A Semana no Olhar Comunista – 0017
O destaque desse Olhar Comunista é a divulgação de que somos 7 bilhões de seres humanos no mundo. Além do dado demográfico em si, a estimativa nos relembra o tamanho dos desafios para o desenvolvimento da humanidade: 1,2 bilhão de pessoas, por exemplo, vive sem acesso permanente à água potável – condição básica da sobrevivência.
A divulgação também demonstrou o tamanho da desigualdade existente no mundo e que os avanços tecnológicos e a expansão de novos bens de consumo – duráveis ou não – não são sustentáveis caso houvesse sua socialização para todos os habitantes do planeta. Isso porque o planeta Terra consegue sustentar a existência de 1,2 bilhão de pessoas se os níveis de consumo fossem similares ao dos norte-americanos; e exatos 7 bilhões se na base de comparação estivessem os níveis brasileiros.
Tal fato demonstra que o chamado avanço da “qualidade de vida”, dentro da lógica de produção e consumo do capital, é insustentável. E também que o avanço da tecnologia nos segmentos de geração e distribuição de energia, além de agropecuária, são mais que necessários e não podem – sob a possibilidade futura de crime de lesa humanidade, ficarem sob responsabilidade das empresas privadas e sua lógica que só enxerga o lucro.
5,1 bilhões excluídas dos direitos do trabalho
Outra divulgação feita pela ONU – essa “obviamente” sem tanto espaço na imprensa internacional, foi a de que dois terços da população mundial (5,1 bilhões de pessoas) não dispõem de benefícios sociais trabalhistas. Os dados fazem parte do relatório “Uma proteção social por uma globalização justa e inclusiva”.
De acordo com as Nações Unidas, os governos deveriam garantir os benefícios sociais, sobretudo em favor das populações mais pobres, o que tornaria possível “avançar economicamente e atenuar as tensões sociais pelo mundo”.
Medo da democracia
A divulgação de que o governo grego convocará referendo para decidir se o país adotará o plano de resgate financeiro trouxe “pânico” ao mercado e críticas dos representantes do imperialismo global como Obama, Sarkozy e Angela Merkel. É a comprovação de que o capital e seus representantes têm pavor da democracia e dos povos que dão alguma demonstração de luta contra um sistema claudicante.
O medo com os rumos na Grécia se justificam não apenas pelo exemplo que o povo grego poderá dar nas urnas como também por elevar os riscos da crise: caso a Grécia não assine o acordo, países como Espanha e Itália, cujas economias são mais robustas que a grega, seriam tragados para uma possível situação de insolvência.
EUA cortam financiamento a Unesco
A entrada da Palestina na Unesco, aprovada por 107 votos a favor, 52 abstenções e apenas 14 contra, foi seguida de anúncios odiosos por parte da chancelaria sionista e da medida ianque de cortar seus recursos para com a organização: Washington anunciou a suspensão de um pagamento de US$ 60 milhões que seria feito à organização em novembro.
A ajuda anual dos EUA à Unesco, cerca de US$ 70 milhões, representa 22% do orçamento da organização. Em sua movimentação como office boys da carnificina israelense, os diplomatas dos EUA declararam que a adesão da Palestina é “prematura e contraproducente”. Duas leis norte-americanas, do início dos anos 90, proíbem que o governo desembolse recursos em organizações da ONU que reconhecerem entidades não reconhecidas internacionalmente e que tenham em seus quadros de funcionários membros da Organização para a Liberação da Palestina (OLP), demonstração nítida do poder exercido pelo sionismo entre os poderes da “república” norte-americana.
Crise econômica mundial e crescimento recente do Brasil trazem mais imigrantes
Os dados do Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça registram um significativo aumento, nos últimos 6 meses, do número de estrangeiros em situação regular no Brasil: havia, em junho de 2011, 1,466 milhão de estrangeiros, contra 961.877 em dezembro de 2010. Quanto aos imigrantes irregulares, estima-se que haja cerca de 600 mil estrangeiros, nessa situação. Paralelamente, vem caindo o número de brasileiros que deixam o país para viver para o exterior (de 4 milhões, em 2005, para 2 milhões hoje, em números aproximados).
