Trump duela com o planeta
OLHAR COMUNISTA – 28/09/2017
Conforme descrito na matéria de O Globo, de 20 de setembro, a primeira participação do novo presidente norte-americano na Assembleia Geral da ONU foi marcada por um tom agressivo, belicoso e nacionalista, recheado por ataques ao multilateralismo e por ameaças à Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Cuba. Donald Trump chegou a dizer que irá destruir a Coreia do Norte, caso aquele país não interrompa a realização de testes com mísseis balísticos e que irá romper o acordo assinado por seu antecessor, Barack Obama, com o Irã.
O pronunciamento de Trump gerou grande indignação e foi duramente criticado por diversos líderes, como Emmanuel Macron, presidente da França, e Doris Leuthard, presidente da Suíça. Nicolás Maduro, presidente Venezuelano, chamou Trump de “novo Hitler”. Hassan Rouhani, presidente do Irã, afirmou que, se os Estados Unidos romperem o acordo firmado com seu país, perderão a confiança da comunidade internacional. Poucos líderes apoiaram o discurso do presidente dos EUA, como o presidente de Israel, Benjamim Netanyahu, para quem o acordo firmado entre EUA e Irã, que permite o uso pacífico da energia nuclear para o bem-estar do povo iraniano, é “uma vergonha”.
Essa potura de Donald Trump reflete o desespero dos Estados Unidos com a queda de sua posição de absoluta hegemonia no cenário político internacional. As ameaças ao uso da força militar e o desprezo pela comunidade internacional e à própria ONU são também uma clara demonstração da fidelidade de Trump às demandas dos segmentos da direita e da extrema direita que o ajudaram a eleger-se, ainda que com a minoria dos votos nacionais. Em sua campanha, Trump defendeu o afastamento dos EUA do mercado mundial e dos organismos multilaterais, anunciou a retirada de direitos civis e trabalhistas, a perseguição aos imigrantes e fez apologia à supremacia branca, entre outras ameaças.
Ao adotar atitudes truculentas e belicistas que aumentam os riscos de um conflito nuclear, de consequências incalculavelmente nefastas para a humanidade, e ao isolar-se da comunidade internacional, Trump consegue uma majoritária oposição mundial contra si, o que já se reflete no fortalecimento dos movimentos sociais e de trabalhadores que combatem seu governo, no interior dos Estados Unidos, assim como na tomada de posição de parte das chamadas elites norte-americanas contra ele, o que poderá vir a apressar a sua saída da presidência daquele país.