A Semana no Olhar Comunista – 0014
A dura repressão policial contra a manifestação realizada na ponte do Brooklyn, no último sábado, incentivou norte-americanos de Boston, Los Angeles, Novo México, Chicago e Maine a se juntarem ao movimento Ocuppy Wall Street, cujos ativistas exigem uma economia a serviço das pessoas, a regulação do mercado financeiro, a limitação da influência do mercado na política, a criação de um banco público e a partilha equitativa da riqueza.
Ainda que de forma desorganizada e sem uma plataforma clara, a revolta dessas pessoas contra a crise econômica e seus desdobramentos – retirada de direitos dos trabalhadores e trilhões de dólares para salvamento das instituições financeiras – conseguiu despertar a simpatia e a solidariedade de pessoas saíram às ruas de Boston, Los Angeles, Novo México, Carolina do Norte e Maine para dar apoio aos nova-iorquinos. Em suas localidades, elas marcharam em direção a prédios públicos e realizaram atos em frente às sedes de grandes bancos.
Em Nova York, os manifestantes continuam acampados a algumas quadras da Wall Street. O movimento de revolta ganhou o apoio do cineasta Michael Moore e da atriz Susan Sarandon.
Shell financiou conflitos na Nigéria
Investigação de ONGs indica que a Shell pagou milhares de dólares a grupos clandestinos rivais na Nigéria, o que gerou conflitos. A empresa é suspeita de estar envolvida em casos de violação dos Direitos Humanos no delta do rio Niger, região que possui grandes reservas de petróleo. A investigação inclui testemunhos de gerentes da Shell. eles afirmaram que integrantes das forças armadas contratadas pela petroleira usaram da violência contra civis locais, com torturas e execuções sumárias.
Segundo o The Guardian, em apenas um caso de 2010, a Shell teria passado de US$ 159 mil para compra de munições e itens para o conflito. Os pagamentos provocaram disputas entre grupos paramilitares em busca do dinheiro. A disputa pelo dinheiro da Shell aumentou a briga pela liderança entre os grupos locais, matando cerca de 60 pessoas entre 2005 e 2008.
Farda enlameada
A revista Carta Capital traz em sua matéria de capa a informação de que a Procuradoria-Geral da República analisa representação encaminhada pelo Ministério Público Militar contra o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri.
“Ao todo, 25 oficiais de variadas patentes, incluindo sete generais e oito coronéis, são suspeitos de integrar um esquema que fraudou licitações, superfaturou contratos, fez pagamentos em duplicidade e pode ter desviado dos cofres públicos ao menos 15 milhões de reais entre 2003 e 2009, segundo os cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU)”, afirma a revista.
Mas o rombo pode ser maior. Só o major Washington Luiz de Paula, que teria montado a rede de empresas fantasmas beneficiadas, teria acumulado fortuna pessoal de R$ 10 milhões – mesmo com renda bruta mensal estimada em cerca de R$ 12 mil.
Compromisso com a bandidagem global
O governo brasileiro anunciou que vai rever alguns pontos da Lei Geral da Copa para atender às exigências da Fifa. O anúncio foi feito pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva, após reunião entre Dilma Rousseff e o secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke.
“Nosso objetivo é oferecer eventualmente ao Congresso algumas sugestões adicionais para que a redação da lei deixe o mais claro possível o compromisso do Brasil com as garantias que anteriormente foram oferecidas à Fifa”, afirmou Silva, porta-voz do “compromisso” com a cartolagem bandida e global e office boy da Fifa junto aos governos estaduais por um “acordo” sobre a questão da meia-entrada para estudantes, uma legislação dos estados.
Resposta errada
Em artigo publicado com exclusividade para a BBC, o secretário-geral da OCDE Ángel Gurría afirma que “o capitalismo não fracassou” e que o problema está apenas em sua regulação, supervisão e gerenciamento. “Me questiono se é o capitalismo que deve estar no banco dos réus. Eu preferiria falar de mercados abertos”, afirma o cínico.
