Mesmo com boicote dos pelegos, paralisação nacional desmascara privatização dos Correios

Entre os dias 18 e 19 de março, os trabalhadores dos Correios de 10 bases sindicais realizaram uma greve nacional de advertência contra a ameaça de privatização da ECT. Além de servir como um sinal de alerta para a direção da empresa, com essa paralisação denunciamos o avanço da privatização dos Correios para a população que utiliza os serviços postais. Através da entrega de panfletos e da inserção na imprensa, provamos que a privatização imposta com a criação de uma subsidiária chamada CorreiosPAR é semelhante a que ocorreu em outros países, como Portugal, Alemanha e Japão. Em todos os cantos do mundo, a privatização precarizou ainda mais as condições de trabalho, com demissões em massa, intensificação do ritmo de trabalho e achatamento de salários.

A greve contra a privatização dos Correios fazia parte do calendário aprovado na 38ª Plenária Nacional contra a Privatização, realizada nos dias 20 e 21 de janeiro deste ano. Apesar do calendário ter sido aprovado por unanimidade, as direções sindicais governistas que ainda estão na Fentect, ligadas à Articulação Sindical (PT), boicotaram de forma deliberada o indicativo de greve e sequer realizaram assembleias no dia 17 de março para avaliar a deflagração da greve. Junto com os pelegos dos sindicatos da federação chapa branca, a Findect agiram como agentes da empresa e do governo dentro do movimento sindical, enfraquecendo nossa greve e abrindo caminho para que a privatização avance dentro dos Correios.

Além dos pelegos, nossa greve enfrentou novamente a intervenção arbitrária da justiça do trabalho. Ainda no dia 17 de março, antes mesmo do início da paralisação, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) emitiu liminar determinando que os trabalhadores mantivessem 80% das atividades essenciais em funcionamento. Essa decisão favoreceu diretamente a empresa e o governo federal, mostrando mais uma vez que a justiça fica sempre ao lado dos patrões e contra os trabalhadores. Ao exigir que 80% dos trabalhadores continuasse em atividade em cada unidade, o TST buscou impedir o direito de greve sob ameaça de multa diária de R$ 100 mil.

Para combater a greve, a direção da ECT tentou desligitimar nosso movimento com mentiras na imprensa. Enviou nota a vários jornais na qual dizia que a greve era “injustificada” e que os problemas enfrentados diariamente pelos trabalhadores em suas unidades simplesmente não existem. Na versão fantasiosa descrita pela ECT, não há sobrecarga de trabalho, dobras continuadas ou falta de funcionários. As agências são seguras e dizem que não há planos de privatização da empresa.

Apesar das mentiras da Empresa, do boicote dos pelegos e da intervenção arbritária da Justiça do Trabalho, nossa greve conseguiu dar visibilidade à luta contra o CorreiosPAR e desmascarou as mentiras da ECT sobre a privatização em curso. Também denunciamos o golpe do aumento da Contribuição Extraordinária sobre o Benefício Proporcional Saldado (BPS), de 3,94% para 25,98%. Não vamos aceitar que o déficit gerado pela péssima administração e pelos maus investimentos da Empresa sejam empurrados para que os trabalhadores paguem a conta.

A luta contra a privatização, em defesa de nossos empregos e pela manutenção de direitos continua! Esse é o momento de ampliar ainda mais nossa mobilização, inclusive nas bases dos sindicatos que descumpriram o calendário da Campanha Nacional, para que possamos frear os ataques impostos pela ECT e avançar rumo a novas conquistas. A construção do Congresso Nacional da Fentect, que acontecerá entre os dias 16 e 20 de junho, será decisivo para planejar nossas estrategias de luta contra o CorreiosPAR e o Postal Saúde.

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