Mais cortes nos investimentos públicos
OLHAR COMUNISTA – 21/10/2017
O governo Temer anunciou corte de 12, 1 bilhões de reais nas obras do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, deixando totalmente à mercê do mercado os rumos da economia brasileira. Mesmo com a liberação de R$ 3,9 bilhões, ocorrida na semana passada, os números dos recursos do Tesouro investidos no PAC ficarão, em 2018, ficarão bem abaixo dos 47,2 bilhões de 2015 e dos 42 bilhões de 2016: dos 36 bilhões previstos para 2017. O programa, criado pelo governo Lula para favorecer as empresas capitalistas, com destaque para as empreiteiras, já teve 12 bilhões cortados, até o mês de setembro.
Das 1600 obras que estavam paralisadas em novembro de 2016, 673 foram retomadas e apenas 198 foram concluídas. Segundo o Ministério do Planejamento, além da restrição orçamentária, há problemas técnicos e ambientais travando as obras, e 212 delas foram abandonadas pelas empresas. Rodovias, portos e aeroportos foram afetados. A participação do capital privado nos projetos de infraestrutura é ínfima, como afirma o pesquisador Carlos Campos, do IPEA, para quem o envolvimento do setor privado se dava por conta das concessões. Uma vez que grande parte das atividades dessas áreas já foi concedida, o empresariado deixou de ter interesse no programa, pois corre atrás apenas de projetos em que o retorno é elevado.
O investimento público é variável-chave no processo de crescimento da economia, pois, além de seus efeitos multiplicadores, que geram emprego e renda em maior escala, possibilitam ao governo dirigir os gastos para as áreas de maior interesse social. Esse tem sido o padrão seguido por países como a China, que vem apresentando elevadas taxas de crescimento nas últimas décadas. A opinião do pesquisador do IPEA é o que todos sabemos: ao empresariado só interessa os grandes lucros, não as demandas da população e dos trabalhadores. O Estado brasileiro vem servindo, de forma cada vez mais explícita, exatamente aos interesses das grandes empresas privadas.