A verdade continua dura

A mentira desavergonhada, vejam só, teve seu maior desmentido vindo do indefectível Clube Militar, que lançou nota pública nos seguintes termos:

 

“Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo acaba de denunciar seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como justificativa para renegar sua posição de décadas, que se tratou de um “equívoco redacional”…

Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época; não foi, também, como fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas seguintes.

 

Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.”

 

Mente também o Clube Militar, ao qualificar de “revolução” um golpe de estado. Mas, no resto, está correto em suas afirmações. Sua irritação à aparente perda de um aliado, no entanto, morre aí: nas aparências. A verdade, que continua dura, é que O Globo e demais veículos da grande imprensa que tiveram ligação umbilical com o regime ditatorial nada fazem – nem farão – para que “as viúvas” da ditadura, encasteladas no Clube Militar, paguem por seus crimes na cadeia, através da revisão da Lei da Anistia.

Sim, além de muitos outros motivos, apenas esse basta para afirmar: a Globo continua apoiando a ditadura!