Sobre a Nicarágua
OLHAR COMUNISTA
Apesar de ser um dos países mais pobres do continente, ao contrário de outras experiências de governos populares, o governo sandinista, a partir de um pacto com as classe dominantes locais e financeiras, logrou construir um período de constante crescimento econômico nos últimos 6 anos. As condições de vida da maioria população, dentro deste pacto, melhoraram. No entanto, a forte degeneração na cúpula governista, o desarmamento ideológico das forças populares e o aumento do poder político e econômico dos grupos dominantes locais, associadas historicamente aos EUA, foi extremamente significativo.
Recentemente, os diálogos entre o governo sandinista, empresários e governo chinês aumentaram sobre o canal da Nicarágua. Trata-se de um empreendimento muito maior do que o canal do Panamá. Os EUA, já em deficit em sua balança comercial, necessitam retomar com maior agressividade sua influência na América Latina.
A reforma da previdência proposta pelo governo, embora não siga os padrões impostos pelo FMI, contém traços antipopulares. No entanto, setores reacionários, ONGs e o imperialismo norte americano se apropriam da insatisfação popular para gerar o caos no país e propagar a tentativa de mais uma “Revolução Colorida” no continente.
Não há cordeirinhos nessa história. O governo e a oposição paramilitar se utilizam de meios violentos. Defender acriticamente a degenerada cúpula sandinista definitivamente não é a saída para os revolucionários consequentes e combativos latino-americanos. Porém, fechar os olhos para o golpismo reacionário em avanço no continente é igualmente um grave erro.
Nesse sentido, há que se fortalecer a mediação através de outros atores e organismos multilaterais não vinculados aos EUA, nesse momento. É preciso apoiar a luta em defesa de mecanismos locais de expressão democrática real, condenando as pressões golpistas e reacionárias e promover a solidariedade aos movimentos populares mais consequentes, combativos e independentes em relação ao governo, à burguesia e ao imperialismo.