O PORTO DE SANTOS AINDA É VERMELHO

cinco meses acampados defronte ao OGMO (Orgão Gestor de Mão de Obra), os trabalhadores avulsos da estiva do porto de Santos, os bagrinhos como são conhecidos, continuam a sua luta pelo registro de 400 trabalhadores da lista de cadastro.

A lei de modernização dos portos do início dos anos 90, disciplinou a forma de contratação dos trabalhadores portuários avulsos, retirando dos sindicatos a prerrogativa da indicação dos trabalhadores que efetuariam o serviço de descarga dos navios atracados. Por ela, as empresas operadoras do porto deveriam criar um órgão gestor de mão de obra, que, anualmente, a partir de uma lista de cadastro fariam o registro dos bagrinhos (que recebem a chamada carteira preta), tendo os registrados a prioridade para a chamada ao trabalho na estiva.

Apesar dos constantes atrasos na carga e descarga das embarcações que se verifica todo ano, há cerca de cinco anos o OGMO não registra os trabalhadores do cadastro. É essa luta pelo registro que mobilizou os bagrinhos com uma capacidade de luta que vem incentivando outros trabalhadores portuários a saírem em luta por suas reivindicações como os do Sindicato de Movimentação de Carga Marítima.

Minimizando as dificuldades próprias de um movimento desse tipo, em que alguns companheiros do acampamento não tem o que levar para casa, a solidariedade de alguns sindicatos da baixada santista, bem como da Unidade Classista e de um sindicato de portuários da Venezuela vem segurando o animo dos bagrinhos.

De início as negociações se deram com a direção do OGMO, que veio arrastando uma conversa de acordo que até agora não saiu. Após três meses desse impasse os bagrinhos conseguiram ampliar a sua forma de luta tendo ocupado a Câmara Municipal de Santos para fazerem o seu protesto e há duas semanas estiveram Brasília lutando por suas reivindicações.

A notícia da última semana de que o descarregamento de açúcar em saca será feito somente em uma faina do porto, preocupa os bagrinhos, pois menos gente será chamada ao trabalho. De acordo com o jovem comunista Lenin Braga, membro da Coordenação de Luta dos Bagrinhos e militante da Unidade Classista, patrões e governo não estão levando a sério a situação dos trabalhadores avulsos e os problemas sociais que ela acarreta. Apesar de tudo, segundo ele, essa limitação na descarga do açúcar em saca deve levar os bagrinhos a ampliar seu arco de ações na luta por trabalho e da solidariedade do conjunto da classe.

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