Que “desonerem” (reduzam) os lucros
De acordo com a matéria, “cinco meses depois de iniciada, a desoneração da folha de salários traz resultados modestos, mas é bem avaliada pelos setores beneficiados”. A reportagem só não cita que esses “setores” são os industriais. Em nenhum momento é citado algum trabalhador para que se conheça sua opinião.
E quais seriam tais resultados? “No setor de confecções… a medida deu às empresas um alívio no caixa que lhes permitiu comprar equipamentos novos, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”.
Mas o pior da publicação é que se trata de uma clara propaganda para que a medida seja estendida para o conjunto da produção. Senão, vejamos: “Esses setores, além dos call centers, dos calçados e dos produtores de artigos de couro e acessórios são os ‘cobaias’ de uma experiência que começou em dezembro, no qual as empresas deixaram de recolher a contribuição patronal do INSS, que é de 20% sobre a folha, e passaram a pagar uma contribuição sobre o faturamento que variava de 1,5% a 2,5%”.
É, infelizmente, o que já vem sendo feito. Em abril, o Palácio do Planalto reduziu tal alíquota para 1% a 2% e ainda estendeu o “benefício” para 11 setores (têxtil, móveis, plásticos, material elétrico, autopeças, ônibus, naval, aéreo, bens de capital mecânicos, hotéis e chips).
Se fosse para valer, a proteção à indústria nacional requeria medidas como a taxação alfandegária e a elevação do câmbio.
Ao mesmo tempo – e para isso é preciso muita pressão sobre a burguesia -; os empresários é que devem ser cobrados nesse momento de crise, com a redução de seus lucros. Mesmo sob o horrendo capitalismo, é preciso pagar mais salário para haver crescimento econômico.