A FDIM e a solidariedade internacionalista

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Entrevista com Elena Linarez, presidenta do Movimento de Mulheres Clara Zetkin (Venezuela)

Publicado em Tribuna Popular, órgão oficial do Partido Comunista da Venezuela

O XVII Congresso Mundial da Federação Internacional de Mulheres (FDIM) acontece em Caracas do dia 24 a 28 de abril. A Presidenta do Movimento de Mulheres Clara Zetkin, Elena Linarez, também membro do Burô Político do Comitê Central do PCV, conversou com a Tribuna Popular sobre o contexto, as temáticas e as propostas que as comunistas levaram a este importante evento.

A Venezuela é sede do Congresso da FDIM, em que contexto isso se realiza?

A Venezuela é sede do XVII Congresso Mundial da FDIM, cumprindo com as normas estatutárias e os acordos da reunião do secretariado mundial da FDIM, realizado do dia 9 a 12 de agosto de 2019 na Namíbia. Naquele momento acordou-se realizá-lo em abril de 2020, em Caracas. Contudo a pandemia obrigou a postergá-lo até que se houvesse as condições de mobilidade em nível global.

Neste ano a FDIM cumpre 77 anos de luta permanente em um contexto marcado pelas consequências de uma crise capitalista global que se agudizou com a pandemia do COVID-19, circunstância aproveitada pelo capital e os governos a seu serviço para despojar os povos de suas conquistas e impor maiores níveis da exploração.

Na Venezuela, não escapamos desta realidade, com as particularidades de um país capitalista dependente em profunda crise, açoitado pelas medidas coercitivas unilaterais impostas pelo imperialismo e com uma política trabalhista realmente catastrófica para as e os trabalhadores que vivem de seu salário ou de sua pensão.

O Governo mantém uma orientação liberal-burguesa de gestar a crise através de medidas que, além de antipopulares, resultaram ser ineficazes no enfrentamento às medidas coercitivas e unilaterais do imperialismo.

Quais são os demais temas e desafios deste congresso?

O XVII Congresso Mundial da FDIM é uma expressão das causas que mobilizam as diferentes organizações que defendem os direitos das mulheres e lutam contra todas as formas de opressão e violência.

Também é um espaço para a solidariedade e compromisso com as lutas dos povos, onde se analisam avanços e/ou retrocessos nas condições sociais de vida das mulheres.

O lema do Congresso é “Mulheres Unidas contra as desigualdades e a violência. Pela Paz e a saúde do Planeta.”

Os temas que estão em debate e na discussão são: o funcionamento da FDIM; seu papel na época atual para defender os direitos das mulheres em sua luta pela paz.

Ademais, debateremos sobre o impacto da pandemia na vida das mulheres, assim como as consequências da ofensiva imperialista sobre os povos e particularmente entre as mulheres.

A agenda também contempla uma discussão sobre as reivindicações das mulheres jovens e dos direitos humanos de todas.

Que abordagens apresentará o MMCZ para a discussão?

Uma de nossas abordagens tem a ver com as expressões de solidariedade que a FDIM realiza. Cremos que se deva fazer um esforço mais acelerado e eficaz mediante a apresentação de mais petições, cartas abertas, provas e testemunhos dos organismos internacionais e difundi-los dentro da Assembleia Geral da ONU ou no Conselho de Segurança sobre os direitos humanos das mulheres que são violados pela ofensiva imperialista contra os povos que defendem sua soberania.

A FDIM deve melhorar a articulação e coordenação com as organizações internacionais como o Conselho Mundial da Paz, a Federação Sindical Mundial e a Federação Mundial de Juventudes Democráticas para o impulso de ações de solidariedade conjunta que façam frente à ofensiva do imperialismo contra os povos e a ameaça à paz mundial.

Por outro lado, é urgente que a FDIM atente-se de forma oportuna sobre o assunto do tráfico de pessoas, particularmente com fins de exploração sexual, que incrementou-se de maneira alarmante em nossa região.

Consideramos também que os direitos trabalhistas e sociais das mulheres merecem atenção especial, assim como sua participação econômica. O patriarcado se sustenta na exploração de mais valor que mulheres geram em seu trabalho reprodutivo. Poucos países consideram calcular dentro de seus PIBs os aportes econômicos que esse tipo de trabalho gera para uma sociedade e, portanto, para a riqueza econômica.

Cremos que, em matéria de direitos sexuais, saúde sexual e reprodutiva, há muitos elementos que abordar, portanto, é necessária uma agenda da FDIM que impulsione os temas mais urgentes: mortalidade materna, acesso a contraceptivos de maneira segura e gratuita, descriminalização do aborto, prevenção e atenção a doenças de transmissão sexual e gestação de insumos para a higiene menstrual.

Outro ponto chave para a discussão é a violência de gênero e sua implicação na violação dos direitos humanos das mulheres.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)