A Semana no Olhar Comunista – 0011
Votações como a da Emenda 29 e o Código Florestal fizeram o executivo abrir os cofres para não ver “rebeliões” em sua base parlamentar. Após autorizar o pagamento de R$ 400 milhões de emendas parlamentares em agosto, outros R$ 400 milhões devem ser liberados até o final do mês.
Além disso, a ministra Ideli Salvatti afirmou a O Globo que o governo deverá empenhar outros R$ 400 milhões de emendas ao orçamento – R$ 600 milhões já o foram empenhados. “No segundo semestre, estamos normalizando aquilo que era o grande motivo da pressão e das queixas dos parlamentares”, disse a ministra, para completar: “A partir do momento que vamos normalizando isso, além de cumprir compromisso, diminuímos a pressão em cima dos parlamentares, e é claro que isso nos ajuda”.
Se isso não é “toma lá, dá cá”, o que mais é???
NeoUDNismo sob os flashes da mídia
Com flagrante ranço de direita – anti-partidos – e apoio maciço dos meios de comunicação, as iniciativas de “luta” contra a corrupção retomam a velha tática udenista que tão bem faz à consciência de classe média e não toca – nunca! – em uma ponta fundamental desse problema: os corruptores. Não à toa, analistas nada isentos já aproveitam as manifestações para voltar com a velha cantilena do voto distrital, “paroquial” por excelência;
Renegar o passado
O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, pediu bênçãos e recebeu “carta branca” dos comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica para aprovar a Comissão da Verdade, que de verdade só terão nome pois manterá a Lei de Anistia, referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com seu assessor José Genuíno, tal comissão não tocaria nos processos de tortura. “Tudo será feito em acordo entre todas as partes”, assegurou, mostrando que as raposas continuam mandando no galinheiro. Farão parte da força-tarefa de proteção aos torturadores os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
Privilegiados e incógnitos
Esta é a chamada da matéria da revista “Carta Capital”, de 07 de setembro, que descreve o crescimento da “classe alta” brasileira – os ricos – em 54%, nos últimos 8 anos. O Brasil, em termos de número de bilionários, está em 7º lugar no mundo, com 30 ricaços, atrás de EUA (415), China (115), Rússia (101), Índia (55) Alemanha (52 e Inglaterra (32).
Esses números refletem expansão, nesse período, das classes A e B (com rendimentos superiores a R$ 5.144,00 mensais, ou seja, as camadas médias média e alta e os ricos), que pularam de 13,3 milhões, em 2003, para 22,5 milhões). A matéria registra também o aumento da classe C, de 46% (a chamada classe média baixa), e o encolhimento das classes D e E (os mais pobres e aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza), que, de 96,2 milhões de integrantes, em 2003, caíram para 62,5 milhões, em 2011.
Além de descrever os hábitos dos novos ricos – compras, em consórcio, de jatinhos, helicópteros e outros brinquedinhos, por exemplo – o texto fala, também, da baixa taxação da renda dos mais ricos (de, no máximo, de 27.5%), e da cobrança dessa taxa para uma faixa de renda baixa – a partir de R$ 3.743,00 mensais, o que coloca o Brasil em 54º lugar na lista de países que mais taxam os mais ricos (ou seja, os ricos quase não são taxados em sua renda. Na França, por exemplo, a taxação chega a 57%, para a faixa de renda superior). A distribuição da carga tributária reafirma a mesma distorção: 55% vêm do consumo, 31% sobre a renda e apenas 13,5% sobre o patrimônio.
Todos esses números evidenciam a enorme desigualdade existente no Brasil, deixam claro o gigantesco número de pobres miseráveis entre a população, e evidenciam a grosseira injustiça da não taxação da riqueza. São os números do capitalismo, que, por sua natureza, em todos os lugares, em todas as épocas, concentra a renda e elimina postos de trabalho, e as características do capitalismo brasileiro, onde a classe dominante vive, em uma ilha de luxúria, sem ser incomodada e, muito menos, taxada.
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Torturadores, assassinos, apoiados pela Mídia…
A Anistia Internacional pediu ao fantoche chamado Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT) que tome medidas para impedir a violação dos direitos humanos por parte de seus apoiadores. A entidade de defesa dos direitos humanos diz que os mercenários do CNT praticam o linchamento de africanos negros suspeitos de serem a favor de Khadafi, assassinatos por vingança e tortura de soldados inimigos capturados. Pede ainda o combate à xenofobia e ao racismo.
Como se nada disso fosse sabido há tempos, a organização finalmente foi obrigada a se pronunciar pelo grau das atrocidades, cometidas aliás sob beneplácito do capitalismo global e sua mídia, que passou ao mundo a imagem de que esses assassinos eram “libertadores”.
Querem roubar R$ 11,6 bilhões do FAT!
