OLHAR COMUNISTA – 13/06/2017

imagem​Queda da inflação seria uma boa notícia, não fossem as causas do processo

A inflação brasileira está em franca queda. A taxa do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), referente aos últimos 12 meses, está em 3,6%, a menor em dez anos. Há uma previsão de que, em junho, a inflação será negativa.

A baixa da inflação poderia ser uma boa notícia, uma vez que poderia sinalizar uma estabilidade da economia, uma perda menor para os salários e melhores condições para a retomada dos investimentos. No entanto, a queda registrada tem uma causa bem determinada: a recessão, que vem gerando um altíssimo nível de desemprego – estimado em mais de 20% da força de trabalho -, que reduz a renda das famílias e, por conseguinte, o consumo, forçando, assim, os preços para baixo.

Na visão dos economistas liberais, a recessão é um bom “remédio” para o combate à inflação, vista como um dos males essenciais da economia, pois indica instabilidade e, assim, desincentiva o investimento privado. Na mesma linha, justificam-se, assim, os cortes de gastos públicos, mesmo daqueles voltados para as áreas sociais.

No entanto, esta não é a única “saída” para a recessão, que, mesmo de acordo com vertentes de pensamento econômico que se enquadram no capitalismo, pode ser combatida com investimentos públicos geradores de mais produção, mais emprego e renda, numa perspectiva que interessa mais aos trabalhadores, desde que não estejam em oferta apenas empregos descartáveis, como se pretende agora, com a aprovação das contrarreformas de Temer. Para os socialistas e comunistas, o desemprego é, em si inaceitável. Nossa luta, mesmo nos marcos da sociedade capitalista, será sempre a favor do pleno emprego e pela ampliação dos direitos sociais e trabalhistas.


O genocídio da população negra no Brasil

Segundo os estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que geraram o “Atlas da Violência 2017″, os negros possuem 23,5% mais chances de serem assassinados do que brasileiros de outras raças. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Dados coletados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde apontam que, em 2007, a taxa de homicídios era de 48 mil pessoas e, em 2015, chegou à marca de 59.080 assassinatos, sendo que os jovens e os negros estão entre os principais alvos desta mortandade.

Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas em casos listados como autos de resistência entre 2008 e 2013, ou seja, seis mortes por dia! Quase 100% dos inquéritos sobre os autos de resistência acabam sendo arquivados.

Existe de fato, no Brasil, um projeto genocida de extermínio da população negra. Os jovens negros são vistos como potenciais criminosos e inimigos do Estado, apontados como suspeitos e pessoas perigosas. O crime não provado acaba servindo de justificativa para o assassinato, o que demonstra haver a naturalização do racismo, da desigualdade e da violência.

Documento produzido pelo Coletivo Negro Minervino de Oliveira, que reúne militantes e amigos do PCB na luta contra o racismo e o genocídio da população negra, afirma que “a única alternativa eficaz para o enfrentamento do racismo passa pela identificação e denúncia do sistema de relações sociais no qual se reproduz a opressão da população negra brasileira”. A luta pela conquista da igualdade racial não se faz dissociada das lutas anticapitalistas, mas é preciso avançar no combate ao racismo nosso de cada dia, denunciando sem tréguas a violência e o genocídio cometidos contra a população negra.


Para especialistas, a crise no mercado de carne se deve à concentração no setor produtor

Esta é a manchete da matéria de O Globo de 11 de junho. O texto constata que o mercado produtor de carne é dominado por poucas grandes empresas (padrão de oligopólio), sendo que a diferença de porte e participação na produção entre a JBS e suas duas principais concorrentes – Marfrig e Minerva – é enorme. Ressalte-se, ainda, que, conforme afirma o especialista em concorrência José Delchiare, a JBS é um bom exemplo de grande empresa que cresceu em conluio direto com o Estado.

A concentração dos mercados nas mãos de poucas empresas (oligopólio) ou de uma única empresa (monopólio) é uma tendência universal do capitalismo, que permite o controle estratégico do setor pelas empresas e a sua forte influência na formação dos preços. Em muitos casos, empresas recebem incentivos especiais do Estado, de forma oficial, ou por meio de acordos ilícitos (geralmente envolvendo propinas) para a garantia de contratos privilegiados nos quais auferem mais lucros. As empresas, costumeiramente, fazem acordos entre si (os cartéis, que são ilegais) ou alianças formais para reforçar o controle sobre os preços e impedir a entrada de concorrentes no setor. Por conta da crise envolvendo a JBS, muitas unidades produtoras ligadas a ela podem vir a ser adquiridas por outras empresas, o que não alterará a configuração do mercado.

Há, entre os estudiosos do capitalismo, três receitas para enfrentar os problemas do excesso de poder e do exercício do controle de preços pelas empresas oligopolistas e monopolistas: o incentivo à concorrência, a regulação do setor pelo Estado ou a presença de uma empresa estatal.

A produção de carne em larga escala, mesmo trazendo recursos do exterior por conta das exportações, tem aspectos bastante nocivos para a economia do país, pois leva ao desmatamento em grandes proporções, com vistas à criação de gado, e a um consumo de água em excesso. É sabido, também, que o consumo de carne em grande volume é prejudicial à saúde.

É ilusão acreditar em reforço da competição, pois permanece a tendência à concentração. O caminho é a presença estatal direta na produção, acompanhada de forte regulação sob controle popular, para garantir uma produção minimamente voltada a atender às necessidades da população e não aos interesses do lucro.


Odebrecht atuou no Senado para apoiar a entrada da Venezuela no Mercosul, em 2009

A informação é da coluna de Lauro Alvim, publicada em O Globo de 11 de junho. Segundo a matéria, executivos da empresa entraram em contato direto com senadores de diferentes partidos. Aécio Neves e Sérgio Cabral Filho participaram das conversas. A entrada da Venezuela foi aprovada por 35 votos a favor e 27 contrários.

A notícia confirma que, além da busca pela ampliação do leque de relações internacionais do Brasil e de uma certa identidade do governo Lula com as políticas sociais do governo Chávez, a aproximação brasileira com a Venezuela e o apoio à entrada daquele país no Mercosul teve também e com muita importância o objetivo de atender os interesses da burguesia brasileira, que desejava, então, ampliar os seus negócios com a Venezuela.