Esta reversão revela o efeito da crise econômica mundial dos últimos anos e mostra que o crescimento brasileiro – mesmo tímido – da última década sinaliza boas oportunidades de emprego para trabalhadores desempregados de diferentes níveis de escolaridade – principalmente da Bolívia, Paraguai e outros países vizinhos, que encabeçam a lista dos ilegais – , e para trabalhadores qualificados dos países vizinhos e de outras regiões do mundo, incluindo os países desenvolvidos.
Uma parte significativa dos trabalhadores ilegais vem para o Brasil após contacto com empresas “recrutadoras” de mão de obra que atuam, principalmente, nos países mais pobres da América Latina, sendo encaminhados, logo ao chegarem, para trabalhar em condições muitas vezes de quase escravidão, sujeitos a confinamento, longas jornadas e restrições até de alimentação, gerando super lucros para os empresários que os contratam (e, muitas vezes, os recrutam). Denúncias diversas sobre situações assim vêm sendo divulgadas, até mesmo pela imprensa burguesa.
A busca de mais exploração do trabalho, a desigualdade e a tendência de redução da oferta de novos postos de trabalho gerada pela natureza do desenvolvimento do capitalismo é a causa profunda deste quadro, que se agrava mais ainda com a crise econômica internacional. Se a exploração do Homem pelo Homem não é aceitável, em quaisquer circunstâncias, muito menos é aceitável que trabalhadores – brasileiros ou estrangeiros – sejam submetidos a condições sub-humanas de vida e trabalho.
Fundo europeu poderá emitir títulos em Yuans
O Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) criado para socorrer os países da zona do Euro com problemas financeiros, como a Grécia, poderá emitir títulos em Yuans (a moeda chinesa). A declaração é do diretor-executivo do FEEF, Klaus Regling. Em visita à China, Regling pede ao governo daquele país maior apoio financeiro da China ao FEEF.
São sinais da evolução da crise sistêmica do capitalismo, da vulnerabilidade e decadência relativa da Europa – que parece não ter condições de reerguer-se por si só – e dos EUA como principais pólos do sistema econômico mundial. A China avança em poder de influir nos rumos da economia global e, com crescimento constante, chega cada vez mais perto da ultrapassagem dos EUA para se tornar a maior potência econômica do mundo.
Ex-guerrilheiro é eleito na Colômbia
Os colombianos elegeram no domingo o ex-guerrilheiro Gustavo Petro para prefeito da capital, Bogotá, o segundo mais importante posto do país, depois da Presidência. Aos 51 anos e conhecido por ter integrado o extinto grupo rebelde M-19, seu principal adversário, Enrique Penalosa, foi apoiado pelo ex-presidente Alvaro Uribe. Se nada acontecer até lá – a campanha eleitoral foi marcada pela violência, tendo sido mortos 41 dos candidatos – Petro assumirá o cargo em janeiro.
Os bandidos no poder
O fato de o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) ter deixado o Brasil rumo à Europa na última terça-feira (01/11) foi notícia em jornais de todo o mundo, especialmente no Reino Unido – a imprensa internacional questiona como uma cidade-sede dos Jogos Olímpicos vê um parlamentar ser “expulso” do país devido às ações de facções criminosas e após o assassinato de uma juíza.
De acordo com o Jornal do Brasil, “sob acusações de que estaria tentando chamar para si os holofotes a menos de um ano das eleições municipais, na qual ele será candidato a prefeito, Freixo está conseguindo levar ao mundo o debate sobre as milícias”.
Ocorre que as milícias têm longa e atuante guarida nos governos do Estado e do município do Rio de Janeiro, como podem atestar os vídeos abaixo, que trazem elogios dos atuais governador e prefeito, Sergio Cabral e Eduardo Paes, aos milicianos e suas atitudes:
Sergio Cabral:
Eduardo Paes:
Jogos Panamericanos: Cuba em primeiro lugar
Mais uma competição internacional e o resultado se repete: Cuba, com pouco mais de 11 milhões de habitantes, ganhou 58 medalhas de ouro (136 no total) nos Jogos Panamericanos de Guadalajara, ficando em segundo lugar na classificação geral, atrás, apenas, dos EUA, que conquistaram 92 medalhas de ouro e um total de 236 medalhas. Seguem-se, na ordem de classificação por número de medalhas de ouro, Brasil, com 48 (141 no total), México, com 42 (133 no total), Canadá, com 30 (119 no total), Colômbia, com 24 (84 no total), Argentina, com 21 (75 no total) e Venezuela, com 12 (72 no total).
