Superar a dispersão para resistir ao fascismo
Carta aberta do PCB às entidades sindicais classistas e movimentos populares de luta
Prezados/as companheiros/as,
A grave crise que assola a economia nacional desde 2014, o esgotamento do período de conciliação de classes e a falência da chamada Nova República são alguns dos elementos mais importantes que determinaram o fim do pacto social vigente no Brasil desde a década de 1980. Nesse contexto, direitos elementares que a classe trabalhadora conquistou ao longo de todo o século passado têm sido frontalmente atacados pela grande burguesia.
Desde 2015, pelo menos, setores de extrema direita em nosso país, associados ao imperialismo, têm intensificado suas ações políticas no sentido de disputar a consciência das massas, de forma cada vez mais explícita e direta. Enxergamos com muita preocupação o risco de que, em pouco tempo, se consolide um movimento neofascista no Brasil, a exemplo do que já ocorre em outros países.
O processo em questão é uma ameaça muito séria ao conjunto da classe trabalhadora latino-americana em geral e brasileira em particular. Já é possível verificar, inclusive, o recrudescimento da violência física e simbólica contra a esquerda em diversos estados. Precisamos agir rapidamente! Antes de mais nada, não devemos poupar esforços no sentido de eleger Fernando Haddad e derrotar Bolsonaro nas urnas.
Contudo, é necessário chamar atenção para o fato de que a escalada reacionária no Brasil não é um fenômeno meramente eleitoral. Ou seja, independentemente do resultado das eleições de 28 de outubro, a incompatibilidade entre a atual fase mundial do capitalismo e a própria “democracia liberal” já vem se expressando em nosso país. Portanto, seja lá quem for o próximo presidente da república, a praga do fascismo precisará ser enfrentada em cada local de trabalho, estudo e moradia. Companheiros/as, o fascismo só será efetivamente barrado nas ruas, com a classe trabalhadora unida e organizada.
Para defender o que ainda resta de liberdades democráticas, direitos sociais e trabalhistas, precisamos urgentemente superar a dispersão do movimento sindical classista e dos movimentos populares de luta. A conjuntura nos impõe, mais do que nunca, muita unidade para resistir à ofensiva da burguesia.
Assim, propomos a realização imediata de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, com vistas a pôr em prática duas tarefas fundamentais: a) discutir e aprovar um plano comum de resistência e luta; b) criar um Fórum Nacional de Mobilização que congregue todas as entidades sindicais e populares dispostas a cerrar fileiras contra o fascismo no país e a avançar nas lutas em defesa das liberdades democráticas, dos direitos políticos, sociais e trabalhistas e em favor da soberania nacional.
Saudações a todos os ativistas e lutadores do Brasil. Pelo Poder Popular e o Socialismo!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro – PCB