Trabalhadores alemães resistem contra fechamento de fábrica

imagemOlhar Comunista

Secretaria de Relações Internacionais do PCB

A matéria do Jornal Unsere Zeit, do Partido Comunista Alemão – DKP – de 15 de março de 2019, assinada por Carmen Stachowiak, traz a informação de que a Fábrica da Opel, da cidade de Rüsselsheim, após um período em que esteve próxima do fechamento, voltou a ser rentável, tendo apresentado, em 2018, o lucro recorde de 850 milhões de euros.

A Opel foi absorvida em 2017 pelo grupo francês PSA (antes Peugeot), que encomendou à Opel um programa de redesenvolvimento radical, que deveria funcionar sem demissões operacionais e fechamentos de fábricas. No entanto, o novo chefe da empresa declarou que “apenas o lucro garante os empregos”. Houve o cancelamento de contratos de centenas de trabalhadores e programas de produção de diversos veículos foram encerrados. Em contrapartida, a Opel comprometeu-se a proteger contra a demissão os empregados remanescentes até 2023 e a realizar investimentos abrangentes na proteção da carteira de produtos e na segurança do emprego em todas as unidades. Tanto o Conselho dos Trabalhadores da empresa quanto o sindicato esperavam que a tempestade tivesse passado.

No entanto, houve redução de 50% do treinamento em Rüsselsheim, queda nas vendas, e a ampresa decidiu desativar um dos turnos, para manter a lucratividade e foi proposta a desativação do centro de desenvolvimento da Opel, que seria vendido parcialmente para o prestador de serviços de desenvolvimento francês Segula.

A avaliação dos trabalhadores é de que a Opel, como empresa independente, está sendo liquidada. Não há interesse na marca Opel no mercado automotivo. A Opel permanece no grupo PSA e a responsabilidade pelos veículos comerciais leves é apenas a “engenharia dos distintivos”, ou seja, basta parafusar o símbolo da marca Opel nos veículos franceses. A estratégia é a redução de custos, a terceirização da produção para países onde os salários são mais baixos e os serviços podem ser contratados com menor custo.

Com depoimentos, panfletagens, reuniões e outras ações, os trabalhadores mostraram seu descontentamento e seus temores. O Conselho dos Trabalhadores e o sindicato esperam, ainda, uma solução negociada. Está claro para todos, no entanto, que, contra um grupo como o PSA, o que funciona é a resistência bem organizada e persistente e não, nas palavras da autora da matéria do Unsere Zeit, os “pacotes completos, despreocupados e paralisados” pelo aparato do sindicato e do conselho de trabalhadores em “um belo escritório de representação”. Para Carmen Stachowiak, “agora, os trabalhadores precisam aprender a mover e desenvolver as estruturas sindicais necessárias para lutar”.

Há dúvidas quanto à possibilidade de que os planos de liquidação ainda possam ser interrompidos. Mas os trabalhadores da Opel ainda não desistiram. Há uma campanha em curso – “Cumprir os acordos coletivos” – que está ganhando força e pode forçar a Opel a movimentar os bilhões de euros em investimentos a que se comprometeu. Confrontos como esse dos trabalhadores alemães com a Opel não são um caso isolado. Devido ao estado de excesso de capacidade hoje existente na indústria automotiva alemã (e de outros países), caracterizada pela predominância de grandes empresas multinacionais, a força de trabalho alemã também está sob pressão na Volkswagen e na Ford, e outros fabricantes vêm apresentando planos de conversão e desmontagem de instalações produtivas. Em outros setores, como da indústria química, os sinais também apontam para a tempestade que atinge diretamente os trabalhadores na Alemanha.

A absorção de empresas de menor porte, como a Opel, por empresas de maior porte, como o grupo PSA (que já inclui a Peugeot, a Citroën, a DS, a Vauxhall, a Chrysler Europe e outras empresas, além de ter uma aliança com a General Motors norte-americana), é uma tendência geral do capitalismo – a centralização do capital -, que vem ocorrendo na maioria dos setores da economia no plano mundial, reforçada pelas políticas liberais – como as que retiram direitos sociais e trabalhistas – adotadas por muitos governos conservadores e de direita que se submetem ao jogo dos grandes grupos econômicos e visam desmontar a legislação que ainda protege os direitos dos trabalhadores.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro – PCB

Foto: Alexander Heimann/Adam Opel AG)

FONTE: https://www.unsere-zeit.de/de/5111/wirtschaft_soziales/10730/Wird-Opel-abgewickelt.htm