Temer governa para os empresários

imagemOLHAR COMUNISTA – 27/09/2017

O jornal Folha de São Paulo, de 24 de setembro, mostra um balanço das pautas debatidas e votadas no Congresso e das medidas adotadas pelo executivo ao longo dos 16 meses do governo de Michel Temer. As bancadas que representam os interesses dos ruralistas e dos empresários industriais, segmentos que apoiaram o movimento pelo “impeachment” da presidente Dilma Roussef, fazem um balanço positivo das propostas que apresentaram: das 36 propostas que a Confederação Nacional da Indústria apresentou, 29 avançaram, ao passo que, das 17 propostas prioritárias apresentadas pelos ruralistas, 13 já foram atendidas.

Os dois setores destacam como vitórias a reforma trabalhista aprovada no Congresso, que fragiliza em muito os direitos dos trabalhadores, a regulamentação da terceirização, que vai no mesmo sentido, e o fim da obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração de petróleo na camada pré-sal. Os empresários rurais comemoram também a retirada de direitos de comunidades indígenas sobre terras onde viviam antes de 1988, e a “bancada da bala”, que defende os fabricantes de armamentos, avalia que melhorou muito a sua interlocução com a presidência da república. A redução da maioridade penal é outra frente de luta apoiada pelos fabricantes de armamentos.

imagemO empresariado vem avançando, ainda, na questão ambiental, como no caso da reserva ambiental da Renca, na Amazônia, liberada para a mineração, e no campo, com a permissão da venda de terras a estrangeiros. Por sua vez, a bancada religiosa reacionária vem conseguindo barrar pautas contrárias aos seus interesses e segue lutando pela aprovação do famigerado projeto “Escola sem partido”, que promove o controle ideológico sobre a Educação, e a regulamentação do aborto.

A matéria da Folha mostra, claramente, um quadro de retrocesso político e social, onde o governo golpista de Temer, representante puro sangue da burguesia, paga com juros os apoios recebidos dos setores empresariais no processo do impeachment de Dilma com benesses e favores diversos, ao mesmo tempo em que não hesita em seguir retirando direitos dos trabalhadores para mais ainda favorecer os lucros dos que possuem os meios de produção. O governo Temer não hesita tampouco em reforçar o pensamento mais conservador e retrógrado presente na sociedade, manifestado não apenas na oposição ao direito ao aborto e na intolerância aos direitos dos segmentos LGBT, mas também na tentativa de impedir a reflexão crítica na escola e, ao compor diretamente com as representações fundamentalistas no Congresso, incentiva a intolerância que está por trás das manifestações violentas contra umbandistas e outros segmentos religiosos.

É preciso seguir na luta pela derrubada de Temer, combater diretamente essa forte onda conservadora em todos os terrenos, seja no enfrentamento econômico contra o capital, no combate ideológico ao pensamento e às posturas conservadoras, seja no confronto político, postulando a contraposição programática aos rumos presentes, com propostas claras que possam ser assumidas pela classe trabalhadora como eixos de luta voltados à superação desse quadro e à construção revolucionária do Socialismo.