar os trabalhadores e promover a expansão do capitalismo monopolista no Brasil.


Casa da Morte ameaçada de não virar memorial

O decreto que viabiliza a desapropriação do imóvel onde funcionou a chamada Casa da Morte – um dos principais centros de tortura e morte do regime empresarial-militar no Rio de Janeiro, situado na cidade de Petrópolis -, está próximo de perder a sua validade. Com isso, o projeto de criação, naquele local, do Memorial da Liberdade, Verdade e Justiça está ameaçado. Um novo decreto precisa ser editado, para que a memória de tudo o que se passou naquele local jamais seja apagada.

Diversos presos políticos desaparecidos teriam passado pela casa, dentre os quais militantes da VPR, ALN, VAR-Palmares e MR-8. Os dirigentes nacionais do PCB David Capistrano e Walter de Souza Ribeiro, além do militante José Roman, também teriam passado pelo local. Depois de torturados, todos eram assassinados. Um levantamento do governo federal feito em 2011 estimou que 19 pessoas teriam sido enterradas clandestinamente em Petrópolis.

A história deste centro de tortura hediondo somente veio à luz graças à coragem da militante Inês Etienne Romeu, que fingiu ter aceito se passar por infiltrada em troca da liberdade após três meses de tortura, e tudo denunciou, em 1979, à imprensa e às entidade3s de luta pelas liberdades democráticas, expondo toda a verdade sobre a existência da Casa da Morte.


Concessionária do aeroporto de Viracopos (Campinas) devolve o terminal ao Estado

Alegando dificuldades financeiras causadas pela queda no volume de passageiros e cargas no terminal registrada nos últimos meses, por conta da crise econômica enfrentada pelo Brasil, os acionistas da empresa Aeroportos Brasil Viracopos, concessionária que explora o aeroporto de Viracopos, decidiu devolver as instalações ao Estado. A redução das tarifas cobradas para a movimentação de cargas, fixadas pelo Estado, foi outra razão alegada para a decisão.

Como em outros setores, a privatização de instalações de infraestrutura de transportes, no caso geral, encarece o serviço e não melhora a operação nem favorece os usuários, sejam passageiros ou empresas que necessitam do transporte aéreo de cargas, com a imposição de taxas e restrições de horários e geração de filas, além do aviltamento dos salários e da deterioração das condições de trabalho dos profissionais do setor. As empresas concessionárias embolsam os lucros, mas, quando surgem dificuldades, como no caso atual de Viracopos, simplesmente abrem mão do negócio, socializando assim, via Estado, os prejuízos. Este é o capitalismo sem riscos, idealizado e praticado por boa parte dos empresários brasileiros.

Há que se reestatizar o setor, com a adoção de um novo modelo de gestão, onde o controle direto pelos trabalhadores possa garantir a transparência das operações da empresa e o cumprimento pleno de sua função social.


MST ocupa fazenda de Eike Batista

Na última terça-feira, o Movimento dos Trabalhadores sem Terra ocupou, com cerca de 500 trabalhadores, uma fazenda pertencente ao empresário Eike Batista, localizada em São Joaquim de Bicas, Minas Gerais. O MST alegou que as terras estavam abandonadas e que haviam sofrido crimes ambientais.

Além de possibilitar a retomada do processo de reforma agrária, esta é uma boa oportunidade de fazer-se justiça, com a reparação dos crimes ambientais cometidos e com a devolução à sociedade, na forma de terras, dos recursos públicos desviados pelo empresário, hoje em prisão domiciliar por corrupção ativa.