Multinacionais aumentam a remessa de lucros ao exterior

Multinacionais aumentam a remessa de lucros ao exteriorOLHAR COMUNISTA – 22/01/2018

Pela primeira vez em quatro anos, as empresas multinacionais operando no Brasil aumentaram as remessas de lucros e dividendos para suas matrizes no exterior, totalizando 13,8 bilhões de dólares, 34% a mais do que os valores de 2016, segundo o Banco Central. Em 2011, foram 25,1 bilhões.

Entre as razões apontadas para o aumento estão os juros mais baixos – que desincentivam as aplicações financeiras – e a desvalorização do Real. A medida do governo Trump, que reduz o imposto de renda para as empresas americana, é outra das causas para o aumento das remessas para os Estados Unidos, para onde foram 31,1% do total remetido, seguidos por Holanda – 20% -, Luxemburgo – 10%, Espanha – 8,3%, e França – 5,3%.

OLHAR COMUNISTA 452A atração de empresas estrangeiras, no capitalismo, tornou-se uma política comum, com vistas à promoção e aceleração do desenvolvimento de um país. No entanto, se a presença estrangeira for majoritária nos setores da economia onde atuam e não forem adotadas as devidas salvaguardas, pode ser criada uma armadilha para o país, que, além de perder com as remessas, pode sofrer o não desenvolvimento de tecnologia local, o que tende a ocorrer – pois as grandes empresas internacionais concentram seus esforços de pesquisa nos países-sede – e ficar subordinado às decisões estratégicas das empresas de fora. O mesmo se dá, quanto à subordinação do país às estratégias empresariais, quando nos setores dominados por empresas privadas nacionais.

As principais salvaguardas para a permissão da operação de empresas estrangeiras em condições soberanas são as exigências de exportação, para equilibrar os fluxos externos de recursos, a exigência de investimentos em pesquisa e a fixação de metas de produção pelo Estado. A presença de empresas estatais ocupando a maior parte do setor e o estabelecimento de empresas mistas com a maioria das ações de posse do Estado são outras salvaguardas usualmente adotadas, assim como o controle direto das operações das empresas pelo Estado, entre outras medidas.

O capitalismo brasileiro recorreu ao capital externo, principalmente nos anos de 1950, quando se instalou o novo pólo dinâmico e moderno da economia, com a produção dos automóveis, eletrodomésticos e outros bens duráveis. A vinda de empresas estrangeiras e a compra de empresas brasileiras por investidores estrangeiros se acelerou nos anos 1990, com a abertura da economia e sua desregulamentação generalizada. Com a internacionalização geral do capitalismo e a integração das empresas e das burguesias nacionais, a presença de grupos econômicos importantes caracterizadamente brasileiros reduziu-se acentuadamente. A onda de privatizações que se deu no período reduziu drasticamente, também, a presença de empresas públicas, e o Estado brasileiro modificou-se para melhor atender às demandas burguesas.

Dadas as determinações estruturais do desenvolvimento capitalista, a tendência dos grandes grupos é maximizar seus lucros internacionalmente, sem qualquer compromisso com o desenvolvimento dos países e muito menos com o atendimento das necessidades da maioria de sua população.

A mudança desse quadro só será possível com um outro Estado, controlado pelos trabalhadores, que possa, se for necessária a presença de empresas privadas nacionais e estrangeiras, fazer com que estas operem em condições controladas e voltadas para a satisfação das necessidades dos trabalhadores.