Homenagem do PCB a Sebastião Salgado
O Brasil e o mundo perdem um dos maiores fotógrafos da história!
O Brasil e o mundo perdem um dos mais extraordinários fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado, aos 81 anos de idade.
Ele nasceu em Aimorés-MG em 8 de fevereiro de 1944 e faleceu neste 23 de maio em Paris.
Ele tinha formação acadêmica em economia, com mestrado na USP e doutorado em Paris. Saiu do Brasil junto com sua esposa, Lélia Warnick, nos anos sessenta por conta de problemas políticos, pois tinham participação no movimento estudantil na época. Foi um autoexílio, juntando com o interesse de fazer o doutorado em economia e, ao mesmo tempo, Lélia também tinha interesse em ampliar seus estudos em Arquitetura. Foi dela a iniciativa de comprar uma câmera fotográfica Leica para realizar trabalhos voltados às suas atividades de arquitetura. Sebastião logo começou a fotografar para apoiar Lélia em suas atividades e daí nasceu uma relação que fez dele um dos maiores fotógrafos da história da fotografia, a qual tem suas origens no século XIX, na França.
Sua fotografia tinha forte conteúdo social e ambiental. Nos seus primeiros trabalhos havia uma preocupação com o mundo do trabalho e com as populações excluídas. Mas foi fazendo fotojornalismo que ele se apresentou ao mundo, fazendo a cobertura da visita do ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, pela Agência Magnus, em março de 1981. Ele fotografou o atentado que ocorreu, e suas fotos foram vendidas por todo o mundo. Em um minuto ele fez 76 fotos. Fotografou sem parar naquele instante.
Mas ele se destacou como documentarista, viajando pelo mundo, produzindo o livro sobre “As Américas” em 1986, “Homem em Pânico” (1986), “Trabalhadores” (1993), “Serra Pelada” (1999), “Êxodos” (2000), entre outros. Em 1998 ele e Lélia decidiram fundar o Instituto Terra e iniciou-se ali uma grande ação voltada para a recuperação ambiental de áreas degradadas, começando pela propriedade de sua família, no Vale do Rio Doce, que tinha sido degradada em cerca de 95%. Plantou mais de 2 milhões de árvores nativas da região e recuperou mais de 3 mil nascentes.
Foi nesse período que ele começou a desenvolver suas atividades voltadas para que a humanidade visse com outro olhar a natureza e as comunidades isoladas e territórios ditos mais selvagens, através do projeto “Gênesis” (2013), que editou diversos livros e organizou exposições pelo mundo.
Ele se destacou e assumiu, como um militante da imagem em forma de poesia, as lutas, as dores, as belezas e a resistência da vida.
Nos anos 90 aqui no Brasil ele produziu uma série de imagens do Movimento dos Sem Terra e, junto com Chico Buarque, que escreveu o texto, lançou o livro cuja arrecadação financeira foi doada para o MST, num momento em que o movimento estava sendo perseguido pelas classes dominantes, pelo governo da época e pela grande mídia.
Sebastião Salgado deixa um legado de arte que encantou e continua encantando as gerações de hoje e amanhã no mundo. Ao mesmo tempo, ele deixa um depoimento que resume o papel que sua obra tem para o mundo: “Eu fotografo o que há de mais humano em nós: a luta, o sofrimento, mas também a resiliência e a esperança”.
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)