PCB Goiás homenageia camarada Horieste

Grande Festa do PCB em Goiás em homenagem ao camarada Horieste por seus 90 anos

Comitê Regional do PCB de Goiás

No dia 16 de dezembro de 2023, na sede do Partido Comunista Brasileiro, em Goiânia-Goiás, reuniram-se cerca de 150 pessoas em um ato político-cultural que celebrou as lutas da classe trabalhadora, os 101 anos do PCB e os 90 anos do militante Horieste Gomes.

A tarde de sábado contou com apresentações artísticas de amigos do Partido, com destaque para “Hamilton do Pandeiro e banda” e o camarada Yuri, “DJ Taveira”. Mais de 100 feijoadas foram servidas, em versões com carne e veganas, a um preço acessível para um público que pôde também conferir a venda de Camisetas, Livros, Bottons e ainda a exposição de cartazes com a história do PCB em Goiás.

Destaque para a presença marcante de trabalhadores da educação de várias cidades, da UFG, UEG, IFG e da rede de educação básica. Membros da Associação dos Geógrafos de Goiás-AGB, da Associação dos Anistiados em Goiás-ANIGO, militantes que atuaram no PCB em distintas décadas, do movimento estudantil e dos movimentos sindical e popular, se fizeram presentes em grande número.

Como espaço de trocas e acúmulos das lutas recentes, o espaço recebeu educadores que fizeram parte do Preparatório Popular Gratuito para Concurso Público que funcionou na sede do Partido em 2022, manifestantes que estiveram na greve da educação em Senador Canedo e na dos Administrativos de Goiânia em 2023, bem como lutadores sociais das batalhas por Concurso Público em 2022 e das mobilizações no campo da Saúde
e de Combate às Endemias em Goiânia.

Esse momento é uma pausa nas lutas para retornarmos com tudo em 2024. Um encontro entre os militantes do passado e do presente que reforça que fomos, somos e seremos comunistas!

Horieste Gomes – 90 anos de um revolucionário comunista

O Camarada e Professor Horieste Gomes completa 90 anos neste mês de dezembro de 2023, e o PCB, Partido que o camarada tanto se empenhou em construir, organizou uma grande festa em homenagem aos anos bem vividos desse grande comunista, geógrafo, historiador, intelectual orgânico da nossa classe, campineiro e atleticano.

Nascido em Iguarapava, interior do Estado de São Paulo, em dezembro de 1933, mudou-se para Goiânia em 1939 com toda a sua família, onde viveu sua infância e juventude no Bairro de Campinas – a Campininha das Flores.

O professor Horieste é um dos pioneiros na criação das duas mais antigas universidades de Goiás: a Universidade Católica de Goiás – hoje PUC Goiás – e a Universidade Federal de Goiás (UFG). Na Católica, ajudou a modernizar o curso de Geografia; na Federal, foi um dos idealizadores do Centro de Estudos Brasileiros (CEB), embrião do curso de Geografia, além de participar da estruturação do Departamento de Geografia do Instituto de Química e Geociências (IQG) – que deu origem ao Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) – e do então Instituto de Ciência Humanas e Letras (ICHL).

Foi sempre defensor de uma sociedade mais justa e humana. Forjado no ambiente do trabalho (primeiro como marceneiro e, depois, como operador de máquina de arroz), questionava-se sempre sobre quais eram os motivos do flagelo de boa parte da população.

Foi um militante político atuante. Sua formação humana pautada no trabalho, na escola e tendo como pano de fundo os acontecimentos daquele período o inclinaram para o socialismo e para o PCB. O contato com os indivíduos dessa agremiação se deu pela família. Os pais de Horieste sempre davam abrigo aos militantes do partido, mesmo sem nenhum de seus familiares serem filiados

Segundo Horieste:

“Minha caminhada para o socialismo vem de berço, pois desde tenra idade comecei a aprender com o comportamento ético e moral dos meus pais, a me pautar pelo respeito à pessoa humana. No decorrer da minha formação genética, ética e cultural; na labuta e disciplina no trabalho e no estudo; nos procedimentos de vivência social e, por presenciar, sentir e experimentar na própria carne as arbitrariedades e violências dos prepotentes foi crescendo na essência do meu ser o humanismo para com os meus semelhantes…

