Objetivos prioritários do Movimento Continental Bolivariano

Publicamos aqui uma entrevista, realizada por dois membros da Comissão Internacional do Solidarité, de Carlos Casanueva, secretário geral da direção executiva do Movimento Continental Bolivariano (MCB) na ocasião de sua passagem recente em Genebra.

O que é o MCB e quais são suas origens?

Depois de mais de 10 anos de trabalho árduo sobre nosso continente, conseguimos construir o MCB, expressão de convergência social e política das mais importantes forças de esquerda, de movimentos populares, sociais e revolucionários da América Latina e Caribe. Sua diversidade é o reflexo político de nosso continente tal como ele é. O ponto de coesão é nossa capacidade de combinar as diferentes formas de lutas presentes na América Latina.

Quais movimentos participam do MCB e o que permitiu esta aproximação?

Na verdade, há uma presença ativa de movimentos de 33 países, incluindo a Europa. São 43 grandes partidos e movimentos políticos, desde o México até a Terra do Fogo. Vários partidos comunistas, separatistas, movimentos indígenas e camponeses de cerca de dez países, movimentos estudantis, etc., além dos insurgentes colombianos, para citar alguns. São também próximos do MCB a FPLP da Palestina, o PC Grego, os movimentos anti-capitalistas e/ou revolucionários da Turquia, Itália, França, Espanha, Dinamarca e até da Suíça, através da solidaritéS.

O que nos une é a palavra de ordem “em Bolívar nos encontramos todas e todos”. Isto significa que todos os combates, heranças diretas do LIBERTADOR Simon Bolívar, com sua muito firme posição anti-imperialista, constituem o guia de nossa ação presente e futura pela construção de um socialismo contemporâneo, como alternativa à crise mundial do capitalismo. Nós reivindicamos também o internacionalismo e a solidariedade entre combatentes de diferentes lutas que travamos hoje contra a opressão insensata do capital.

Quais são os objetivos prioritários e atuais?

Estamos face a uma campanha crucial pelo futuro das conquistas democráticas, obtidas nos últimos anos na América Latina. Referimo-nos ao vai acontecer na Venezuela nas eleições presidenciais no outubro próximo. O que está em jogo neste processo eleitoral determinará o futuro democrático ou revolucionário de nosso país.

De fato, disto que vai acontecer na Venezuela dependerá, em larga medida, o avanço ou interrupção do processo de transformação e de livre autodeterminação face ao imperialismo.

O que queremos é alertar os partidos democráticos e de esquerda, bem como a opinião pública europeia, a propósito das tergiversações e mentiras construídas em torno do presidente Chávez e da mudança experimentada pela Venezuela nos últimos anos. A grande imprensa latino-americana, alinhada com os EUA, está tentando nos “vender” a ideia de que a Venezuela é uma ditadura cujas vítimas são a democracia e a liberdade de expressão e que a vitória do Partido Socialista Unido da Venezuela e de Chávez  será  resultado de uma fraude eleitoral. Esta é uma manipulação grosseira para tentar reproduzir na América Latina um cenário à la líbia … Petróleo é necessário, não é?

Como nós podemos, da Europa, ajudar a combater esta manipulação midiática?

É vital que as pessoas saibam a que ponto conseguiu-se melhorar a situação geral do povo venezuelano nestes últimos anos. Sendo assim, que os democratas e militantes de esquerda na Europa vão à Venezuela, na ocasião das eleições do 17 de outubro, para participar das brigadas de observadores internacionais, para constatar e salvaguardar a democracia e a transparência deste processo.