Greve de PM’s e Bombeiros no Ceará atinge economia do estado e força governador a negociar fim do movimento

A greve unificada de policiais e bombeiros militares no estado do Ceará teve duração de 6 dias. Tempo suficiente para a população do estado sentir na pele e nas ruas as conseqüências de mais uma demonstração de truculência e arrogância por parte do Governador Cid Ferreira Gomes (PSB/PT/PCdoB).

Homens do exército brasileiro e da força nacional de segurança enviados pela presidenta Dilma, fuzileiros navais, helicópteros, veículos de guerra transportando soldados em pleno centro da cidade: tudo isso noticiado repetidamente pela imprensa burguesa, num misto de pânico e sensacionalismo. O resultado foi a sensação de estar no meio de uma guerra civil. Algo há muito não visto em terras alencarinas.

Desde a sua posse, faz parte da política de governo do oligarca dos Ferreira Gomes a posição declarada de não negociar com nenhuma categoria em greve. E assim ocorreu com a greve dos servidores do DETRAN, dos professores da UECE, dos professores estaduais, dos policiais civis e, para não fugir à regra, também com os PM’s e bombeiros, que há muito já haviam apresentado uma pauta de reivindicações ao governador.

O descaso de Cid Gomes com os servidores públicos estaduais é tamanho que o governo do Ceará chegou ao ponto de recorrer ao STF para não ter de pagar o Piso Nacional da educação aos professores. A coisa vira pelo avesso, entretanto, quando se trata de custear mega-projetos que em nada beneficiam a imensa população pobre a marginalizada do estado. Foi assim quando empurrou goela abaixo a construção de um gigantesco centro de convenções, encravado entre a maior universidade privada e o maior shopping center do Ceará; bancou uma milionária reforma no estado de futebol de Castelão (as obras mais adiantadas do Brasil) e já se movimenta para construir um faraônico aquário em plena Praia de Iracema! Tudo isso às custas do dinheiro público!

Desta feita, entretanto, o caos social que tomou conta do Ceará em razão da postura arrogante do governador, trazendo milhões de reais em prejuízo ao comércio, indústria e turismo com o estado sitiado, em plena alta estação, forçou o governador a entrar em acordo com PM’s e Bombeiros para finalizar a greve. Assim, além de um reajuste salarial de 7% e da redução da jornada semanal para 40 horas, o governador ainda prometeu aos militares conceder anistia àqueles que participaram da greve, encerrando o movimento.

Nós, comunistas, temos a clareza de que a Polícia é o braço armado do estado burguês; uma instituição a serviço da “manutenção da ordem” e da propriedade privada. Não por acaso, a população pobre, os jovens da periferia e a classe trabalhadora em luta são seus “alvos preferenciais”, pois são potencialmente os maiores contestadores dessa “ordem” capitalista.

Apoiamos a greve na perspectiva de um processo pedagógico e educativo, capaz de aproximar policiais e bombeiros do conjunto das reivindicações da classe trabalhadora, sem perder de vista, entretanto, os limites impostos pelo caráter retrógrado e reacionário da própria instituição policial. O saldo maior desta greve, para nós, foi a oportunidade ímpar de reiterar nossa denúncia à indiferença do Governo Cid Gomes frente ao conjunto do funcionalismo público estadual.

Não cabe aos comunistas, entretanto, simplesmente engrossar coro com os que defendem, acriticamente, a máxima economicista de “melhores condições de trabalho” para os policiais. Não queremos para PM’s e bombeiros em greve viaturas mais equipadas nem armamentos mais sofisticados, dos quais as maiores vítimas serão o proletariado.

É preciso ir além, levantando como questões centrais na Greve de PM’s e Bombeiros militares o reconhecimento do direito de greve, o fim da proibição da sindicalização e das prisões políticas, a possibilidade de participar irrestritamente da vida política nacional e a desmilitarização do corpo de Bombeiros. Somente assim estaremos efetivamente contribuindo para a evolução da consciência individual de Policiais e Bombeiros enquanto membros da classe trabalhadora e vítimas da exploração capitalista, apontando como única alternativa a revolução socialista.

Fortaleza, 04 de janeiro de 2011

Comitê Estadual do Partido Comunista Brasileiro no Ceará

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