América Latina e Caribe têm dívida histórica com as mulheres jovens
OLHAR COMUNISTA – 23/10/2017
O relatório do Fundo de Populações da Nações Unidas (UNFPA) afirma que, na América Latina e no Caribe, quatro em cada cinco gestações de adolescentes não são planejadas. Para a organização, esse índice é uma amostra da desigualdade de gênero existente na região, onde o número de partos entre meninas de menos de 15 anos aumentou – cerca de 10% – nos últimos anos. O FNUPA entende que o desenvolvimento sustentável – que, segundo o último protocolo internacional assinado, aponta para a promoção da igualdade de gêneros – deve ser efetivamente assumido pelos países, incluindo, além do trabalho de esclarecimento sobre prevenção da gravidez e do acesso aos meios contraceptivos, a promoção do acesso à Educação e à capacitação profissional para todas as mulheres.
O Brasil, ocupa a sétima posição no que concerne à taxa de gravidez adolescente da América do Sul, empatando com Peru e Suriname, com um índice de 65 gestações para cada mil meninas de 15 a 19 anos, segundo dados referentes ao período de 2006 a 2015 divulgados pelo Fundo. Um em cada cinco bebês que nascem no Brasil é filho de mãe adolescente. De cada cinco mães adolescentes, três não trabalham nem estudam, sete em cada dez são afrodescendentes e aproximadamente a metade mora na região Nordeste.
A gravidez precoce, nas condições em que vive a maioria das jovens, reforça ainda mais a desigualdade entre os gêneros. E, é claro, a desigualdade entre os gêneros é fruto, principalmente, da enorme desigualdade existente entre as classes sociais, resultante das características do desenvolvimento do capitalismo, em si gerador de desigualdades, e agravado, nos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, pelo caráter periférico e subalterno de que o sistema se reveste, como nos casos dos países capitalistas da América Latina e do Caribe.