Almaviva em tempos de coronavírus

imagemTrabalhadoras e trabalhadores de call center não são almas mortas!

PCB de Alagoas

Trabalhadoras e trabalhadores da empresa Almaviva do Brasil, no início do exercício de suas atividades, acabam sendo submetidas e submetidos a uma série de imposições, sendo a primeira delas a descaracterização de sua função. Isso se apresenta como uma estratégia da Almaviva: se você não sabe qual a sua função, como saber também seus direitos? Mas se trata de uma estratégia que, além de torpe, parte de uma premissa equivocada pela empresa em questão! Todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores da Almaviva sabem exatamente os cargos que ocupam e as funções que exercem, que inclusive, são muitas.

Contratadas e Contratados sob uma demanda e exigidos por várias outras, a empresa segue fazendo cobranças absurdas e, como se não bastasse, oferece baixos salários, menor que o piso nacional. A faixa salarial do Atendente de Telemarketing CBO 4223-15 fica entre R$ 1.104,47 (média do piso salarial 2020 de acordos, convenções coletivas e dissídios), R$ 1.097,00 (salário mediana da pesquisa) e o teto salarial de R$ 2.136,17, levando em conta profissionais com carteira assinada em regime CLT de todo o Brasil, a Almaviva peca não só nesse sentido.

Tendo como maioria do quadro de funcionários trabalhadoras mulheres e LGBTQIs, a Almaviva do Brasil emprega aquelas e aqueles que não conseguiram emprego em outras áreas. Expõe esse ambiente como um complemento de sua invisibilidade social, pois como não há atendimento presencial, visível, e sim a distância, termina sendo um dos poucos mercados para esse público. O que poderia parecer positivo demonstra, na verdade, o quão marginal ainda é esse setor da sociedade, revelando a precarização e como ela afeta tais sujeitos com maior impacto.

A situação de precarização dessa parcela da classe trabalhadora se agrava e se torna mais evidente diante da situação de quarentena devido à propagação do Coronavírus (COVID-19). A empresa se recusa a liberar funcionárias e funcionários com suspeitas, atrasando a quarentena dos que foram detectados com o vírus. Como se isso não bastasse, a única providência que foi tomada foi de disponibilizar álcool em gel nos banheiros. No entanto, a empresa mantém a mesma dinâmica de exploração, mantendo ainda funcionárias e funcionários trabalhando sob regime de muita pressão, controlando e/ou negando suas pausas (de direito). Além disso, vem retaliando todo e qualquer questionamento das trabalhadoras e trabalhadores.

Por outro lado, quando a Almaviva decide por “liberar” funcionárias e funcionários impõe e revela, mais uma vez, a precarização destes trabalhadores, visto que as opções dadas são desumanas: ficar em casa sem recebimento de salário; cortar 50% do salário do(a) funcionário(a) que seguir trabalhando. E ainda se negam a liberar férias emergenciais para os que têm direito, ou ainda impor condições precárias de atendimento em suas casas sob a ameaça de perda de emprego.

A classe trabalhadora não deve seguir pagando com a própria saúde. Agora vem a principal pergunta: quem vem em primeiro lugar, o lucro ou a saúde das pessoas?

Mais do que nunca, se faz necessária a organização das trabalhadoras e trabalhadores para dar essas e outras respostas, pois, de maneira espontânea, nada será feito pela empresa. A sede por lucros sempre irá prevalecer sobre a real necessidade de proteger a saúde das trabalhadoras, trabalhadores e da população.

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