A Semana no Olhar Comunista – 0013
Ao contrário de Dilma Rousseff, por quem foi nomeado presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, o super-herói dos “de cima” acha que os problemas de Saúde se resolvem com “gestão” – a mesma, aliás, que faz os usuários de plano de saúde também serem tratados como gado para o bom “desempenho” e a alta “competitividade” dos planos de saúde.
Não estamos imunes
Ele acerta em grande parte do diagnóstico, mas erra crassamente no remédio. O economista e professor direitista Dani Rodrik, em entrevista a O Globo, joga água fria na crença de que os chamados “países emergentes” vão “surfar” na onda da crise econômica mundial.
Para ele, o bom desempenho recente desses países, Brasil incluído, tem caráter episódico, não é estrutural. “O processo interno de deslocar a mão de obra para atividades de alta produtividade é muito lento ou esta se desloca na direção contrária. Quando olho para a América Latina e a África, não vejo o futuro muito diferente do que ocorreu no passado. Entrou-se numa nova era de crescimento, mas esses países continuam enfrentando significantes desafios, e será muito difícil de manter o crescimento em índices elevados”, diz Rodrik, que atribui ao alto preço das commodities ou à descoberta de novos recursos naturais o aparente sucesso recente do Brasil, acrescentando que “há muitos trabalhadores na América Latina em atividade em setores improdutivos ou no emprego informal”, o que, para ele, é um grande obstáculo para o crescimento futuro.
O professor analisou, na entrevista, os possíveis impactos da crise sobre os “emergentes”, ressaltando que “alguns países serão mais afetados do que outros”. Como exemplo, mencionou que “a Turquia será bem mais afetada do que o Brasil, que não apresenta déficits externos”, acrescentando que “o crescimento de médio para longo prazo no Brasil será mais afetado pelo que ocorre no próprio Brasil do que na economia do mundo. O Brasil é uma grande economia, e seu maior desafio é disseminar tecnologia, ideias e oportunidades pela totalidade da sociedade”.
Para Rodrik, o pior ainda está por vir para a Europa, pois, entre outros fatores, o que a Alemanha (potência capaz de mudar os rumos da economia da região está oferecendo para a Grécia e outros países “é a de mais e mais austeridade” e, para ele, “nunca na História a austeridade foi a solução correta”.
Mais 20 milhões de desempregados até 2012
Os riscos de um desemprego prolongado estão crescendo no grupo dos 20 países mais desenvolvidos e em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que a atividade econômica desacelera, mostrou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentado nesta segunda-feira em Paris. O estudo indica que os países do G-20 perderam 20 milhões de empregos com a crise financeira de 2008 e se arriscam a perder mais 20 milhões até o fim de 2012.
“O emprego e as políticas sociais deveriam estar no centro de uma política de combate à situação atual”, disse Stefano Scarpetta, chefe de análise de empregos na OCDE, para quem a situação tende a piorar com a atual desaceleração da economia. “Ser a taxa de emprego crescer 0,8% até o final de 2012, agora uma possibilidade bem presente, então a falta de empregos crescerá em mais 20 milhões de postos de trabalho para um total de 40 milhões nos países do G-20”, disse o relatório da OIT e da OCDE.
O desemprego permanece elevado na Europa como um todo e tende a elevar-se mais ainda em diversos países como Inglaterra periféricos Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul e outros, levando ao aumento das tensões sociais, e, nas palavras Scarpetta, “quando as tensões sociais crescem em um país elas têm implicações em outro”. O desemprego é a consequência mais dramática não apenas da crise econômica em curso, mas também das tendências estruturais do sistema capitalista.
Dinheiro? Só para banqueiro, industrial, especulador…
A maior parte do Orçamento federal, principalmente no que diz respeito às áreas de interesse social, não foi implementada, o que torna bem distantes as metas fixadas para 2011. Entre os principais compromissos assumidos em campanha estão o programa Minha Casa Minha Vida, a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e de Unidades Básicas de Saúde (UBS), de quadras esportivas e de postos de polícia comunitária. A liberação, até setembro, não chega a 10% do aprovado. O programa de construção de creches teve 21% dos recursos liberados, mas o programa Minha Casa Minha Vida recebeu o primeiro golpe em março, com o corte de R$ 5,1 bilhões na dotação inicial de R$ 12,6 bilhões prevista no Orçamento.
O governo anunciou, há poucos dias, medidas para combater as importações – fortalecendo o mercado interno – e divulgou a intenção de reduzir os juros, mediadas para tentar impulsionar o mercado interno. O corte de gastos e a enorme demora na liberação dos (parcos) recursos para as áreas sociais, no entanto, deixa bem claro as prioridades do governo, que propõe um modelo de “inclusão” precário para as camadas de mais baixa renda da população pelo aumento dos empregos precarizados e pelo maior consumo de alguns bens duráveis, apoiado por uma política de facilitação de crédito, sem a garantia dos direitos sociais mais básicos.
Metas de inflação e câmbio flutuante em xeque?
O Globo, em matéria sobre pretensas “mudanças de rumo” na política econômica brasileira, afirma que o país estaria se afastando do tripé metas de inflação/câmbio flutuante/superávit fiscal.
