O estardalhaço midiático e os direitos das domésticas



Resquício da uma sociedade forjada entre a “Casa Grande” e a “Senzala”, a relação de trabalho dos empregados domésticos no Brasil tem sido pauta constante nos últimos dias – seja na TV, no radio ou nos veículos impressos, como acontecimento de inesgotável interesse jornalístico com amplitude para a quase totalidade da população.

Quem dera se os direitos dos trabalhadores merecessem tal constância na mídia burguesa… O que a cobertura revela é a total dissociação entre o dia-a-dia de editores e chefes de reportagem dos grandes veículos e a maioria acachapante da população.

A cobertura, majoritariamente, é feita para os patrões – não se enfocou qualquer matéria a partir do ponto de vista e dos interesses dos trabalhadores; e a constante veiculação do assunto faz qualquer leigo crer que o tema importa à totalidade dos lares brasileiros, numa visão de mundo elitista – a mesma que, na publicidade dos jornais, apresenta propagandas de cadeiras na casa dos milhares de reais.

Por fim, e o mais importante, fazem crer que os direitos levarão ao prejuízo dos trabalhadores e redução do número de vagas. Reafirma-se assim a velha lógica escravocata, muito bem consumida pelo que por décadas se convencionou chamar de “classe média”, público central das matérias.