Comunistas comemoram o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Um dia para comemorar, refletir, ocupar ruas e praças. Assim foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com uma bonita ocupação cultural realizada, no dia 25 de julho,na Praça da Harmonia, na Gamboa.
O evento, realizado pelo Comitê de Cultura pelo Poder Popular, a União da Juventude Comunista e os Coletivos Minervino de Oliveira e Ana Montenegro, contou com diversas atividades como leituras de poesias, palestras, DJs, oficina de jongo e uma boa roda de samba.
O objetivo da celebração é resgatar a história e tirar da invisibilidade todas as mulheres afrodescendentes que sofrem com o racismo e o machismo. E não poderia haver lugar com mais simbolismo que o bairro da Gamboa. Sobre suas ruas, pedras e calçadas funcionou um dos maiores e mais brutais comércios de escravos da América Latina, no famoso mercado do Valongo. Estima-se que cerca de 300 mil africanos tenham sido vendidos como escravos nessa região do Rio de Janeiro, entre os anos de 1774 e 1830.
“É importante resgatar essa memória histórica, pois, após o fim da escravidão, esse bairro, onde estamos celebrando, teve grande importância na formação da classe operária afrodescendente”, destaca o professor de História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Muniz Ferreira, que realizou uma palestra sobre “A história da Rota dos Negros no Rio de Janeiro”.
“Escolhemos a Praça da Harmonia justamente por seu simbolismo. Essa região já foi conhecida como a ‘pequena África’”, afirma o militante do Coletivo Minervino de Oliveira, Daniel Reis.
A ocupação cultural é uma maneirade assumir esses espaços como lugar de pertencimento do público em geral. Uma maneira de compartilhar vivências, arte e cultura popular. A baiana Sônia Menezes, que vende acarajé nas ruas do Rio de Janeiro, sabe da importância de ocupar e levar cultura e significado aos lugares públicos. “Esses espaços nos pertencem. Vivemos numa sociedade onde o machismo predador e o racismo oprime a mulher negra. Então, compartilhar nossas vivências e os saberes populares é a melhor maneira de superar anos de opressão”, ressalta Sônia, que fez uma palestra sobre “A missão da Baiana”.
Além de levar cultura e reflexão, os coletivos e movimentos que organizaram esse evento têm o compromisso decontribuir para construção de uma sociedade livre da exploração e de todas as opressões. E para isso é fundamental fortalecer a luta antiracista, antimachista e socialista, na organização da juventude, pela integração latino-americana e na luta por uma cultura popular.