A Semana no Olhar Comunista – 0021

Em 1999, início do segundo mandato de FHC, o governo repassou R$ 2,2 bilhões para as ONGs. Em 2010, final do governo Lula, a quantia superava R$ 4 bilhões. Contratadas sob a argumentação de que executam políticas públicas federais – portanto, sob a lógica de desmonte do estado – essas organizações motivaram a queda de pelo menos três dos sete ministros demitidos por Dilma Rousseff, em casos de corrupção, lavagem de dinheiro e apropriação indevida de recursos.

 


Pimentel, a próxima peça do dominó?

Logo após o ex-ministro Carlos Lupi (PDT) ter pedido demissão sob fortes suspeitas de corrupção, e uma gestão marcada pelo aumento exponencial de entidades sindicais fantasmas e a retirada de direitos trabalhistas para empregados de pequenas empresas, a próxima peça do dominó da famiglia em que se transformou a base de sustentação do governo a correr risco de demissão por compadrio e interesses privados no trato de dinheiro público é o grão petista Fernando Pimentel, avalista da submissão do PT mineiro a Aécio Neves e “consultor” excelentemente remunerado nas horas vagas – aliás, apenas nas horas vagas???

 


O Brasileirão acabou, mas o rebaixamento continua

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou o rating da União Europeia (UE) em observação para possível rebaixamento. A perspectiva, antes “estável”, passou para “negativa”. Na prática, a revisão para possível rebaixamento significa que a nota de crédito do bloco pode sofrer queda em três meses. Além disso, os ratings de 15 dos 17 países membros da Zona do Euro podem ser rebaixados no mesmo prazo.

Com isso, “os mercados” seguem a trilha de pressionar os governos por políticas fiscais mais “austeras” – sinônimo de retirada de direitos sociais e trabalhistas em benefício do capital, cartilha que vem dando certo nos últimos meses.

Resta aos povos entrar em campo com garra nessa luta de classes.

 


PIB estagnado

Após a divulgação de que o PIB do 3º trimestre ficou estagnado, o ministro Guido Mantega admitiu que o crescimento do Brasil não atingirá os 3,8% previstos anteriormente. De outro lado, o Banco Central afirmou que apesar da estagnação no período o crescimento de 3,7% registrado nos últimos quatro trimestres “confirma que a economia brasileira se encontra em um ciclo sustentado de expansão”.

Na verdade, a expansão sustentada – pelos recursos públicos – é a da burguesia brasileira, pois a alta verificada do PIB nos períodos anteriores era puxada pelo consumo das famílias, que se reduziu.

 


Aquecimento supera níveis seguros…

Enquanto negociadores de quase 200 países fingem que tentam chegar a um acordo climático para redução de emissões de gases do efeito estufa, estudo divulgado nesta terça-feira na África do Sul indica que, mesmo cumprindo as metas que os países mais audaciosos alardeiam, mas que nenhum deles de fato pretende alcançar, o planeta deve se aquecer 3,5ºC até o fim do século. A variação supera em muito os 2ºC considerados seguros pela ciência atual. Acima desta elevação, as consequências para o planeta podem ser catastróficas, afirmam cientistas.

 


… e Brasil dá sua contribuição para o desastre

No mesmo dia em que o estudo era apresentado no outro lado do Atlântico, os senadores brasileiros deram mais uma contribuição para o cataclisma (pois isso eles já fazem todos os dias…): o novo Código Florestal é uma vergonha que, nas palavras do diário espanhol El Pais “flexibiliza as regras para preservar a vegetação e abre a porta para uma anistia para os que foram condenados por delitos de desmatamento, que contribuem para a mudança climática”. O também espanhol ABC afirmou: “a aprovação deixa vulneráveis 400 mil quilômetros quadrados da Amazônia. Seria como desmatar uma Alemanha e uma Suíça inteiras. Mas há pesquisas que apontam que a área em perigo é maior, de 700 mil quilômetros quadrados, quase uma Espanha e meia desmatada”.

 


Blábláblá de office boy do sionismo nada muda

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, pediu que Israel “corrija os erros do passado” com países do Oriente Médio para reduzir seu crescente isolamento. O falatório do office boy do sionismo nada representa de palpável para uma mudança da atitude norte-americana na região. No final das contas e no fringir dos ovos, caro Panetta, são suas tropas que permitem tal estado de coisas.

 


Estrangeiros compram mais terras no Brasil

Mesmo após a entrada em vigor de medidas restritivas à compra de terras no Brasil por empresas estrangeiras, conforme parecer da Advocacia Geral da União – AGU -, de agosto de 2010, investidores de outros países contornam a legislação e seguem adquirindo propriedades rurais no país, conforme matéria publicada na Folha de São Paulo, de 04/12.

As medidas de controle são ludibriadas, entre outros artifícios, pela formação de estruturas empresariais onde brasileiros aparecem como sócios majoritários, sendo os investimentos, no entanto, comandados pelos sócios estrangeiros. As empresas atuam, principalmente, em empreendimentos florestais – para a comercialização da madeira.

Este fato mostra a tendência geral da economia brasileira – de especializar-se na produção de minérios e commodities agrícolas para exportação, setores onde os capitalistas internacionais têm grande interesse em investir, cujo resultado é a desindustrialização e a perda de soberania.

 


Na Rússia, PC é a segunda força no Parlamento

O resultado das eleições parlamentares da Rússia, no último domingo, revelou a crescente insatisfação da grande maioria da população com o elevado desemprego, a crescente desigualdade social, a perda de inúmeros direitos sociais e trabalhistas e a corrupção que domina boa parte da máquina estatal e suas ligações com os grandes grupos econômicos. O grande perdedor foi o Rússia Unida, partido do Presidente Medvedev e do Premier Putin, que teve sua bancada reduzida de 315 para 238 deputados; o grande vencedor foi o Partido Comunista que, com cerca de 20% dos votos, elegeu 92 dos 450 deputados da Duma (o Parlamento), constituindo-se na segunda força política do país.

A eleição está sob suspeita de fraude em favor do Rússia Unida, conforme depoimento de observadores internacionais. Há uma grande mobilização popular, por toda a Rússia, para denunciar as fraudes e exigir a recontagem dos votos ou mesmo uma nova eleição.

Esta mudança política confirma um sentimento generalizado, na Rússia e na maioria dos países do Leste Europeu, como atestam matéria publicada na Folha de São Paulode 04/12 (e também na revista norte-americana Time, no primeiro semestre de 2011), de que o capitalismo, reintroduzido na região a partir do início dos anos 90, deteriorou as condições de vida da maioria da população.