Segunda parte da entrevista com Mercedes Lima
No segundo Programa Lugar de Mulher que entrevistou Mercedes Lima, integrante do Comitê Central do PCB, advogada, professora universitária de Direito, diretora do Sindicato dos Advogados de São Paulo e dirigente do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, nossa camarada fala mais de sua militância à frente do movimento feminista no Brasil, desde a época de sua consolidação, nos anos 1970 e 1980, ainda em tempos de ditadura, a partir principalmente da Campanha “Quem Ama não Mata”, desenvolvida por entidades ligadas à defesa dos direitos e da vida das mulheres, quando vários casos de violência e assassinato de mulheres escandalizaram a sociedade brasileira e era frequente o uso do absurdo argumento de “defesa da honra masculina” para justificar a misoginia e os feminicídios.
Mercedes fala do momento em que o tema da Saúde da Mulher começou a pautar a agenda do movimento feminista no Brasil, apesar de ainda não focar centralmente na preocupação com a saúde da mulher trabalhadora, algo que os comunistas farão muito bem, segundo ela, ao protagonizarem a luta em defesa de um sistema de Saúde público integrado e de qualidade (que, de certa forma se traduziu na conquista do SUS na Constituição de 1988), em que se destacava a proposta de um Plano de Saúde Integral da Mulher.
A dirigente nacional do CFCAM afirma também que se tratou de enorme conquista a liberação da pílula anticoncepcional, que promoveu uma mudança gigantesca no dia a dia da vida da mulher, rompendo a barreira estúpida do preconceito e possibilitando maior liberdade de escolha para as mulheres, no controle do seu próprio corpo e na prática do sexo como fonte de prazer e não apenas com o propósito de gerar filhos.
Mercedes conta a preciosa história da criação da Banda Bandalha em São Paulo, ideia do genial teatrólogo Plínio Marcos para, por meio da arte, combater a discriminação imposta pela ditadura à participação dos homossexuais no carnaval, proposta que foi de imediato abraçada pelo movimento feminista e pelos comunistas, como forma de enfrentamento à homofobia e ao machismo. E nos fala das várias lutas e conquistas dos anos 90 para cá, como a Lei Maria da Penha, os Centros de Referência da Mulher, Conselhos e outros mecanismos de defesa dos direitos femininos, os quais, mesmo insuficientes para atender plenamente as necessidades das mulheres e, centralmente, das trabalhadoras, representaram avanços importantes que hoje sofrem intensos ataques dos governantes e setores reacionários da sociedade brasileira, em virtude dos retrocessos políticos e sociais impostos da Era Temer-Bolsonaro, a exemplo da contrarreforma da previdência, que traz inúmeros prejuízos à vida da mulher trabalhadora.
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