Nada mais enganoso. E quem diz isso é representante do próprio cão guarda dessa política, que já estaria rosnando se algo tivesse mudado: o diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Brasil e outros oito países, Paulo Nogueira Batista Júnior.
Nogueira deixa claro que o tripé continua intacto, havendo apenas “reorientação”, aliás, como na maioria dos países mundo, no próprio FMI, nos Estados Unidos e na Europa.
Só tende a piorar…
A BBC listou uma série de propostas em discussão para recuperar a economia dos países da Zona do Euro. Pelos itens e a “reação do mercado”, vê-se que a crise só tende a piorar e que a especulação sobre o futuro desses povos ainda rola solta.
Os pacotes de ajuda financeira para Grécia, Irlanda e Portugal não acabaram com a “turbulência” nos mercados financeiros, pois os “investidores” ainda tentam manipular as finanças através das dívidas dos estados. Eles também “temem” que os bancos não tenham reserva suficiente para suportar calotes de seus devedores, e pedem que ações sejam tomadas para restaurar a confiança nos bancos (no português claro, mais dinheiro público para bancos privados).
Política de “chinelo” de Zapatero leva à novas eleições
A política abertamente de direita do primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, como era de se esperar, não pode gerar soluções concretas para a maioria da população espanhola, o que causou nova crise de legitimidade do governo e fez com que o “social-democrata” anunciasse a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas em novembro.
Zapatero está no poder desde 2004 e enfrenta baixos níveis de popularidade, agravados pelo baixo desempenho da economia espanhola. O nível de desemprego no país é o mais alto da Europa. Peca por manter, assim como a quase totalidade de governos social-democratas, uma política neoliberal de fato na condução do país.
Obama: office boy e pedinte do sionismo
O discurso do presidente dos EUA na Assembléia geral da ONU em relação à demanda dos palestinos por seu reconhecimento como estado pleno na Organização não deixam dúvidas: ele é um office boy dos interesses sionistas, e o é por ter que “passar o chapéu” entre os doadores judeus de extrema direita no pleito que virá em 2012. Um moleque de recados de luxo.
Não à toa, quase mil palestinos protestaram um dia após sua fala na ONU, afirmando em alto e bom som que “Vergonha dos que se dizem democratas” e “América é a cabeça da serpente”.
Um alto funcionário do ministério palestino da Informação, Mutawakil Taha, acusou Obama de atuar “como um colono israelense”. “Quarenta e dois vetos americanos na ONU permitiram a Israel continuar impondo o apartheid na região. O discurso de Obama desmascarou os Estados Unidos, que fingem apoiar as revoluções árabes”, declarou.
A “qualidade de vida” do “desenvolvimento” recente
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a poluição do ar chegou a níveis prejudiciais à saúde da população que vive no Rio de Janeiro e em São Paulo. É essa a “qualidade de vida” do legado petista no governo, esse é o “bem estar” conquistado quando o consumismo domina mentes à procura de carros ao invés do transporte público, por exemplo.
Segundo a OMS, o Rio de Janeiro registrou poluição média anual de 64 microgramas por metro cúbico, e São Paulo de 38 microgramas por metro cúbico (sendo está já duas vezes acima do ideal recomendado).
A pesquisa englobou 1.100 cidades de 91 países e mostra as taxas de poluição por capital e cidades com mais de 100 mil residentes. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas morram todos os anos devido a esta poluição.
É este o desenvolvimento que querem nos impor como a solução para os problemas e sonhos dos trabalhadores…
Tudo para os 45 do segundo tempo – e sem licitação, é óbvio…
A Folha de S. Paulo noticiou: quatro anos se passaram desde que o Brasil foi escolhido a sede da Copa 2014, e o governo já perdeu completamente o controle do andamento das obras ligadas ao evento.
O que a matéria não diz é que essa “perda” não é nada acidental, como vimos durante o Pan de 2007: ela é uma ótima oportunidade para superfaturamentos, comissões, uma verdadeira “farra do boi”.
O tal “legado de infraestrutura” que seria deixado ao país não existe nem existirá, como afirma a matéria, já que o balanço mais recente do governo sobre os projetos está desatualizado e seus prazos não batem com informações das cidades-sede.
A senha para que nada de positivo fique para a população já foi dada, verbalizada com a maior cara de pau: “autoridades” que acompanham os preparativos para a Copa já falam em “organizar os dias de jogos com a estrutura hoje disponível, sem contar com as novas obras”.
Vítima de chantagem ou sócio da farra?
A imprensa brasileira tem tentado fazermos crer que existe uma disputa entre a Fifa e o governo brasileiro em relação a “Lei Geral da Copa”, que retira a tributação sobre produtos e serviços relacionados ao Mundial de 2014, instaura o feriado municipal em dias de jogos e permite o consumo de bebidas alcoólicas nos jogos, entre outras ações.
Nada mais mentiroso, como ficará comprovado na votação do projeto de lei. O Executivo e o Legislativo aprovarão todas as medidas impostas pela cartolagem internacional, não apenas como mais uma prova de que não respeitam a soberania nacional (lembram-se das medidas para a visita de Obama ao Rio de Janeiro?) como também porque, direta ou indiretamente, precisam remunerar sua sócia – a entidade sediada em Zurique – que tanto vem permitindo roubalheiras e mais roubalheiras desde que o país fpoi escolhido a sede do evento.