A política de destruição da floresta no Acre

NOTA POLÍTICA DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO NO ACRE – PCB/AC

Acreanos e acreanas,

A política de destruição da floresta renasceu de vez no estado do Acre. Fumaça, poluição, desmatamento, calor, falta de água, doenças pulmonares, doenças nos olhos, dor de cabeça são apenas consequências da atual política acreana de incentivo ao agronegócio, de incentivo à destruição da floresta para plantar soja, criar gado e encher os bolsos dos políticos fazendeiros de dinheiro.

Essa política de destruição do meio ambiente foi inaugurada por aqui pelo ex-governador Francisco Vanderlei Dantas em 1970, que vendeu boa parte das terras do estado para fazendeiros do Sul, que ganharam créditos bancários para expulsar indígenas e seringueiros de suas terras, transformando tudo em campo para gado. Os fazendeiros ficaram ricos vendendo madeira e gado; os indígenas perderam suas terras e os seringueiros hoje vivem nas periferias de Rio Branco às custas de um bolsa família.

O pesadelo se repete agora com o apoio do governador, do prefeito Bocalon, da maioria dos deputados federais, dos senadores, dos deputados estaduais, das igrejas e da silenciada direção da universidade federal.

O lema é: ódio às árvores, ódio à diversidade, ódio à biodiversidade. A fumaça tomou conta, a falta d’água também, o calor é absurdo e a única medida concreta contra o desmatamento e as queimadas foi a promulgação de três leis estaduais: (Lei nº 4.397 de 19/08/2024 que altera a Lei nº 1.117 de 26/01/1994; Lei nº 4.396 de 19 de agosto de 2024, que altera a Lei nº 1.787 de 03/07/2006; Lei nº 4.395 de 19/08/1994, que altera a Lei nº 1.904 de 05/06/2007.

Disfarçadas de leis de “modernização ambiental”, o que elas fazem mesmo é facilitar o licenciamento para a destruição de todas nossas florestas, inclusive de reservas legais.

Na verdade, o que temos é um governo ambientalmente inerte, que não cuida dos resíduos sólidos, que deixa jogar dejetos humanos nos rios, que não proíbe o uso exacerbado de venenos na agricultura, que não respeita a alimentação da floresta, a cultura regional, que não consegue colocar água limpa na casa das pessoas, que não enxerga a floresta como remédio, que silencia para as queimadas pela manhã e à noite faz festa junto com o agronegócio, fazendo de conta que não é com ele.

Por outro lado, todo cidadão brasileiro sabe que são os servidores públicos ambientais os principais responsáveis pelo combate ao desmatamento ilegal, proteção da biodiversidade e defesa das nossas unidades de conservação e terras indígenas. Trabalho que não conseguem realizar por causa dos 4 anos de sucateamento e perseguição do governo Bolsonaro e pela ineficaz atuação do governo Lula, que fala em fortalecer as instituições ambientais, mas na prática, a realidade tem sido bem diferente.

E os acreanos calados, esperando ação de quem não se mexe, têm noção da barbaridade que está acontecendo. Sim, eles sabem, mas vivem o verdadeiro “mal-estar da civilização”, gostam de queimar, mas não gostam de fumaça; são a favor das derrubadas da floresta, mas odeiam calor e reclamam da falta d’água; votam em fascista, mas morrem de medo de violência. Não conseguem identificar o óbvio, que um é filho do outro.

Nós comunistas do Acre não nos enganamos, sabemos do valor dos nossos rios, das nossas terras, das nossas florestas e da nossa biodiversidade. Sabemos que não é o pequeno produtor o responsável por essas queimadas; sabemos que a maior riqueza do Acre está na nossa biodiversidade e não na monocultura; sabemos a quem interessa destruir a floresta, quem ganha dinheiro vendendo madeira e quem ganha com os campos de gado. A luta e a história nos ensinaram.

Há 50 anos nos contam a mesma mentira, que é preciso destruir para desenvolver, que é preciso dividir para crescer, que é preciso privatizar para funcionar, que não sabemos pesquisar, que tudo precisa vir de fora. E o que vemos é sempre a mesma coisa, a maioria do povo na miséria e os mesmos políticos, os mesmos fazendeiros, os mesmos governantes no poder.

Todo poder ao povo da nossa terra!
Por um Acre Socialista!

Partido Comunista Brasileiro, setembro de 2024