Estudantes da UFSC em greve contra ataques

imagemCarta de Deflagração da Greve Estudantil da UFSC

DCE Luís Travassos – UFSC

No dia 10 de setembro de 2019 as e os estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina, reunidos em Assembleia Estudantil com mais de mil estudantes presentes, decidiram em ampla maioria por deflagrar uma Greve Estudantil!

Quais os motivos da greve?

As Universidades Federais de nosso país atravessam um duro momento de ataques marcados por cortes orçamentários, desvalorização científica e nomeação de reitores que não foram eleitos por sua comunidade acadêmica, ferindo os princípios da autonomia e democracia universitária. Os cortes anunciados em maio deste ano colocaram em xeque o funcionamento das universidades. Na UFSC a situação é grave, dezenas de trabalhadores terceirizados foram demitidos, falta segurança, limpeza e manutenção. Além disso, foi anunciado o cancelamento de eventos como a SEPEX e não houve renovação de diversas bolsas. Para piorar ainda mais o cenário o fechamento do restaurante universitário é iminente, dada a falta de recursos.

Levantamos as seguintes bandeiras em nosso movimento, deliberadas na assembleia de hoje por centenas de estudantes preocupados com a universidade pública brasileira e com a UFSC em especial:
Defendemos a recomposição completa do orçamento da UFSC e contra os cortes de orçamento do MEC para 2020 e em defesa das bolsas CNPq, PROBOLSAS e dos demais programas colocados em risco pela política do governo federal;
Rejeição na íntegra do Future-se, projeto de lei que sintetiza o plano de educação deste governo – seu desmonte e privatização;
Pela construção de uma Greve Nacional da Educação;
Todo apoio e solidariedade à ocupação na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), após Bolsonaro desrespeitar a consulta universitária e nomear um interventor indo contra a autonomia e democracia universitária, pela revogação de todas as nomeações de reitores interventores;
Pelo fim da lista tríplice, a favor da decisão democrática nas eleições de reitorias;
Defendemos a revogação da Emenda Constitucional 95 que congela por 20 anos os investimentos em saúde e educação;
Que a UNE convoque a Greve Nacional da Educação, junto de espaços nacionais que nos capacitem a articular e construir a luta contra a política do governo;
Pela readmissão dos funcionários terceirizados demitidos por conta do contingenciamento das verbas;
Em defesa da autonomia universitária;
Que a reitoria cumpra com a valorização da política de permanência e ações afirmativas, pensando em primeiro lugar nos estudantes negros, indígenas, quilombolas, surdos e mães no momento de cortes;
Que a PRAE não corte bolsas de estudantes grevistas;
Que a reitoria se comprometa a não perseguir nem retirar direitos dos estudantes grevistas que lutam pela vida de nossa universidade;
Pela regularização do PAEP e o aumento de vagas na moradia estudantil;
Pelo reajuste das bolsas permanência e de pós-graduação;
Contra qualquer limitação no funcionamento do RU;
Em solidariedade ao estado de greve dos trabalhadores da COMCAP e dos Correios;
Contra a suspensão do vestibular. E que os conselheiros votem contra no CUn;
Pelo fim do Governo Bolsonaro!
Entendemos que a greve não deve ter um fim em si mesma, mas atingir vitórias. E para isso, construiremos uma greve que mostre o papel da Universidade para a sociedade, sua importância na produção de ciência e tecnologia e de profissionais que atuam nas mais diversas áreas, além de exigir aquilo que é nosso por direito: educação pública e gratuita e condições dignas para permanecermos na Universidade.

Dessa forma vamos também estar mobilizados para que os professores e departamentos, bem como TAEs e funcionários terceirizados entendam quais são os motivos da greve e para que consigam se mobilizar conjuntamente. Além de estendermos o mais aberto convite para participarem de nossas atividades.

Por fim, exigimos que os professores não prejudiquem os estudantes em greve, não aplicando provas, faltas e outras atividades acadêmicas no período em que nos encontramos em greve.

Florianópolis, 10 de setembro de 2019

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