O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) poderá fechar suas contas no vermelho em 2012. E a culpa é do Governo Federal, que quer prorrogar a Desvinculação de Receitas da União (DRU). O mecanismo, que retira 20% de todas as receitas “carimbadas”, autoriza que elas sejam usadas em qualquer outro setor no qual o governo considere mais adequado. Donde se conclui que R$ 11,6 bilhões do FAT serão destinados para o pagamento de juros a banqueiros e especulares, para cobrir a renúncia fiscal de empresários, para financiar a expansão do Brasil SA pelo mundo…
Até agora, o único déficit registrado na história do FAT, de R$ 1,8 bilhão, ocorreu em 2009, em meio à crise. O governo alega que a DRU é necessária para que o Executivo tenha margem de manobra sobre o Orçamento, “engessado” por causa das receitas que já são, por lei, “carimbadas” para finalidades específicas. Parem de botar dinheiro no bolso de banqueiros e empreiteiras, ora bolas!
A nova roupagem da velha colonização…
Com “problemas” em casa, as empresas européias se lembraram da antiga colônia e voltaram forte para explorar o trabalhador tupiniquim: os investimentos produtivos europeus quase triplicaram na economia brasileira em 2011, alcançando US$ 23,4 bilhões nos primeiros sete meses deste ano.
É bom os sindicalistas começarem a estudar alemão, francês e outras línguas para lidar com essa gente… E em várias categorias: fontes do Banco Central ouvidas pelo Estadão dizem que 13 setores receberam mais de US$ 1 bilhão em investimentos europeus (energia elétrica, comércio varejista, produtos alimentícios, extração mineral, metalurgia, petróleo e gás, minerais não metálicos, seguros, metalurgia, farmacêutico, equipamentos de informática, educação e infraestrutura).
… E nossa “ajuda” aos pobres governantes do Velho Continente
O ministro da Fazenda Guido Mantega informou nessa terça-feira que países emergentes se reunirão na próxima semana, em Washington, para encontrar uma forma de ajudar a União Européia. Brasil, China, Rússia e Índia vão “ver o que fazer para ajudar a União Europeia a sair dessa situação”, disse Mantega.
Ué, mas se os capitalistas de lá estão cheios de recursos para investir aqui, por que não ajudam seus próprios países??? O capital explica…
ONGs, da CPI a novos contratos
Matéria de O Globo revela que, um ano após a conclusão da CPI das ONGs – que investigou entidades deste tipo acusadas de irregularidades nos contratos com o governo, entre 2007 e 2010 –, muitas delas citadas como irregulares no relatório final continuam a realizar contratos com o governo (mais de R$ 10 milhões em 2010 e 2011).
As ONGs (hoje há cerca de 338.000, no Brasil) tiveram grande impulso a partir dos anos 90, com a prevalência das políticas neoliberais, sendo vistas, então, como uma alternativa ao Estado e ao setor privado para o provimento de ações sociais. Há diversos tipos de ONGs: as de motivação religiosa, política ou de cunho assistencialista, sendo a maior parte delas de pequeno porte. No entanto, observa-se que muitas das ONGs brasileiras recebem financiamento de organizações congêneres internacionais que, por sua vez, são bancadas por grandes empresas ou por governos, transformando-se em “correias de transmissão” de seus interesses. E os dados apresentados na matéria mostram claramente que, além do nefasto papel de desobrigar o Estado do provimento de muitos serviços e garantias sociais básicos, muitas dessas entidades têm caráter de fachadas, de mecanismos para a captação privada de recursos públicos sem qualquer impacto efetivo na oferta de bem-estar para a população.
O 11 de setembro que a mídia não mostrou
A cobertura do aniversário do 11 de setembro foi intensa, em toda a mídia. Até depoimentos de ex-agentes do sistema de inteligência dos EUA com denúncias quanto às reais motivações para a invasão do Iraque – interesses na reeleição de Bush, nos negócios do petróleo, na reafirmação do poderia americano então seriamente abalado e outras – apareceram. No entanto, muito pouco ou quase nada se disse do outro 11 de setembro, o de 1973, no Chile, quando foi derrubado, por um golpe militar, o governo socialista de Salvador Allende.
O golpe, iniciado com o bombardeio da sede do governo, o Palácio de la Moneda, assim como várias de fábricas onde estavam trabalhadores dispostos a resistir, foi clara e declaradamente apoiado pela burguesia chilena e pelos Estados Unidos, e deu início a uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina, comandada pelo general Augusto Pinochet. Mais de 30 mil pessoas foram torturadas e mortas, um número muitas vezes maior do que o das vítimas do 11 de setembro de Nova Iorque que, com razão, comoveu o mundo.
Número de norte-americanos vivendo abaixo da linha da pobreza bate recorde
A agência Reuters informou em 12/09 que o número de norte-americanos vivendo abaixo da linha de pobreza alcançou a cifra recorde de 46,2 milhões de pessoas em 2011, passando a 15,1% da população. Os dados são do censo econômico realizado recentemente nos EUA, que revelou, ainda, que o número de norte-americanos sem plano de saúde está em torno de 50 milhões.
Os números refletem não apenas o agravamento da atual crise econômica, mas também o perverso padrão de distribuição de renda e a ausência de oferta de serviços públicos gratuitos e garantias sociais para os trabalhadores de baixa renda e desempregados nos Estados Unidos, a maior economia do mundo e maior pólo do capitalismo, onde não nunva houve um sistema universal de saúde pública e sempre foi muito elevado o número dos que trabalham em condições precárias e sem seguridade social.