Paraguai exige a devolução de “troféu” de guerra
Encerrada em 1870, a guerra, de seis anos, entre o Paraguai e a chamada Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai, com apoio direto da Inglaterra, matou 300.000 paraguaios e 50 mil brasileiros e deixou marcas ainda presentes no Paraguai, como a relativa desproporção entre homens e mulheres e a condição de pobreza em que vive grande parte de sua população.
A devolução do canhão será um gesto simbólico importante. Mas o Brasil deve também, aos paraguaios, o reconhecimento de que aquela foi uma guerra fraticida, gerada pela disputa entre os interesses econômicos e políticos das oligarquias brasileira, argentina, uruguaia e paraguaia (e, também, do imperialismo inglês). Deve reconhecer também o caráter claramente genocida das ações do exército brasileiro, notadamente no último período do conflito, quando os rumos da guerra já estavam decididos. Mais ainda, como maior economia da região, o Brasil tem o dever de contribuir mais efetivamente, com investimentos e cooperação, para o pleno desenvolvimento econômico e social do Paraguai e para o fim das seqüelas deixadas pela guerra.