Extrema direita chega ao Parlamento alemão
OLHAR COMUNISTA – 25/09/2017
Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a extrema direita, representada pelo partido Alternativa para a Alemanha – AfD -, que recebeu cerca de 13,5% dos votos nas eleições gerais deste fim de semana, está representada no Bundestag, com a terceira maior bancada. A coligação CDU – CSU (União Democrata Cristã e União Social Cristã), de centro-direita, liderada por Angela Merkel, atual primeira ministra, foi a vencedora, com 32,5% dos votos, um retrocesso comparado aos cerca de 41,5% obtidos nas eleições anteriores.
O Partido Social Democrata – SPD – obteve 20% dos votos, bem menos que os cerca de 25% recebidos há quatro anos. Os liberais do FDP, que se opõem a qualquer ajuda a países da Zona do Euro em dificuldades, obtiveram 10% dos votos, seguidos pelos Verdes, que receberam 9,4% dos votos, e pelo Die Linke (A Esquerda), que recebeu 8,9%. Ambos cresceram cerca de 1% em relação à eleição anterior.
A formação do novo governo não será uma tarefa fácil para Merkel. Como analisa Günther Polh, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista Alemão – DKP -, o Partido Social Democrata, no século XXI, sempre esteve no governo, à exceção do período entre 2009 e 2013, mas grande parte de sua militância afirma que é necessário haver uma renovação na política do partido e quer colocar o SPD na oposição. Para Pohl, o cenário mais provável é a formação de uma coligação entre CDU – CSU, os Verdes e os Liberais. Estas forças têm, em comum, uma perspectiva neoliberal, sendo que CDU – CSU tem votos em todas as camadas sociais, e os Verdes e Liberais competem pelos votos das camadas médias altas. Para o dirigente comunista, não há outra opção para a formação do governo, pois Merkel não tem a possibilidade de aliar-se com o Die Linke.
O AfD reivindica o III Reich, o regime nazista comandado por Adolf Hitler, pelo qual expressa grande orgulho e está representado nas legislaturas de 13 entre os 16 Estados da Alemanha. Será, certamente, o maior opositor ao governo pela direita, até porque o governo Merkel tem apoiado a entrada de numerosos contingentes de imigrantes no país, para baratear o custo da mão de obra. A presença da AfD no parlamento reforçará sua base social em suas ações homofóbicas, racistas, anti-imigrantes, antimuçulmanos e outras manifestações que reagem a qualquer avanço no campo dos direitos civis e democráticos. A AfD tem votos entre os trabalhadores, que se deixam levar pela identificação dos imigrantes como culpados pelos salários mais aviltados, pelo desemprego e pela pressão sobre os serviços públicos. A opressão que seus militantes defendem e praticam é um obstáculo a mais a ser enfrentado na luta política da classe trabalhadora por sua emancipação.