Bancários e Metalúrgicos em greve



Sem chegar a um acordo de reajuste salarial com o patronato, os trabalhadores bancários deflagraram, a partir dessa terça-feira, uma greve nacional. Os metalúrgicos do ABC paulista também cruzam os braços: dois terços da categoria  (cerca de 46.000 trabalhadores, em sua maior parte, nas cidades de São Bernardo do Campo, Diadema e Ribeirão Pires) devem parar por tempo indeterminado, a partir de hoje.

No caso dos bancários, a reivindicação é de aumento salarial de 10,25% (aumento real de 5%), mas os bancos ofereceram apenas 6%, o que corresponde a um aumento real de 0,58%. A categoria exige maior participação nos lucros, piso salarial do Dieese (R$ 2.416,38) e vales alimentação e refeição de R$ 622, entre outras demandas.

Os metalúrgicos querem aumento de 8% mais a reposição da inflação dos últimos 12 meses. Já conseguiram o reajuste pretendido 23 mil trabalhadores de 64 empresas, que não vão entrar em greve. Outros 35 mil trabalhadores filiados aos sindicatos da região não estão em campanha salarial pois, em 2011, fecharam acordo com validade de dois anos.

O setor bancário e financeiro em geral foi um dos maiores beneficiados pelas políticas neoliberais em vigor desde o governo Collor. Até o ex-presidente Lula reconheceu que “os bancos ganharam muito dinheiro”, mesmo em tempos de crise. Ao mesmo tempo, a categoria bancária vem sendo submetida a taxas de exploração cada vez mais elevadas, com baixos salários, trabalhadores terceirizados e outros expedientes usados pelos para precarizar as relações de trabalho. As tecnologias de movimentação eletrônica de dinheiro e outros serviços aumentam muito o poder das empresas sobre os trabalhadores. No caso dos metalúrgicos, precarizaram-se igualmente as relações de trabalho, e as empresas vêm recebendo apoio financeiro do governo como a redução de IPI dos veículos e outras benesses, “para combater a crise”.

Mas as greves atingem as empresas, paralisando operações financeiras não realizáveis eletronicamente, no caso dos bancos, a produção e mesmo a venda de veículos já prontos. Causam prejuízo ao capital, e fazem com que aumente a consciência dos trabalhadores quanto à sua condição de explorados, que persistirá enquanto houver capitalismo. A estatização do setor bancário já começa a se colocar como uma necessidade urgente. No horizonte, o controle da produção em geral pelos trabalhadores.