No entanto, se o tamanho da população de cada país for levado em conta, constata-se que Cuba foi a grande vencedora, com 12,36 medalhas por milhão de habitantes, seguida pelo Canadá, com 3,6, Venezuela, com 2,57, Colômbia, com 1,86, México, com 1,17, EUA, com 0,75, e Brasil, com 0,73.
Não há como negar a superioridade do sistema socialista cubano: mesmo sob o bloqueio imposto pelos EUA e enfrentando sérias dificuldades econômicas desde a queda da URSS, Cuba consegue garantir para a totalidade de sua população a alimentação básica e a habitação a baixo custo e mantêm a universalidade do acesso de todos à na Educação, Saúde, Cultura e outras áreas sociais, de forma gratuita e de elevada qualidade. O Esporte é um grande exemplo, pois é fruto de toda a concepção do desenvolvimento – centrado na busca das condições para o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, na igualdade e na justiça social.
Não à toa, os resultados receberam os seguintes comentários do colunista da Folha de S. Paulo, José Roberto Torero:
“Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.
Mais uma vez!
Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.
Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.
Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.
Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.
Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?
Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.
A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.
Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.
Tudo para fazer propaganda comunista!
Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.
Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.
E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.
Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.
A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.
Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.
Pô, assim não vale!
Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.
Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.
Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Malditos comunistas…”
Quadro geral de medalhas
Pos | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | Estados Unidos | 92 | 79 | 63 | 234 |
2 | Cuba | 58 | 35 | 43 | 136 |
3 | Brasil | 47 | 35 | 58 | 140 |
4 | México | 42 | 40 | 50 | 132 |
5 | Canadá | 29 | 40 | 49 | 118 |
6 | Colômbia | 24 | 24 | 34 | 82 |
7 | Argentina | 21 | 18 | 35 | 74 |
8 | Venezuela | 12 | 27 | 33 | 72 |
9 | República Dominicana | 7 | 9 | 17 | 33 |
10 | Equador | 7 | 8 | 9 | 24 |
11 | Guatemala | 7 | 3 | 5 | 15 |
12 | Porto Rico | 5 | 8 | 8 | 21 |
13 | Chile | 2 | 17 | 24 | 43 |
14 | Jamaica | 1 | 5 | 1 | 7 |
15 | Bahamas | 1 | 1 | 1 | 3 |
16 | Ilhas Cayman | 1 | 1 | 1 | 3 |
17 | Antilhas Holandesas | 1 | 0 | 1 | 2 |
18 | Costa Rica | 1 | 0 | 0 | 1 |
19 | Uruguai | 0 | 3 | 2 | 5 |
20 | Peru | 0 | 2 | 5 | 7 |
21 | Trinidad e Tobago | 0 | 2 | 2 | 4 |
22 | São Cristóvão e Névis | 0 | 2 | 0 | 2 |
23 | El Salvador | 0 | 1 | 0 | 1 |
24 | Barbados | 0 | 0 | 2 | 2 |
25 | Bolívia | 0 | 0 | 2 | 2 |
26 | Paraguai | 0 | 0 | 2 | 2 |
27 | Dominica | 0 | 0 | 1 | 1 |
28 | Guiana | 0 | 0 | 1 | 1 |
29 | Panamá | 0 | 0 | 1 | 1 |
30 | Antígua e Barbuda | 0 | 0 | 0 | 0 |
31 | Aruba | 0 | 0 | 0 | 0 |
32 | Belize | 0 | 0 | 0 | 0 |
33 | Bermudas | 0 | 0 | 0 | 0 |
34 | Granada | 0 | 0 | 0 | 0 |
35 | Haiti | 0 | 0 | 0 | 0 |
36 | Honduras | 0 | 0 | 0 | 0 |
37 | Ilhas Virgens | 0 | 0 | 0 | 0 |
38 | Ilhas Virgens Britânicas | 0 | 0 | 0 | 0 |
39 | Nicarágua | 0 | 0 | 0 | 0 |
40 | Santa Lúcia | 0 | 0 | 0 | 0 |
41 | São Vicente e Granadinas | 0 | 0 | 0 | 0 |
42 | Suriname | 0 | 0 | 0 | 0 |