Doses cavalares de um remédio que não cura



São aumentos nos prazos de concessão e mais facilidades no financiamento (público!) dos (prometidos..) investimentos que, de acordo com matéria da Folha de S.Paulo, elevaria enormemente a taxa de retorno do capital privado, que em negócios desse tipo estaria hoje em torno de 6%.

De início, o ministro da fazenda Guido Mantega falou em aumentar para 10%, ou seja, quase dobrar a lucratividade do capitalista (tido por “decente” pelo jornal), e já admite querer aumentar esses lucros pra 15%! Trata-se de mais e mais dinheiro público (o seu trabalho revertido em impostos) indo de mão beijada para a burguesia.

Qual a razão desse descalabro? A lógica do capital e do lucro privado, à qual inclusive o PT se associa através do controle dos fundos de pensão (Previ, Petros, Funcef, etc). Dessa forma persiste um raciocínio direto: por que os capitalistas iriam querer entrar no negócio da privatização se este possui quase a mesma taxa de retorno (cerca de 6%, conforme cálculos “do mercado”) da aplicação na caderneta de poupança?

Dessa forma, a privatização precisa se tornar “mais lucrativa”…

A lógica da privatização e do governar para o capital precisa ser rompida de vez. Ao invés de “crescer o bolo” do capital privado, precisamos crescer outros “bolos” que proporcionem relações sociais mais livres, democráticas e igualitárias.

Para isso, precisamos primeiro de mais Estado (e não menos), com maior participação do povo através de conselhos populares como garantia contra a corrupção, o compadrio e a ineficiência.

Acima de tudo, precisamos de menos trabalho explorado e subordinado ao patrão capitalista e mais trabalho associado e emancipado da empresa socializada. Em outras palavras, estatização do grande capital para que este esteja a serviço da sociedade, e não o contrário, poder do povo sobre o Estado, poder do trabalhador sobre sua empresa.