….Desde jovem eu já estava dentro de militância política, sempre fui ligado ao PCB, sou ligado ainda. Desde a década de 1950 eu era simpatizante, vou me ligar exatamente com o golpe de 1964. Deu o golpe e imediatamente me filiei. Mas antes na década de 1950, no último quinquênio, trabalhei com o PCB a título de colaboração, a título de simpatizante, eu já tinha uma formação… já tinha uma participação muito boa nos movimentos de rua, dentro da juventude… na época nós tivemos, em 1950 e 1960, os movimentos nacionalistas e reivindicatórios, que eram as lutas contra a esterilização das mulheres na Amazônia, no Nordeste, o Petróleo é nosso, à favor da paz contra a guerra da Coréia, depois do Vietnã, à favor dos acordos da Paz de estocolmo.”

Já nos quadros do Partido, Thiago é um dos codinomes do camarada Horieste.

Horieste é preso no começo da década de 1970, justamente na época do famigerado Ato Institucional número 5 (AI-5). Em seu livro Cela 14, relata que os militares o esperaram logo de manhã quando saía de casa. Sem pestanejar, os agentes o colocaram em uma viatura e o levaram para o batalhão do Exército em Goiânia.

Levado a Brasília, sofre as maiores atrocidades que se possa imaginar. Desde torturas físicas, como choques elétricos e espancamento, até psicológicas com ameaças de todas as formas, incluindo gravações dos parentes próximos – feitas pelos agentes – pedindo que ele confessasse o que sabia. Mesmo assim, omite tudo o que pode nos interrogatórios que sucederam, para preservar os companheiros. Em Brasília, é condenado e volta a Goiânia para cumprir a pena no Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás (Cepaigo).

Após cumprir sua pena, que tinha como acusação a subversão, vai com muita dificuldade para o exílio. A sua primeira estada é na França onde fica em um abrigo com alguns outros exilados políticos.Entretanto, não poderia ficar por muito tempo sem trabalho, além de conhecer a expressa vontade da família – mulher e filhos – de se juntar a ele. Resolve então ir para a Suécia.

Quando regressa ao Brasil, pela lei da Anistia, consegue de volta os empregos que lhe foram retirados pela Ditadura– professor da UFG e da UCG. Prontamente recomeça a vida no Brasil, tanto acadêmica quanto política. Insere-se na Universidade, auxilia na criação da Associação dos Geógrafos Brasileiros – seção Goiânia, cria o Boletim Goiano de Geografia e tenta reconstruir o PCB.

O camarada Horieste realizou, durante toda a sua vida, uma trajetória inconfundível. Lutou incansavelmente por justiça social, pela revolução socialista, pelo fim do capitalismo, e pagou com o próprio corpo, com as torturas recebidas durante a ditadura militar. Levou suas concepções humanas e revolucionárias para os mais variados campos: militância política, carreira acadêmica e vida pessoal. Na academia, foi sem dúvida um gladiador, pois batalhou para que a universidade fosse uma formadora de cidadãos conscientes e críticos e não apenas de bons profissionais.

Horieste Gomes ainda se encontra no auge da produção, sempre associando os princípios da geografia crítica e do território, da história social e econômica, aos princípios do marxismo. O camarada mantém-se como militante do PCB, tendo contribuído para a consolidação da Biblioteca Popular da sede do partido, com obras dedicadas à história das lutas sociais em Goiás e no Brasil e de literatura marxista-leninista. Sempre recebe os camaradas em sua casa e faz questão de compartilhar suas reflexões, experiências, e esperança permanente, na urgente revolução socialista no Brasil.

Referências: O texto foi feito utilizando como referência informações dos seguintes trabalhos e textos: Entrevista que foi concedida por Horieste Gomes à jornalista Carolina Melo no dia 19/02/2019 e publicada no Jornal UFG do dia 27/03/2019; artigo de opinião do Prof. Altair Sales Barbosa: “Horieste Gomes, o humilde pensador” , publicado no Jornal Opção de 30/08/2023 e o Editorial do pesquisador e geógrafo Weder David de Freitas publicado no Boletim Goiano de Geografia vol. 34, n.1, jan-abril de 2014.