Construir uma nova Greve Geral e avançar na reorganização da classe trabalhadora
COORDENAÇÃO NACIONAL DA UNIDADE CLASSISTA
No dia 29 de maio, as centrais sindicais reuniram-se em São Paulo para definir uma nova agenda de mobilizações após a vitoriosa marcha Ocupe Brasília realizada no dia 24 de maio. O encaminhamento desta reunião é que a próxima Greve Geral ocorrerá entre os dias 26 e 30 de junho, cuja data será definida em nova reunião das centrais, no dia 5 de junho.
O ano de 2017 tem sido atravessado por um calendário de lutas que se intensifica cada vez mais. A realização da Greve Geral em 28 de abril teve uma importância bastante expressiva tanto no sentido da mobilização da classe, que chegou a 40 milhões de trabalhadores paralisados, como na perda de R$5 bilhões de lucros para a burguesia neste dia. Na jornada de lutas para barrar as contrarreformas e pelo Fora Temer, a marcha Ocupe Brasília foi grandiosa, com a participação de mais de 150 mil pessoas na Esplanada. Para além do quantitativo de pessoas, o destaque maior das lutas deste ano é o seu caráter classista, nas pautas que criam condições para a unidade de ação e também a capacidade que estas mobilizações têm de desestabilizar o regime burguês em meio à crise política que o país tem enfrentado.
Ao mesmo tempo em que estes elementos configuram um importante avanço político da classe, é preciso reconhecer que estamos ainda caminhando em uma “mata espinhenta” de articulação e unidade, pois a pauta defensiva que cria condições para a unidade na resistência – barrar as contrarreformas da previdência e trabalhista, terceirização e Fora Temer – se fragiliza quando apontamos perspectivas para uma pauta ofensiva da classe. A reflexão necessária para a conjuntura posta é projetar os desdobramentos da possível queda do governo Temer, pois há um clamor entre expressivos setores da sociedade e, especialmente, entre setores da esquerda, pelas “eleições diretas já”, como saída para a crise. Porém, cabe aqui compreendermos que os recentes processos institucionais reafirmaram o caráter de classe do Estado burguês, em que predomina o estelionato eleitoral capitaneado por grandes corporações empresariais, as quais, através dos investimentos nas campanhas eleitorais, definem quem será o gestor dos interesses da burguesia no Estado brasileiro. Portanto, ao mesmo tempo em que devemos empreender os esforços necessários a fim de preservar a unidade de ação, não devemos alimentar ilusões com a democracia burguesa.
A crise posta no país explicitou amplamente que o sistema político brasileiro é um verdadeiro balcão de negócios da burguesia, seja no programa neoliberal clássico ou mesmo na perpectiva social-liberal operada pelos governos do PT. Significa dizer que a mudança de presidente da república, tanto através de eleição indireta como em eleições diretas nas mesmas regras existentes, dará continuidade às perspectivas que beneficiam a burguesia em detrimento dos interesses da classe trabalhadora.
A grande massa da classe trabalhadora e da juventude tem demonstrado sua aversão à institucionalidade burguesa e canalizando essa indignação em ações cada dia mais contundentes nas ruas e nas lutas. Em meio à abertura deste novo ciclo de lutas sociais, ainda que de caráter embrionário neste momento, é fundamental intensificar os processos de reorganização da classe. Três aspectos que a conjuntura tem demonstrado ajudam a compreender esta perspectiva: a) a constituição de comitês/frentes/fóruns populares contra as reformas e pela construção da Greve Geral tem dado importantes passos para a organização das ações do conjunto da classe; b) as bases das entidades pressionando as burocracias sindicais para construir as lutas de massa; c) o avanço do campo da esquerda revolucionária em ocupações e eleições sindicais e estudantis, como as eleições do Sindipetro/RJ e da Apeoesp/SP, conquistando espaços e derrotando as burocracias conciliatórias.
Nesse momento de ascenso das lutas sociais, é necessário centrarmos a nossa luta para mudar a correlação de forças e avançarmos da agenda de resistência para uma ofensiva da classe sobre o regime político e a burguesia. A construção do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora é fundamental para estabelecer um programa que unifique os setores classistas, dispostos a derrotar os grupos reacionários e superar a conciliação de classe. É preciso estabelecer uma forma organizativa que dê encaminhamento às lutas sociais com caráter nacional e que estabeleça as agendas de ações para elevar o patamar de enfrentamento e de consciência de classe.
Para este momento, é fundamental a construção de nova Greve Geral, ainda que para o final do mês de junho, que envolva as categorias organizadas em seus sindicatos, a juventude e os movimentos populares. Para tal construção, é tarefa da militância organizar assembleias e plenárias para deliberação favorável à Greve Geral e definição de processos de construção desta agenda. Ao mesmo tempo, também torna-se imprescindível intensificar a disputa de consciência dos setores da classe trabalhadora, especialmente nas periferias e bairros pobres, canalizando a indignação para o enfrentamento às políticas da burguesia operadas pelo Executivo, Judiciário e Legislativo, assim como para derrotar o Governo Temer, incluindo aí a sua derrubada.
Greve Geral contra Temer e as Reformas!
Construção dos Comitês Populares contra as Reformas!
Estatização sob controle dos trabalhadores das empresas corruptoras!
Unir as lutas para emancipar a classe!
Construir uma nova Greve Geral e avançar na reorganização da classe trabalhadora