A irracionalidade do sistema é tratada como não intrínseca a ele, como algo que pode ser permanentemente retirada de uma mentalidade que só visa o lucro. “Acredito que falhamos como reguladores, supervisores, gerentes da governança corporativa, como gerenciadores de riscos e também na distribuição de papeis e responsabilidades para organizações econômicas internacionais. Nosso fracasso financeiro se espalhou imediatamente para a economia real. Saímos de uma crise financeira para a paralisia econômica e um choque de desemprego, com médias de 9, 10%. Entre os jovens em particular, as taxas sobem para 20, 30, 40%. Esta é a face humana e a realidade trágica desta crise”.
Realmente trágica, Gurría, mas não para personagens como ele. Não à toa, as soluções propostas pelo “preocupado” são mais exploração: “o foco primário no contexto de uma estratégia de longo prazo para restaurar o crescimento sustentável deve ser nas reformas dos produtos e dos mercados de trabalho, como educação, inovação, crescimento verde, competição, impostos, saúde”.
Haja cara de pau…
Conservadorismo e descrença
A divulgação do Índice de Confiança Social do Ibope Inteligência pela imprensa traz resultados alarmantes: a instituição presidente da República ganhou 60 pontos, bem acima do Congresso Nacional (35) e dos partidos políticos (28).
A lista traz ainda os bombeiros em primeiro lugar (86pontos), acima de instituições reacionárias como as Igrejas e as Forças Armadas (ambas com 72 pontos). Já o sistema público de saúde apresentou maior queda (tinha 49 pontos em 2009, agora tem 41), seguida por escolas públicas (tinha 62 e passou para 55) e meios de comunicação (de 71 pontos para 65 pontos).
Brazil SA I
A companhia aérea chilena PAL recorreu à Suprema Corte do Chile contra a decisão do órgão regulador daquele país de aprovar a união entre TAM e LAN. De acordo com a agência Reuters, a Suprema Corte chilena deverá decidir se aceita ou não a objeção. A medida ocorre após o tribunal antitruste chileno aprovar a fusão entre as companhias com restrições, abrindo caminho para a criação de um dos maiores grupos aéreos do mundo.
Brazil SA II
A Brasil Foods anunciou nesta segunda-feira a aquisição de três companhias na Argentina que atuam nas áreas de food service e processamento de aves. As aquisições foram fechadas por cerca de US$ 150 milhões, informou a empresa através de “comunicado ao mercado” nesta segunda-feira.
Segue o desmatamento
O Ministério do Meio Ambiente divulgou que a Amazônia perdeu 164 km² em agosto. O desmatamento cresceu 13,56% nos oito primeiros meses do ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado – de 1.393 quilômetros quadrados devastados em 2010 para 1.582 km² neste ano.
Mato Grosso, Rondônia, Acre e Tocantins apresentaram o maior avanço na degradação. Sozinho, Mato Grosso devastou 769 km² até agosto, aumento de 70% com relação ao mesmo período de 2010. Em segundo lugar vem o Pará, com 399 km².
Ao Sul, e também ao Norte
Não é só a floresta amazônica que vive dias difíceis. Artigo divulgado nesta segunda (03) pela revista científica Nature afirma que o buraco surgido na camada de ozônio acima do Ártico em 2011 foi o maior já registrado no Hemisfério Norte.
Desde a década de 1980 cientistas registram buracos na camada da Antártida, e em alguns anos eles alcançam partes da América do Sul. No Ártico, o buraco sempre foi menor, pelo menos até março deste ano – quando atingiu o norte da Rússia e partes da Groenlândia e Noruega.
O debate científico sobre como as ações do homem interferem nesse problema são enormes, e obviamente há financiamento privado a defender as posições de que o modelo de desenvolvimento capitalista nada tem a ver com isso. Ao mesmo tempo, milhões de pessoas são submetidas aos perigos biológicos decorrentes da exposição aumentada à radiação ultravioleta.